Por Fabiana Sanmartini
Nem os santos estão livres das milícias cariocas. Hoje, dia dedicado a São Jorge, por acaso padroeiro da Polícia Militar, os fogos da alvorada ainda soam por toda cidade, sem preconceito, zona sul, centro, subúrbios e baixada, juntas com o raiar do dia. Você pode me dizer que é assim há anos, mas neste, em Quintino, zona norte do Rio, com festa tradicional na Matriz de São Jorge, realizada a apenas 63 anos, esta sob a mira das milícias.
Apesar da denuncia do pároco local, o jogo de empurra continua tão tradicional como a festa. Ninguém sabe ninguém viu. A milícia cobra além da comida e bebida, algo entre R$ 20,00 e R$ 50,00 de, digamos, pedágio, dependendo do tamanho da barraca. Os devotos antecipam a ida às igrejas. O Padre Marcelino Modelski, 41, desabafa que o assunto foi denunciado pessoalmente por ele, no mesmo dia, ao comando do 3º BPM (Méier) e à 28ª DP (Campinho). “Estamos nos sentindo reféns de um bando que age livremente, enquanto todos pagam seus impostos para ter segurança pública”. O Rio é refém sabido, não só pela população, mas também pelos responsáveis da segurança pública. Para estes, ninguém mais recorre porque já nem sabemos quem nos violenta ou rouba mais. Ao morador do Rio sobra pedir proteção ao Santo Guerreiro, e agora nem isso. Valei-nos São Jorge!
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