22 de mai. de 2008

A bola da vez se chama Temóteo

Por Chico Bruno

A terça-feira, 20 de maio, pode ter sido um dos dias mais tristes do Parlamento brasileiro pelo espetáculo histriônico proporcionado por alguns parlamentares na CPMI da Tapioca.
Dos depoimentos prestados por André Fernandes e José Aparecido Pires restou apenas à introdução de um novo personagem no caso do dossiê contra FHC: Norberto Temóteo Queiroz, secretário de Administração da casa Civil.
Aos parlamentares esse nome passou despercebido, pois a maioria estava ali apenas para desqualificar André Fernandes e tentar defender José Aparecido.
Temóteo é a bola da vez, pois, segundo Aparecido, foi ele quem criou o grupo informal para confecção de uma base de dados com fins exclusivos de abastecer uma futura CPI ou apenas os integrantes da base aliada. Isso ficou claro como dois e dois são quatro.
Cabe a imprensa esmiuçar quem é esse novo personagem da crônica palaciana, pois os integrantes da CPMI pouco se lixaram para a descoberta. Infelizmente no dia seguinte, quarta-feira, 21 de maio, poucos veículos de comunicação trataram de descobrir quem é esse novo personagem da República que viceja no Palácio do Planalto.
A maioria dos telejornais preferiu assumir a versão da situação e da oposição de que o ônibus da CPMI chegou ao fim da linha, ao invés de indagar se Temóteo será convidado a depor para esclarecer as declarações de José Aparecido.
Em seu depoimento à CPI, Aparecido disse que cedeu a Temóteo, no dia 9 de fevereiro, dois funcionários entre seus subordinados para ajudar na organização de um “banco de dados seletivos”.
Disse Aparecido a CPMI:
- Não recebi nenhuma ordem de alguém acima dele.
Pela afirmação de Aparecido, raciocina-se que Temóteo seja o autor do dossiê.
Em sendo verdade o raciocínio, resta esclarecer:
Temóteo fez o dossiê por decisão monocrática ou atendeu ordem de algum superior?
O depoimento de Aparecido afunilou a questão. Respondida a nova indagação o crime será esclarecido, pois depois de Temóteo as instâncias hierárquicas são conhecidas.
Nas quase oito horas de depoimento, pelo menos se conseguiu retirar uma nova pista para se chegar ao autor do crime, apesar de toda a fanfarronice de alguns parlamentares que envergonharam a Nação pelo espetáculo que proporcionaram.
Resta aguardar se existirá por parte de algum oposicionista ou repórter brasiliense o interesse de empurrar a bola da vez para a caçapa. Em caso positivo a sociedade agradece penhoradamente.

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