20 de mai. de 2008

A abandonada orla de Salvador

Por Chico Bruno

Aos domingos com o tempo encoberto não dá praia na Região Metropolitana de Salvador. Uma alternativa é ir passear de carro por toda a extensão da orla marítima, que vai de Itapuã a Ribeira, com direito a saborear um sorvete de tapioca ou de beribéri na Sorveteria da Ribeira.
As condições do tempo, neste domingo, 18, estavam propícias para essa aventura. O trajeto que já foi um colírio para os olhos, em função da vista, está uma tragédia. O trecho de Itapuã está entregue ao comércio desordenado que encobre a vista do mar, numa visível falta de fiscalização das autoridades públicas que deveriam preservar o uso do solo.
Mais adiante, entre Piatã e Boca do Rio um amontoado de obras de barracas de praia inacabadas e embargadas pela Justiça há dois anos. Uma triste imagem do que outrora foi uma visão deslumbrante da bela orla soteropolitana neste trecho. Um crime ambiental com a mesma força para os olhos de uma floresta desmatada. Só que a floresta Amazônica tem quem a defenda. A miséria da orla de Salvador infelizmente está banalizada.
A área do antigo Aeroclube de Salvador, que foi transformada num tal Plaza Show com um parque, está abandonada e embargada em por ação judicial. Alguns vereadores de Salvador e os Ministérios Públicos Federal e Estadual se empenham em investigar o caso que é nebuloso, pois teria sido fruto de uma maracutaia entre a prefeitura e o grupo que explorava o tal Plaza Show. No acerto, a prefeitura aceitou que a área de lazer e entretenimento fosse transformada em mais um shopping center.
Está é uma polêmica que se arrasta há anos. Enquanto isso, a área se degradou rapidamente, virou covil de marginais, do comércio de drogas e de crimes graves.
O que se vê no trecho entre Itapuã e a Boca do Rio se repete até a chegada a Ribeira, onde o poder público praticou o crime de permitir que barracas de praia e um estaleiro ocupassem as areias da tradicional praia do Bugarim. Um crime contra a cidade praticado com o beneplácito da Prefeitura de Salvador, que infesta o écran dos televisores, como dizem os portugueses, com maquiados comerciais de TV.
Nesta aventura só se salvam os sorvetes da Ribeira.
Não dá para encobrir dos brasileiros tantas mazelas públicas. Não dá para esconder do país que Salvador está entregue ao Deus dará. Não dá para as autoridades estaduais continuarem a investir na captação de turistas, se a prefeitura de Salvador, através da Emtursa, não cumpre a sua parte.
Aliás, isso não começou agora. Vem de longe com o abandono do patrimônio histórico, com a desfiguração de tradicionais praças públicas, como da Sé, da Piedade, da Inglaterra e do Campo Grande onde foram introduzidos novos elementos e com o descaso das autoridades com baianos ilustres que passaram para o andar de cima, como por exemplo, o impasse para transformar a Casa do Rio Vermelho, onde morou o casal Jorge Amado/Zélia Gattai, em museu.
O governador Jaques Wagner e o secretário Domingos Leonelli precisam socorrer Salvador, a galinha dos ovos de ouro do turismo baiano, pois tem gente querendo matá-la.

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