Ele só pensa naquilo

O presidente Lula como o grande nababo do país, pensa tão somente em desfrutar junto com sua família, legal ou ilegalmente de todas as benesses que o poder lhe propicia. Mas como homem público, seu pensamento está voltado exclusivamente para as eleições. É o que faz ver em seu artigo, Villas-Bôas Corrêa G.S.)

Lento, dissimulado como um sonso, o governo foi escorregando para o ajuste ao compasso do tempo de pré-campanha, afinal não tão distante da disputa de prefeituras e mandatos de vereadores para a arrumação da base para a sucessão presidencial de 2010.
Mas se a cadência de cada fase exige apertos e alívios nos parafusos, o presidente Lula, sem perder as características do seu temperamento, a cada dia, nos atos, nas arengas improvisadas, nas copiosas declarações aos jornalistas passa o recado de que, mesmo sem poder ser candidato ao sonho adiado do terceiro mandato, preservará a sua liderança popular que vem batendo recordes nos índices das pesquisas.

Quando necessário ou conveniente, manda às favas a coerência, que nunca foi o seu forte na atividade política. E distribui pitos e agrados na dosagem dos votos.
Na concorrida cerimônia de posse do deputado petista Edson Santos na Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir, sigla que parece nome de inseto), o presidente repartiu afagos e conselhos ao novo secretário com status de ministro e foi de paternal magnanimidade na defesa da ex-secretária, Matilde Ribeiro, demitida no dia do estouro do escândalo do uso indevido dos cartões de crédito corporativos.
Ora, para abafar o ruído da orgia de gastos com os cartões, bastaria algumas palavras formais. Mas o presidente espichou os elogios à ex-ministra para mandar o recado da sua solidariedade de líder aos companheiros que escorregam no sabão dos privilégios oficiais.

Foto: O filho fenômeno Fábio e o casal Botox Marisa Letícia e Lula