30 de abr. de 2008

Cupins

O site RD News fez uma ótima explanação sobre como funcionava o esquema desarticulado ontem pela PF durante a Operação Termes. A operação prendeu 61 pessoas envolvidas no esquema criminoso de extração e transporte irregular de madeira em Mato Grosso. OBS: Termes vem do latim e significa verme de madeira, ou seja, cupim.

Veja como eles se organizavam: (clique na imagem para ampliá-la)

Servidores recebiam até R$ 5 mil de propina
Por Alline Marques

Os servidores e policiais presos na Operação Termes recebiam propinas que variavam de R$ 500 a R$ 5 mil, dependendo dos serviços executados. De acordo com a Polícia Federal, em média cada policial recebia R$ 500 por carreta. Já alguns funcionários da Sema chegaram a cobrar até R$ 5 mil para liberar projetos florestais e reduzir multas. O delegado Carlos Eduardo Fistarol diz que ainda não sabe precisar quanto cada núcleo do esquema faturou, mas garantiu que irá pedir os seqüestros dos bens, caso seja constatado o crime de lavagem de dinheiro.
O esquema era dividido em três núcleos. O primeiro se formou com servidores da Sema, responsáveis por agilizar os projetos florestais e reduzir os valores das multas aplicadas aos madeireiros. “Processos que demoravam 40 dias eram feitos em 2 ou 3”, explica o delegado. A segunda ação acontecia com ajuda de funcionários do Indea, que fraudavam certificados de identificação de madeira, permitindo que quantidade nobre saísse do Estado como espécie comum. A advogada Silva Moraes Valente é acusada de liderar o grupo de policiais rodoviários federais que liberavam as cargas de madeiras ilegais nas rodovias. "Quando a advogada não conseguia liberar as cargas nas estradas ela atuava como assessorá jurídica dos madeireiros quando a carga era apreendida. É aí que entra a ação dos policiais militares e civil. Eles passavam informações privilegiadas para essa mulher”, relata Fistarol.
Os envolvidos estavam sendo investigados pela PF há pelo menos um ano com escutas telefônicas. Além dos 60 presos, também foram apreendidos documentos, computadores e armas que serão analisados pelos policiais. Fistarol já adiantou que poderá pedir a prorrogação da prisão temporária, válida por cinco dias, caso considere necessário. O delegado da PF informou ainda que “3 ou 4” madeireiros são reincidentes e já haviam sido presos durante a Operação Curupira, que aconteceu em 2005.
Várias espécies de madeiras consideradas nobres e que não poderiam circular livremente pelas rodovias foram extraídas de forma irregular. Ainda não se sabe quantos hectares de terras foram desmatados por causa das ilegalidades nas extrações.
As cargas de madeiras que saíam de Mato Grosso de forma irregular eram comercializadas, em sua maioria, nas regiões Sul e Sudeste. Com a Operação Termes, a PF desarticulou mais um esquema criminoso que contribuía para o desmatamento da Floresta Amazônica e para manter Mato Grosso no topo da lista dos Estados que mais devastam. O esquema liberava cargas de madeira envolvendo policiais e servidores públicos da Sema, Indea e da Delegacia do Meio Ambiente.

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