Papo furado com o presidente

O consumidor não vai sentir os reflexos da elevação dos preços dos combustíveis nas refinarias, anunciado na última semana. A garantia foi dada nesta segunda-feira, dia 5, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu à população que denuncie os postos que elevarem os preços da gasolina. “É por isso que foi feito um jogo combinado: o aumento com desconto na Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico] e isso diminui o efeito do aumento. É importante as pessoas ficarem atentas. A gasolina não aumenta nada no posto. Se algum posto estiver aumentando, as pessoas podem denunciar, porque [a gasolina] não aumenta nada e o óleo diesel aumenta 8,8%”, disse Lula em seu programa semanal de rádio Café com o Presidente.
Não se sabe se o presidente andou botando alguma coisa além do açúcar em seu café, ou se simplesmente, como sói, está mentindo de forma descarada. De nada adianta “denunciar” quem venha aumentar o preço da gasolina, como explica Miriam Leitão: (G.S.).

“Hoje o Diário Oficial divulgou em edição extra o decreto que reduz a cobrança da Cide sobre a gasolina. O presidente Lula disse que o diesel pode aumentar, mas a gasolina não. Se isso acontecer, Lula disse que o consumidor deve denunciar. Enquanto isso, em algumas regiões, a alta do diesel já está pressionando o preço do frete.

O governo errou neste episódio dos combustíveis porque era justamente o diesel quem deveria ser poupado de uma alta, numa época de aumento no preço dos alimentos. O aumento do frete vai atingir os custos da produção e distribuição dos alimentos. Quem tem carro a gasolina normalmente é a classe média. É ela que será beneficiada por esse subsídio, e não os mais pobres.
A Cide foi pensada para servir como um colchão para reduzir uma pressão de preços que fosse passageira. Não é o que está acontecendo agora. O governo agiu de forma errada. Além disso, não há base legal para que consumidor reclame sobre a alta da gasolina nos postos, como disse o presidente, porque o mercado atua com preços livres. São vários os sinais equivocados e a explicação para isso é política”.