25 de mai. de 2008

O presidente e a Amazônia

Por Villas-Bôas Corrêa

No fundo verde do ineditismo, o presidente Lula, em dois lances sucessivos, emplacou a proeza de oficializar a crise na Amazônia: começou por expelir a senadora Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente com dois recados indiretos para que desocupasse a pasta com a sua obstinada política de defesa da maior reserva florestal do mundo; completou a trapalhada com a nomeação de dois ministros – Carlos Minc e Mangabeira Unger - que se confrontam, como adversários irreconciliáveis.
A ex-ministra Marina Silva reassumiu a sua cadeira de senadora do PT do Acre e certamente não assistirá calada ao bate-boca, com respingos na família. Com tais ingredientes, Lula armou, no circo do Planalto, o espetáculo de dois ministros da mesma área. Lula entrou na faixa do azar, depois de desfrutar longa temporada de bonança, por ele comemorada com os mais eloqüentes auto-elogios, sempre ornados com a qualificação de recordes que deixam na rabeira todos os governos da monarquia ao do antecessor FHC, da sua especial implicância.
Não tenho lembrança, nos meus quase 60 anos de militância como repórter político, de uma crise feita em casa, com todas as agravantes da incompetência e da desinformação. Lá no fundo da raiz, a explicação que o governo não pode assumir é a única que não briga com a lógica: Lula não tem nenhum interesse pela preservação da Amazônia. No embalo da campanha de autopromoção do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), irrita-se é com as dificuldades criadas pelos ambientalistas para a realização de obras atrasadas.
É forçar a barra identificar Lula como um inimigo da Amazônia. É indiferente, tal como o ex-presidente Fernando Henrique. O seu modelo de exercício da Presidência, ancorado por assessores da sua cega confiança, não examina processos, despacha confiando na sua argúcia passou pela experiência de dura advertência. A marca olímpica da incompetência gruda como cola-tudo na sucessão de despautérios que decoram o painel da bagunça oficial. Qual a política ambiental do governo, que Lula jurou seria mantida quando Marina da Silva deixou de ser ministra?
O ministro da pasta surrealista dos Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, como não tem nada para fazer, convenceu o presidente a escolhê-lo para coordenador do Plano da Amazônia Sustentável, uma abstração que paira no espaço das boas intenções. Com inegável ousadia, o ministro de fala enrolada iniciou a gestão buscando os conselhos do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, campeão nacional do desmatamento e o maior plantador de soja do país. A confirmação oficial do aumento do desmatamento da Amazônia, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPA) registra a liderança de Mato Grosso como campeão do desmatamento, com o aumento de 60%.
Com tão expressivo apoio, o coordenador da Amazônia Sustentável compareceu à Câmara e foi aclamado pela bancada ruralista como líder da nova posição do governo, de franca e aberta defesa do desmatamento para a instalação de indústrias e da flexibilização do direito de propriedade privada. A polêmica entre o novo ministro Carlos Minc e o coordenador do PAS promete novos e sensacionais embates. Está aquecendo com a vivacidade da linguagem na série de mútuas agressões.
O governo certamente terá que intervir para botar um mínimo de ordem e de respeito na casa abagunçada. E é a vez de o presidente Lula reconhecer o erro e cortar o mal pela raiz, seja devolvendo o ministro Mangabeira Unger à sua tenda de mago que adivinha o futuro e planeja para os próximos governos ou despachando os dois. Não pode é contar com a ajuda da ministra-candidata Dilma Rousseff, de mãos atadas pelo outro escarcéu do vazamento do dossiê dos gastos com os cartões corporativos do ex-presidente FHC e de sua esposa, dona Ruth.
O acordo de cavalheiros para encerrar a CPI que investiga o mais recente escândalo da safra recordista do reinado lulista recomenda cautela à ministra-candidata. Lula dá um jeito. Se for preciso, faz um ou vários improvisos. Ou cria mais um ministério. E a Amazônia que se dane.

Um comentário:

Chacon disse...

Esse é o problema de ter um presidente semi-analfabeto, com o agravante do desinteresse. É o típico machão tosco de cabeça pequena. Seu pensamento é muito limitado, é o tipo de pessoa que uma mesa de bilhar um linguça frita e uma branquinha são seus grandes ideais. Mas alguém pois em sua cabeça que todos poderiam ganhar dinheiro, se ele fosse o garoto propaganda da miséria, o embaixador da miséria e dos miseráveis (miséria em todos os sentidos, até pra pensar). O pensamento desse senhor é o pior possível, em vez de ensinar a pescar ele dá o peixe, e os brasileiros vagabundos de plantão (eu disse os de plantão) agradecem, e que que o Brasil creça... Esse é o problema de ter um presidente limitado, muito limitado. O problema do presidente é que ele é um muppet, e aprendeu o que le ensinaram (ou vc acham que ele seria capaz de ler algo sobre Capitalismo, Solcialismo, Comunismo etc ec??) E hj o muppet que meio que andar por suas próprias pernas, mas muppet não anda, tem que ser manipulado, tem que ser levado pos não tem capacidade. Esse presidente e o acefalo do seu Ministro Mantega, já mais teriam ou terão capacidade de livrar o Brasil de um grande problema, não têm background, para resolver problemas. E o pior que não vejo na oposição alguém que seja comprometido com Brasil, essa é a agonía, a Amazônia agoniza faz tempo, a inflação mostra suas garras, os impostos vergonhosos, a educação, violência, alimentação, etc etc etc, lamentável, de dar nojo, vergonha.