24 de mai. de 2008

Orfandade de Um País que Acredita Na Retidão

"É uma enorme injustiça para o país o senador Renan Calheiros “et caterva”, poderem assistir as exéquias de um político com a estrutura moral e ética do manauense Jefferson Péres (foto). São as ironias da vida." (G.S.)
Num país cuja política tem se tornado um terreno fértil para o desencanto, a morte do senador Jefferson Péres configura para os cidadãos de bem uma nota lamentável. Ele representava o triunfo individual da ética, da seriedade e da dignidade num ambiente repleto de pilantras, figurões de interesses subalternos e comparsas em geral que fazem feio diante do distinto eleitor.
Péres, não. Soube preservar-se de vícios públicos forjados em favor de benefícios privados. Jamais abdicou, como fazem alguns, da própria integridade em nome de dividendos pessoais. Acima de tudo, manteve a capacidade de indignar-se – independentemente de que força política se tratasse. Foi assim que abandonou o PSDB por discordar do governo Fernando Henrique. Foi assim também que, tendo apoiado a eleição de Lula em 2002, passou a um dos mais vigorosos combatentes contra o escândalo do mensalão, em 2006.
Farto das batalhas políticas perdidas, o senador anunciara a retirada de cena em 2010. A morte precipitou não só a aposentadoria, mas a orfandade de um país que ainda quer acreditar na retidão de seus representantes.

(*) Fonte do Texto: Jornal do Brasil 24/5/2008.

3 comentários:

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Você tem toda a razão. Seria o direito da família exigir que determinadas peças não pudessem estar nas cerimônias fúnebres porque, por iniciativa própria, não tem moral suficiente para evitar sua presença rasteira e ofensiva ao morto.
Já produzi um epitáfio para ele, vou repetir aqui: "A pequena reserva moral do congresso foi sangrada pelo desaparecimento dessa ilustre figura"

tunico disse...

Giulio, O Senador tinha seus defeitos (humanos) mas uma grande qualidade. Era honesto. E isto é a primeira e principal qualidade que um político deve ter.

Anônimo disse...

É, o Renan deve ter dado um sorriso excrementoso, mesmo no velório de Péres. É fogo!