6 de mar. de 2008

Reciprocidade

Apesar de achar a política externa deste governo torta, a reação contra o governo espanhol desta vez parece-me acertada. O Itamaraty divulgou nota oficial em que afirma que o Ministério das Relações Exteriores está examinando a adoção de medidas apropriadas em resposta ao episódio dos 30 brasileiros barrados no aeroporto de Madri, e que considera adotar, inclusive, "o princípio da reciprocidade". Só em 2007, a Espanha impediu a entrada de 3 mil brasileiros no país.
Segundo a nora, Celso Amorim tomou conhecimento do ocorrido com "profundo desagrado" e já havia manifestado ao chanceler espanhol a insatisfação do governo do Brasil com a repetição de tais acontecimentos e pedido que fosse dado "tratamento digno e adequado" aos cidadãos brasileiros.
Em os Estados Unidos, amedrontados pelo ataque de 11 de setembro, começaram a fichar cidadãos brasileiros e o Brasil adotou o mesmo procedimento em relação aos cidadãos norte-americanos. Na época a ação foi movida pelo procurador da República Pedro Taques, e ordenada pelo juiz federal em MT Sebastião Julier.
(Veja em leia mais o que aconteceu com 30 brasileiros barrados pale serviço de imigração espanhol)

Sem água e comida
Agentes de imigração da Espanha barraram na quarta-feira, 6, a entrada de 30 brasileiros no país. Passageiros do vôo 6024 da Iberia, que partiu às 20 horas de terça-feira do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, foram isolados em uma sala do Aeroporto de Madri às 9 horas, após o desembarque. Segundo relato de dois pós-graduandos do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) a parentes no Brasil, eles não receberam informações sobre a recusa de entrada e estavam sem comer e beber água havia dez horas.
Para os policiais, os estudantes não tinham provas da viagem para Lisboa, onde participariam de um congresso científico. Argumentaram também que eles estavam com 250 euros cada um, quando, pelas regras, os passageiros têm de ter, no mínimo, 70 euros para cada dia de estada.
Do Brasil, o diretor do Iuperj, José Maurício Domingues, contactou o Itamaraty e contestou a versão da polícia espanhola. "Conversamos com as autoridades brasileiras que se prontificaram a intervir. Nossos alunos apresentarão trabalhos e estão regularizados. Os agentes não alegam nada que justifique a retenção", disse. Os estudantes tinham volta prevista para o dia 17.
O pai de Pedro, Luiz Carlos Lima, que falou com o filho às 11 horas de quarta, disse que os estudantes cumpriram todas as obrigações. "Isso tudo é absurdo. Eles têm carta de referência, passaporte, confirmação de reserva em hotel, dinheiro e inscrição no congresso", protestou. "Pedro e Patrícia estão cansados, com fome e são ignorados pelos agentes de imigração", desabafou.
A notícia chegou à família de Patrícia em Juiz de Fora, Minas, por volta de 11 horas, contou a mãe Jucineide Rangel. “Na primeira ligação, minha filha chorava muito. À tarde, estava mais calma”, disse. Patricia, em relato ao pai, Rubens Rangel, contou que foi ofendida por agentes espanhóis. “Ela é muito educada, mas luta por seus direitos. São estudantes que não têm ligação com tráfico nem com prostituição.”

Fonte: Estadão

2 comentários:

ma gu disse...

Alô, Adriana.

Vi notícia ontem a noite dando conta que a PF 'devolveu' oito cidadãos espanhóis para a origem.
Acho que a reciprocidade começa por aí...

Getulio Jucá disse...

Não e sim são palavras breves, mas exigem uma reflexão prolongada.

As paixões são os humores da alma, e qualquer excesso indispõe a prudência.