Quero minha Bolsa-ditadura
Augusto Nunes no Jornal do Brasil
Na tarde de 11 de agosto de 1969, numa mesa do bar em frente da Faculdade Nacional de Direito, eu festejava o reencontro com a namorada que saíra de circulação havia um mês, ao saber que a Justiça decidira prendê-la preventivamente.
Tinha um copo de chope na mão e idéias lascivas na cabeça. Além do fim da separação, comemorava antecipadamente uma longa noite de prazeres e pecados. O castigo chegaria primeiro, anunciado por um leve toque no ombro e formalizado por um só substantivo: "Polícia", resumiu um dos quatro homens repentinamente hasteados em torno da mesa.
Todos usavam os paletós muito compridos e muito apertados que os sherloques brasileiros tanto apreciam, porque todos se acham mais altos e menos gordos do que efetivamente são. Só depois da tempestade eu saberia que estavam lá para capturar minha namorada. Resolveram levar-me como brinde ao descobrirem que também era diretor do Caco Livre. Separados, embarcamos em fuscas disfarçados de táxis rumo à sede da PM na Rua Frei Caneca.
De madrugada, segui de jipe para o prédio da Aeronáutica ao lado do Santos Dumont. A escala durou dois dias. Sempre no meio da madrugada, de novo num jipe, fui transferido para a Base Aérea do Galeão. Duraria também dois dias a terceira e última estação do curto calvário. Curto e, para os padrões vigentes naquele Brasil sob o domínio do medo, pouco dramático.
Augusto Nunes no Jornal do Brasil
Na tarde de 11 de agosto de 1969, numa mesa do bar em frente da Faculdade Nacional de Direito, eu festejava o reencontro com a namorada que saíra de circulação havia um mês, ao saber que a Justiça decidira prendê-la preventivamente.
Tinha um copo de chope na mão e idéias lascivas na cabeça. Além do fim da separação, comemorava antecipadamente uma longa noite de prazeres e pecados. O castigo chegaria primeiro, anunciado por um leve toque no ombro e formalizado por um só substantivo: "Polícia", resumiu um dos quatro homens repentinamente hasteados em torno da mesa.Todos usavam os paletós muito compridos e muito apertados que os sherloques brasileiros tanto apreciam, porque todos se acham mais altos e menos gordos do que efetivamente são. Só depois da tempestade eu saberia que estavam lá para capturar minha namorada. Resolveram levar-me como brinde ao descobrirem que também era diretor do Caco Livre. Separados, embarcamos em fuscas disfarçados de táxis rumo à sede da PM na Rua Frei Caneca.
De madrugada, segui de jipe para o prédio da Aeronáutica ao lado do Santos Dumont. A escala durou dois dias. Sempre no meio da madrugada, de novo num jipe, fui transferido para a Base Aérea do Galeão. Duraria também dois dias a terceira e última estação do curto calvário. Curto e, para os padrões vigentes naquele Brasil sob o domínio do medo, pouco dramático.
2 comentários:
Giulio, após trbalhar 35 anos como professora, cada vez mais vejo como os deveres da cidadania são caros e exigem tempo. Agora, por exemplo, com a grave dos Correios, tive que ligar para todas as empresas, pedindo os códigos de barra. Tudo passa pelos Bancos, que nos esfolam com taxas praticamente diárias de não sei o quê. Quase que, para ser cidadão, você não pode trabalhar. Fiz esta preleção para dizer que quero indenização pelo mau uso do dinheiro que custa ser cidadão nesta República Molusquenta. Quero indenização, porque não concordo em me gastar para sustentar vagabundo!!!
Também quero a minha indenização!
SONHEI que fiquei traumatizado pela POSSIBILIDADE de ser perseguido pela ditadura.
No governo lula-pt, com o atual estado das coisas e comparando meu "sofrimento" com o "sofrimento" dos "socialistas" pilantras...
Mereço receber 1 milhão de indenização...
"Socialismo" é Isso!
Quero meu dinheiro!
Postar um comentário