2 de mai. de 2008

A inflação que começa a preocupar

Inflação mais difícil para o BC
Roberto Macedo, em O Estado de São Paulo

Desde 2005, quando se delineou com clareza um ciclo de valorização do real relativamente ao dólar, o Banco Central (BC) desempenha um dos papéis mais fáceis da política macroeconômica brasileira.
No seu trabalho usual, procura controlar a inflação via taxa básica de juros, sem nenhuma preocupação com as seqüelas indesejáveis do que faz. Desde então, entretanto, teve enorme ajuda de importadores estrangeiros e exportadores brasileiros, aqueles aumentando fortemente sua demanda de produtos do Brasil e estes atendendo a essa procura. Com superávits crescentes nas principais contas externas nacionais, o real valorizou-se (ou o dólar ficou mais barato na nossa moeda), o que teve efeito crucial no controle da inflação, pois preços de produtos transacionados com o exterior se tornaram mais baratos em reais.
Apesar do papel desses muitos outros atores, sintetizado na taxa de câmbio, nosso BC sempre se atribuiu o mérito maior pela redução da inflação. É verdade que mesmo em queda a taxa de juros fixada pelo BC se manteve ainda muito elevada em termos reais, ficando sempre no primeiro ou no segundo lugar no campeonato mundial de taxas desse tipo. Isso também contribuiu para a queda da taxa cambial e da inflação, ao atrair mais dólares para o País em busca de remuneração tão vantajosa.

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