Por Giulio Sanmartini
Leila tinha um trabalho informal, vendia pelas casas produtos de beleza, com o pequeno ganho conseguia sobreviver à condição de mulher sozinha com filhos. Seu capital de giro, que lhe permitia comprar a vista e vender a prazo, estava no banco.
Orsini, filho de italianos, passara dos 60 anos, trabalhará como propagandista de laboratório, mas aposentado, tinha outro emprego, estava juntando dinheiro há alguns anos, para dar a sua mulher e para ele mesmo o presente de uma inteira vida, viajar à Itália para conhecer seus parentes. Tinha o dinheiro aplicado em um banco.
Eu há três anos, de uma herança recebida na Itália, tinha uma propriedade rural em Rio Novo (MG), onde produzia em média 300 litros de leite por dia. Mas vendera o sítio e fora para o sul da Bahia onde poderia comprar uma extensão de terra muito maior e invernar gado. Com uma inflação de 3% ao dia, tinha meu dinheiro aplicado no Banco do Brasil. Chegara à Belmonte onde pretendia comprar as terras no dia do segundo turno das eleições que colocaram Fernando Collor de Mello na presidência. Não tivera ainda tempo para comprar o desejado. Não era muito dinheiro mas era tudo que tinha e eu já estava beirando os 50 anos
Caso votasse no Brasil, o faria em Collor. Os boatos antes da posse corriam soltos, aconselhei-me com o gerente do Banco, que sugeriu que tirasse o dinheiro do over night e o pusesse na conta corrente, pois esta era intocável e assim foi feito. O presidente eleito ainda não empossado garantiu que não tocaria em poupança ou contas correntes, portanto os feriados bancários não me preocupara, assisti pela televisão a posse de Collor e depois pasmado percebi que Leila, Orsini e eu tivéramos assim como dezena de milhões de brasileiros nosso dinheiro confiscado.
Por sorte, o ginásio municipal precisava de um professor de inglês, mesmo não sendo professor e sabendo alguma coisa do idioma fiquei empregado e ainda arrumei alguns alunos particulares. Essa atividade me permitiu sobreviver.
A inflação não foi debelado, depois de um longo período o dinheiro foi devolvido em prestações, mas praticamente perdido em seu valor; com última prestação comprei um par de tênis e foi só!
Depois fiquei sabendo que Collor pouco antes do confisco raspara sua conta bancaria. Dias depois a ministra Zélia Collor liberou geral para as empresas de transportes urbanos, beneficiando o grande amigo de Paulo César Farias, Walter Canhedo. Isso é que lembro e que sei, imagine-se o que teve de patifaria nessa trapalhada.
Collor renunciou a seu mandato, por corrupção comprovada. Volta agora como senador pelo voto de um eleitorado sem memória e tem o desplante de fazer um discurso em sua estréia de quase 4 horas, onde alternou fala mansa, fala grossa. Esse salafrário, ladravaz. vigarista, picareta e desclassificado ainda teve a desfaçatez de verter lágrimas fingindo emoção. Mais uma vez vou plagiar Adriana Vandoni.
Ora Collor, vá se ralar, seu safado!
Leila tinha um trabalho informal, vendia pelas casas produtos de beleza, com o pequeno ganho conseguia sobreviver à condição de mulher sozinha com filhos. Seu capital de giro, que lhe permitia comprar a vista e vender a prazo, estava no banco.
Orsini, filho de italianos, passara dos 60 anos, trabalhará como propagandista de laboratório, mas aposentado, tinha outro emprego, estava juntando dinheiro há alguns anos, para dar a sua mulher e para ele mesmo o presente de uma inteira vida, viajar à Itália para conhecer seus parentes. Tinha o dinheiro aplicado em um banco.
Eu há três anos, de uma herança recebida na Itália, tinha uma propriedade rural em Rio Novo (MG), onde produzia em média 300 litros de leite por dia. Mas vendera o sítio e fora para o sul da Bahia onde poderia comprar uma extensão de terra muito maior e invernar gado. Com uma inflação de 3% ao dia, tinha meu dinheiro aplicado no Banco do Brasil. Chegara à Belmonte onde pretendia comprar as terras no dia do segundo turno das eleições que colocaram Fernando Collor de Mello na presidência. Não tivera ainda tempo para comprar o desejado. Não era muito dinheiro mas era tudo que tinha e eu já estava beirando os 50 anos
Caso votasse no Brasil, o faria em Collor. Os boatos antes da posse corriam soltos, aconselhei-me com o gerente do Banco, que sugeriu que tirasse o dinheiro do over night e o pusesse na conta corrente, pois esta era intocável e assim foi feito. O presidente eleito ainda não empossado garantiu que não tocaria em poupança ou contas correntes, portanto os feriados bancários não me preocupara, assisti pela televisão a posse de Collor e depois pasmado percebi que Leila, Orsini e eu tivéramos assim como dezena de milhões de brasileiros nosso dinheiro confiscado.
Por sorte, o ginásio municipal precisava de um professor de inglês, mesmo não sendo professor e sabendo alguma coisa do idioma fiquei empregado e ainda arrumei alguns alunos particulares. Essa atividade me permitiu sobreviver.
A inflação não foi debelado, depois de um longo período o dinheiro foi devolvido em prestações, mas praticamente perdido em seu valor; com última prestação comprei um par de tênis e foi só!
Depois fiquei sabendo que Collor pouco antes do confisco raspara sua conta bancaria. Dias depois a ministra Zélia Collor liberou geral para as empresas de transportes urbanos, beneficiando o grande amigo de Paulo César Farias, Walter Canhedo. Isso é que lembro e que sei, imagine-se o que teve de patifaria nessa trapalhada.
Collor renunciou a seu mandato, por corrupção comprovada. Volta agora como senador pelo voto de um eleitorado sem memória e tem o desplante de fazer um discurso em sua estréia de quase 4 horas, onde alternou fala mansa, fala grossa. Esse salafrário, ladravaz. vigarista, picareta e desclassificado ainda teve a desfaçatez de verter lágrimas fingindo emoção. Mais uma vez vou plagiar Adriana Vandoni.
Ora Collor, vá se ralar, seu safado!
Um comentário:
Alô, Giulio.
A inserção de jaymeguedes apresenta laivos de ciência política. O argumento central é o mesmo que diz ser preferível ter de sustentar uma família real e seu entorno, que custa muito menos que manter uma corja presidencialista como a nossa. Para que precisamos de 513 dePutados e 81 senadores? São quase 600 grandes ralos de dinheiro público, contando o absurdo número de 'aspones', sem contar os 'desvios', e com as honrosas e pequenas exceções à regra de sempre.
A democracia só funcionava bem na origem grega, onde grande parte do povo era culta. Com a ignorância que grassa neste rincão, e voto de analfabeto, continuaremos a descer a ladeira. E espero, pelo menos, que ela seja longa porque, ao chegar no fim dela...
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