16 de mar. de 2008

Quem sabe é a barata

Por Adriana Vandoni

Na semana uma pendenga entre os herdeiros de ACM provocou até discussão no Senado Federal. De um lado uma filha, Tereza Helena, do outro, seus irmãos e sobrinhos. A invasão pela polícia militar da casa da viúva, Dona Arlete, ao que tudo indica foi apenas a parte alegórica da disputa, e imagino que longe de ser por dinheiro, é por poder.
Relacionamentos familiares são tão complexos, tão cheios de sutilezas, de afetos e perversidades, que ninguém de fora pode julgar, à distancia, quem tem ou não razão em um caso desses.
Achei a ação grotesca, me escandalizou ver uma filha invadir a casa da mãe para contar objetos. Ai está a barbaridade, mas longe de censurar Teresa, seus irmãos ou a mãe. Aliás, este é um ponto que precisamos comentar. Em todos os jornais a idade da viúva aparece como se só isto já bastasse para sentenciá-la como uma coitada. Não conheço e nunca soube nada a respeito da Arlete, mas a idade não é suficiente para imputar inocência ou demência a quem quer que seja. Qual era o relacionamento desta mãe com a filha? Ora, mães são capazes do amor mais incondicional possível, mas são capazes de passionalidades também.
O que ficou claro é que ambos os lados estão usando as armas que possuem. Se a Teresa usou a estrutura da empresa do marido, a OAS, e suas ligações com aloprados petistas, seus irmãos conseguiram mobilizar até o Senado Federal, que deveria se ocupar com coisas mais republicanas que brigas familiares. Para tal já existem as varas de família na Justiça brasileira.
O Senado parou. O senador Arthur Virgílio ameaçou obstruir a sessão caso o presidente do senado não deixasse todos os senadores que queriam fazer “uso da palavra” para “protestar apoio”. Estava claro que foi apenas uma estratégia usada pela oposição para impedir o rolo compressor do governo que queria aprovar a TV pública, manobra que não adiantou nada. Como estratégia de obstrução não foi uma escolha feliz, já que parar o Senado para discutir questões puramente familiares é matar mosca com bala de canhão.
Mães, pais e filhos, irmão e cunhados, brigam em todos os cantos do mundo, e a todo instante deve existir uma pendência entre familiares. A própria Bíblia já conta a história de que Caim matou Abel por inveja e poder. Questões familiares são recorrentes e por mais perversas, surpreendentes e inimagináveis que possam ser, são naturais. O que não é normal é o Senado da República criar uma comissão para acompanhar o caso.
A verdade é que segredo de casa quem sabe é barata e, por via das dúvidas: “mãe, aquele Di da sala é meu, viu? Não se esqueça de escrever meu nome atrás dele”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adriana, neste caso é um problema famuiliar oriundo de herança. Se bem que eu não ponho a minha mão no fogo pelo finado... Mas, vá lá: é um problema interno. O pior foi a ridícula Lila Covas querendo indenização. Ah! Tomar no c...

Chacon disse...

Já dizia o filósofo contemporâneo João Bosco: "... por causa de dinheiro, irmão desconhece irmão..". Sem mais comentários