Os moradores de algumas favelas do Rio, vão ouvir besteiras

Por Carlos Chagas

O presidente Lula vai falar de improviso, por três vezes, daqui a pouco, nas favelas do Rio. Anunciará o início das obras do PAC no Complexo do Alemão, em Manguinhos e na Rocinha.
Entre outras iniciativas, o governo federal contribuirá para a abertura de largas avenidas no meio dessas favelas. Tudo o que os narcotraficantes não querem, empenhados que estão em erigir barreiras e em aumentar as dificuldades para a polícia transitar em seus domínios.
O problema é que pelo menos desta vez, se não vem acontecendo em outras, as comunidades faveladas estarão de mãos dadas com os bandidos. Porque cálculos detalhados revelam que para a abertura das avenidas precisarão ser demolidas 6.480 casas, nas três favelas. Existe quem se conforme com um trator passando sobre sua casa, mesmo que seja um barraco?
Por certo o presidente omitirá esse detalhe, em seus três pronunciamentos, antes ou depois do galo cantar. Deverá exaltar os benefícios das novas avenidas. Adiantaria muito pouco dizer que o poder público se encarregará de pagar o aluguel ou financiar a aquisição de outras casas, para os desalojados. Primeiro, porque poucos acreditariam. Depois, porque casa é casa, quaisquer que sejam suas dimensões.