18 de abr. de 2008

Bossa Nova: 50 anos

Por Chico Bruno

Esse 2008 é um ano de muitas comemorações: 200 anos da chegada da família real, 40 anos do assassinato de Edson Luiz, 50 anos da conquista da primeira Copa do Mundo, entre outras. Mais tem uma que merece destaque especial: os 50 anos da Bossa Nova.
Movimento musical que presenteou o país com João Gilberto, Vinícius de Morais, Tom Jobim, Nara Leão, Baden Power, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Billy Blanco, Leny Andrade, Sylvia Telles, Sérgio Ricardo, Luiz Eça, Sérgio Mendes, João Donato, Moacir Santos, entre outros.
A Bossa Nova foi surgindo aos poucos a partir do fim dos anos 40, resultado de um processo de mudança lento e gradual, que se consolida em meados dos anos 50.
A Bossa Nova faz 50 anos, se considerarmos o ano de 1958 como o ponto de partida do movimento. Foi em abril deste ano o lançamento do LP de Elizeth Cardoso, “Canção do Amor Demais”, no qual a diva da música naquela época, interpretava músicas compostas por Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Um disco todinho com composições da dupla que encantava as noites do Beco das Garrafas, na Rua Duvivier, em Copacabana.
Em julho, João Gilberto grava um disco em 78 rotações com "Chega de Saudade" no lado A e no lado B uma composição sua "Bim Bom".
Em outubro João lança outro disco com Desafinado, marcando definitivamente uma batida de violão diferente e um jeito novo de cantar.
Era a Bossa Nova, fruto de um processo vivido pela turma que se encontrava, quase que diariamente, nos saraus de música na casa de Nara Leão, que unia o samba às sofisticadas harmonias do jazz.
A Bossa Nova é uma evolução do samba com significativas mudanças no ritmo, harmonia, melodia e letra. A Bossa Nova introduziu uma batida nova e trilhou características do jazz, como o improviso, com o surgimento de trios formados por baixo, piano e bateria, como o Zimbo Trio e Bossa Três, entre outros.
Entre 1958 e 1964 a Bossa Nova canta as belezas do Rio de Janeiro e o jeito de viver dos cariocas da Zona Sul em sucessos como Chega de Saudade, Garota de Ipanema, Corcovado, Só danço Samba e Barquinho. Em 1962, a Bossa Nova se consolida no cenário mundial com o concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque (EUA).
No pós 1964 a Bossa Nova se contrapõem a ditadura militar instalada no país em 31 de março de 1964.
No ano de 1968, com o movimento estudantil confrontando de peito aberto a ditadura e o surgimento de festivais de música, surgem novos cantores e compositores ligados Bossa Nova, como Elis Regina, Peri Ribeiro, os irmãos Marcos e Sergio Vale, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Edu Lobo e Francis Hime, entre outros.
Isso é a Bossa Nova que continua a me deliciar, descrevendo a alma carioca dos anos de minha adolescência.
Por isso, celebro as bodas de ouro da Bossa Nova.
Uma celebração importante, principalmente nesses anos de banalização.

2 comentários:

Skorpio disse...

Coincidentemente estou agora, neste exatinho momento, ouvindo a voz maviosa de Emilio Santiago cantando "Você", de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Lindo, não?
Banânia ainda produz coisas muito boas, apesar de abundar o lixo consagrado.

ma gu disse...

Alô, Adriana.

Concordo. Das poucas que nos sobraram para celebrar.

E quanto ao último termo do post, não ficaria melhor bananalização? Homenagearia a banânia do skorpio; uma frutinha saborosa; e.....