O mundo quase sempre me aborrece terrivelmente. Aqui na terra de Poti, mais feia, então. O negócio, no meu caso, sempre, é apelar para a companhia dos livros, esses que ainda são os melhores amigos do homem. Escutar ou ler qualquer coisa que parta desse populista, hoje no poder, Luiz Inácio Lula da Silva, é qualquer coisa de intolerável. Se achando um salvador da pátria. Mas é a democracia, como gostam de lembrar alguns. Se aqui houvesse mesmo democracia, muitos dos que estão ai desfilando, candidatando-se e pior, elegendo-se estariam presos.
Democracia não é apenas termos eleições diretas ou, por conseguinte termos de aturar políticos. Democracia é sim, ter autonomamente o direito ao voto, mas também, autonomamente, o direito de não querer sair de casa para ter que votar em quem quer que seja. É tão antidemocrático e autoritário não poder votar, quanto é antidemocrático e autoritário ser “obrigado” a votar. A raiz autoritária é a mesma. E a nossa formação (falo no sentido cultural, que é a mais importante) é rigorosamente antidemocrática, anticapitalista e anti-individualista. Adianta? Não é à toa que não suportamos criticas. É o nosso atraso.
A questão é que se não temos o capitalismo de fato, e consequentemente a democracia, temos a hipocrisia do capitalismo de Estado. Esse tipo de hipocrisia, só me lembra, a humildade cristã pregada pelo clero, mas praticada somente pelas classes inferiores diante dos políticos, esperando o favor. A autonomia individual não faz parte do nosso espectro mental, como diria, talvez, o nosso Hamlet, personagem central da peça homônima.
A melhor forma, ou uma das melhoras formas de se constatar os mores culturais de um povo, é lendo sua literatura. É um grande exercício, esse. Foi Bertrand Russel que abriu meus olhos, ao dizer certa vez que lendo os personagens de Dostoievski, passou a entender por que os eslavos só sabem viver se for debaixo de uma ditadura. Isso é de uma perspicácia e sutileza rara.
No Brasil só viemos a conhecer biblioteca com a chegada da Corte portuguesa em 1808. Passamos mais de trezentos anos pastando, literalmente. E sempre me espantou a covardia das autoridades portuguesas que fugiram de Napoleão, sem esboçar sequer o mínimo esforço ou estratégia para defender seu povo. Viraram as costas, literalmente ao povo, entregando-os a própria sorte. Isso diz muito desse país e consequentemente do nosso.
O incrível é que os relatos posteriores, dão conta de que muitos dos soldados de Napoleão quando estavam invadindo Portugal, estavam tão exaustos que muitos morreram na chegada. Portugal poderia ter resistido de alguma forma. Mas não. Preferiu fugir. Fugiram e trouxeram a Biblioteca para o Rio de Janeiro, que hoje é a biblioteca nacional. O esnobismo da corte portuguesa, a covardia, a falta de contato com o povo, o não se incomodar com sua sorte, o virar as costas, é altamente revelador, por tabela, também da chamada nossa elite, se é que merecem este nome.
Lendo por esses dias chuvosos, alguns dos contos de Lima Barreto, autor do famoso “Triste fim de Policarpo Quaresma”, com a criação inevitável de um militar, dá para se ter uma idéia aproximada da nossa índole. Os extremos: a índole autoritária de um lado, e de outro o desejo de não fazer esforço algum, de não trabalhar, o verniz da mendicância, que deságua nitidamente no, sem dúvida antológico, “Macunaíma” de Mário de Andrade. A lista seria imensa, e é melhor paramos por aqui. A nossa cisma ancestral é toda voltada para ficar contra o capitalismo, o liberalismo, a democracia autônoma. Adoramos o prato estendido como um favor. Adoramos os recursos do Estado. Que no fundo, são recursos extraídos daqueles que realmente trabalham. É a estrada fácil e fértil para o comodismo e o populismo, tipo “pai dos pobres”, “mãe dos pobres”, etc. Chavões como “o petróleo é nosso” é outra de nossas sinas. Mas segue o mesmo bordão.
A literatura americana, fiquemos nela, está repleta de não conformismo, a começar pela pena de Mark Twain, passando por “O apanhador no campo de centeio”, a “On the round”, Ginsberg, Burroughs. Assim como no cinema figuras como James Dean, todos de alguma forma fugindo da civilização de massa, e impondo um individualismo necessário, próprio do mundo moderno. Fazem parte da literatura marginal, ok, negando-se a assumir o american way of life. O desafio, o movimento, a vontade de viver, etc, que inspirou filmes como “Easy ride”, sem destino. É o contraponto. Aqui o que temos é o tolhimento da autonomia. É a nossa bandeira desfraldada.
A melhor forma, ou uma das melhoras formas de se constatar os mores culturais de um povo, é lendo sua literatura. É um grande exercício, esse. Foi Bertrand Russel que abriu meus olhos, ao dizer certa vez que lendo os personagens de Dostoievski, passou a entender por que os eslavos só sabem viver se for debaixo de uma ditadura. Isso é de uma perspicácia e sutileza rara.
No Brasil só viemos a conhecer biblioteca com a chegada da Corte portuguesa em 1808. Passamos mais de trezentos anos pastando, literalmente. E sempre me espantou a covardia das autoridades portuguesas que fugiram de Napoleão, sem esboçar sequer o mínimo esforço ou estratégia para defender seu povo. Viraram as costas, literalmente ao povo, entregando-os a própria sorte. Isso diz muito desse país e consequentemente do nosso.
O incrível é que os relatos posteriores, dão conta de que muitos dos soldados de Napoleão quando estavam invadindo Portugal, estavam tão exaustos que muitos morreram na chegada. Portugal poderia ter resistido de alguma forma. Mas não. Preferiu fugir. Fugiram e trouxeram a Biblioteca para o Rio de Janeiro, que hoje é a biblioteca nacional. O esnobismo da corte portuguesa, a covardia, a falta de contato com o povo, o não se incomodar com sua sorte, o virar as costas, é altamente revelador, por tabela, também da chamada nossa elite, se é que merecem este nome.
Lendo por esses dias chuvosos, alguns dos contos de Lima Barreto, autor do famoso “Triste fim de Policarpo Quaresma”, com a criação inevitável de um militar, dá para se ter uma idéia aproximada da nossa índole. Os extremos: a índole autoritária de um lado, e de outro o desejo de não fazer esforço algum, de não trabalhar, o verniz da mendicância, que deságua nitidamente no, sem dúvida antológico, “Macunaíma” de Mário de Andrade. A lista seria imensa, e é melhor paramos por aqui. A nossa cisma ancestral é toda voltada para ficar contra o capitalismo, o liberalismo, a democracia autônoma. Adoramos o prato estendido como um favor. Adoramos os recursos do Estado. Que no fundo, são recursos extraídos daqueles que realmente trabalham. É a estrada fácil e fértil para o comodismo e o populismo, tipo “pai dos pobres”, “mãe dos pobres”, etc. Chavões como “o petróleo é nosso” é outra de nossas sinas. Mas segue o mesmo bordão.
A literatura americana, fiquemos nela, está repleta de não conformismo, a começar pela pena de Mark Twain, passando por “O apanhador no campo de centeio”, a “On the round”, Ginsberg, Burroughs. Assim como no cinema figuras como James Dean, todos de alguma forma fugindo da civilização de massa, e impondo um individualismo necessário, próprio do mundo moderno. Fazem parte da literatura marginal, ok, negando-se a assumir o american way of life. O desafio, o movimento, a vontade de viver, etc, que inspirou filmes como “Easy ride”, sem destino. É o contraponto. Aqui o que temos é o tolhimento da autonomia. É a nossa bandeira desfraldada.
2 comentários:
Adriana... vc tocou no ponto. Eu duvido, que, se o voto nào fosse obrigatório... se esse senhor estária no poder hj. Poder ou não votar, acredito que faz mas a diferença do que en quem votar, pois o sujeito tá lá acaba por votar em qualquer um, mesmo se já tinha a ideia de não votar (meio confuso mas é isso) Acaba sendo influenciado ao sair de casa, ou às vesperas. Se o voto não fosse obrigatório, tudo seria diferente tenho certeza.
Me esqueci, outra coisa dantesca que faz a diferença: "ah... ele já ganhou mesmo, vou votar nele.." que raiva que me dá disso, ou, me lembro na elição do Collor que votaran nele pq o achavam bonito... tsi tsi tsi LAMENTÁVEL
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