É espantoso o tumulto gerado em torno do bárbaro assassinato da menina Isabella, jogada do sexto andar de um edifício em São Paulo. Logo após o choque pela brutalidade do assassinato comecei a acompanhar a ampla e até certo ponto exagerada cobertura jornalística. Ainda não tinha nada esclarecido e via o promotor de justiça, Francisco Cembranelli, em intermináveis entrevistas acusando o pai e a madrasta pelo crime.
Ao mesmo tempo, a mãe já estava sendo abordada por grupos, que munidos de camisetas estampadas com o rosto da menina, a convidavam a se engajar em movimentos pela paz.
Aquilo tudo passou a me incomodar muito. Via uma mãe sufocada e, mesmo sem que isso fosse a intenção, sendo pressionada a adotar uma postura que ainda não estava preparada para assumir. Via ali uma mãe que não estava tendo o direito de chorar a perda da filha.
Por outro lado, via a crucificação de um casal, até então sem provas para tanto. Ora, mas se não há prova alguma, como este promotor pode os acusar dessa forma?, pensava. Classifiquei as aparições do promotor na mídia como uma crise de estrelismo desmesurado.
Logo depois vieram os laudos da perícia que colocaram o casal (pai e madrasta) na cena do crime e retiraram a possibilidade de uma terceira pessoa ter cometido o assassinato. Provavelmente o promotor já tinha conhecimento de algo, por isso afirmava com tanta veemência que o pai e a madrasta eram os autores. A polícia fez sua parte, o casal foi indiciado e agora cabe à Justiça o julgamento e a aplicação da pena, caso seja confirmada a autoria do crime.
O caso da menina provocou uma comoção popular desmesurada que beira à histeria. É claro que a indignação, a revolta, o espanto, enfim, a reação é saudável, pois demonstra que o brasileiro, apesar de todos os reveses, ainda se indigna diante da brutalidade. Não somos um bando de bonecos de marfim, insensíveis. Mas tudo há de ter um limite, até o extravasar dos sentimentos.
Assusta a disposição popular em executar um linchamento, quase em fazer justiça com as próprias mãos. É bem verdade que imprensa se viu refém do caso, e em busca do Ibope, pra não ficar atrás dos concorrentes, onde cada momento era transmitido ao telespectador, ao vivo até, tratando o homicídio como uma espécie de reality show, onde a solução do caso e a pena serão decididos de acordo com a opinião dos telespectadores.
Escutei um desses apresentadores sensacionalistas, prováveis futuros políticos, questionando o fato da mãe da menina não ter chorado, nem gritado. Como se ela passasse a ser suspeita por não ter seguido um script que o apresentador decidira como o correto e normal. O que se passava pela cabeça da coitada, que acabara de perder uma filha, que não estava acostumada a participar de espetáculos, e não chorou, não conseguiu chorar. Como não chorar?! Seu choro fazia parte de todo aquele espetáculo, e deveria ocorrer em publico, não dentro de casa, do quarto da filha, mas em público para que os cinegrafistas pudessem captar em close a profundidade da sua dor.
Ora, a investigação, o julgamento e a aplicação da pena, a dor dos envolvidos, não são etapas de um reality show.
Se está sobrando indignação, está faltando compaixão e respeito à dor de uma mãe que perdeu sua filha, e que assiste pela TV, todos os dias, a morte da filha como o enredo principal.
Logo depois vieram os laudos da perícia que colocaram o casal (pai e madrasta) na cena do crime e retiraram a possibilidade de uma terceira pessoa ter cometido o assassinato. Provavelmente o promotor já tinha conhecimento de algo, por isso afirmava com tanta veemência que o pai e a madrasta eram os autores. A polícia fez sua parte, o casal foi indiciado e agora cabe à Justiça o julgamento e a aplicação da pena, caso seja confirmada a autoria do crime.
O caso da menina provocou uma comoção popular desmesurada que beira à histeria. É claro que a indignação, a revolta, o espanto, enfim, a reação é saudável, pois demonstra que o brasileiro, apesar de todos os reveses, ainda se indigna diante da brutalidade. Não somos um bando de bonecos de marfim, insensíveis. Mas tudo há de ter um limite, até o extravasar dos sentimentos.
Assusta a disposição popular em executar um linchamento, quase em fazer justiça com as próprias mãos. É bem verdade que imprensa se viu refém do caso, e em busca do Ibope, pra não ficar atrás dos concorrentes, onde cada momento era transmitido ao telespectador, ao vivo até, tratando o homicídio como uma espécie de reality show, onde a solução do caso e a pena serão decididos de acordo com a opinião dos telespectadores.
Escutei um desses apresentadores sensacionalistas, prováveis futuros políticos, questionando o fato da mãe da menina não ter chorado, nem gritado. Como se ela passasse a ser suspeita por não ter seguido um script que o apresentador decidira como o correto e normal. O que se passava pela cabeça da coitada, que acabara de perder uma filha, que não estava acostumada a participar de espetáculos, e não chorou, não conseguiu chorar. Como não chorar?! Seu choro fazia parte de todo aquele espetáculo, e deveria ocorrer em publico, não dentro de casa, do quarto da filha, mas em público para que os cinegrafistas pudessem captar em close a profundidade da sua dor.
Ora, a investigação, o julgamento e a aplicação da pena, a dor dos envolvidos, não são etapas de um reality show.
Se está sobrando indignação, está faltando compaixão e respeito à dor de uma mãe que perdeu sua filha, e que assiste pela TV, todos os dias, a morte da filha como o enredo principal.
2 comentários:
Alô, Adriana.
Muito bom seu desabafo. Eu vinha pensando nessa linha, somado ao fato de que parece que a população não tem o que fazer, para poder ficar tantas horas em frente ao prédio.
Freud explica?
O interessante de ver é como o povo é facilmente manobrável, é massa de manobra, ao melhor estilo MST, com direito a coros de assassinos e tentativa de linxamento. O caso Isabela impressiona? A mim não. O que aconteceu com Isabela acontece diariamente nas periferias da cidade, com brutalidades que vão desde esquentar colher para colocar na boca da criança como forma de punição, até espancamento com murros e tapas em bebês de 30 (trinta) dias, com direito a todos os tipos de fratura, para falar das agressões mais leves. Duvidam? Basta uma rápida pesquisa perante as varas de infância e juventude mais próxima de vocês. O que assusta é a hipocrisia do brasileiro que convive diriamente com esse tipo de violência, mas só se mostra indignado quando a coisa toda toma contornos de "big brother". Pobre Isabela? Pobre Isabela sim, mas tão pobres quanto ela são todos os infantes anônimos vítimas de todo o tipo de sevícia, e violência nos cotidianos das cidades e também do campo, que são convenientemente esquecidos pelas mídias. Pobre povo brasileiro? Não sei. Chego à conclusão que cada um colhe o que planta. Se vivemos hoje nesse caos e no meio da bandalheira; se o Congresso Nacional é algo podre e nojento e se a Presidência da República deixou de ser um cargo respeitável, chego à conclusão de que tudo isso nada mais é do que um pobre retrato daquilo que o povo brasileiro, em sua maioria é.
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