3 de mai. de 2007

Marginais detestam a imprensa

Por Pedro Oliveira - Jornalista e presidente do Instituto Cidadão.

Nós jornalistas, principalmente aqueles que contrariam instituições podres e poderosas, governos sujos e parlamentares corruptos, estamos sempre expostos a processos judiciais muitas vezes nas mãos de juizes equivocados ou com sentenças a preços tabelados. A liberdade de expressão nos permite o direito de opinar e denunciar esses marginais de gravata, não muito diferentes daqueles que assaltam nas ruas, seqüestram e assassinam. São assaltantes da mesma maneira pois roubam o dinheiro da saúde dos miseráveis, da merenda escolar, formam quadrilhas e prevaricam. E o pior: ainda nos culpam.
O Partido dos Trabalhadores corrompeu, roubou e praticou todos os tipos de atos de marginalidade. O Brasil abismado assistiu a um teatro de mentirinha, negativas fajutas, “demissões acordadas”, acusações gravíssimas do procurador geral da República, um presidente exposto e com desculpas que não convenceram. Nada aconteceu. De quem a culpa? Da imprensa?
O presidente do PT à época, José Genoino, réu em processo criminal no STF por envolvimento no esquema do mensalão. Ele mesmo, que teve o seu irmão José Adalberto, também petista, preso pela Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas (SP) com 100 mil dólares escondidos na cueca, Disse que “pessoas do Ministério Público e da mídia partem da idéia de que algumas instituições encarnam o bem e fazem um julgamento preconceituoso e elitista do que consideram o mal numa tentativa de tirar a legitimidade da política”. O seu substituto, o “insosso” Ricardo Berzoini também foi acusado de participar do escândalo da compra do “Dossiê Vedoin”. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal firmaram a convicção de que a compra do dossiê partiu de orientação dele, então presidente do PT e coordenador-geral da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.De quem a culpa? Da imprensa?
Justamente o investigado Berzoini vem agora posar de bom moço e pregar que na reforma política que tramita no Congresso “se discuta meios de diminuir o poder dos meios de comunicação no processo eleitoral. Vários meios de comunicação abriram mão do bom jornalismo nas últimas eleições”. Erramos ao denunciar os roubos petistas, o envolvimento com o crime e a lavagem de dinheiro?
Alguns desejam uma imprensa submissa, ou censurada tal qual nos tempos negros da ditadura, que tanto foi combatida pelas lideranças petistas e esquerdistas de mesa de bar. E nesta jornada eles têm companhia. O obscuro deputado do PCdoB (PE) Renildo Calheiros sai com esta declaração: “A mídia brasileira é muito desinformada, gosta mesmo é de escândalo, tem muita dificuldade de divulgar o que ocorre no debate nacional”. É preciso que o deputado “vermelho” saiba que a mídia brasileira é sim, alimentada por escândalos promovidos por políticos, e se tem dificuldade na divulgação é porque não há debate nacional, uma vez que muitos de seus companheiros são incapazes de produzir algo de útil, de honesto ou de ético.
O jornalista Arnaldo Jabor, como se falasse em nome de todos os brasileiros fez referências fortes, porém verdadeiras, sobre a maioria dos inquilinos do Congresso Nacional. As suas palavras feriram os brios de alguns. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, disse que iria processá-lo, os líderes da base do governo reclamaram revoltados contra a imprensa, o deputado Jovair Arantes, outro processado por improbidade administrativa, também não gostou.
A grande verdade é que a mídia nacional, ao contrário do que pensa o deputado Renildo Calheiros,não precisa grande esforço para pautar suas redações de escândalos, corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, picaretagem explícita e muitos outros crimes. Basta escalar a turma para dar plantão no Congresso Nacional, a maior fonte de informações do gênero. O grande foco é que marginais detestam a imprensa.

Um comentário:

ma gu disse...

Alô, Adriana

Noite dessas estava vendo na GNT um filósofo francês sendo entrevistado. Ele disse que foi convidado por Jacques Chirac para ser o ministro da educação da França pois, segundo disse o presidente, queria colocar no governo algumas pessoas e intelectuais que não fossem políticos profissionais. Aceitou porque já tinha algumas idéias que gostaria de aplicar, principalmente no ensino médio. E ficou feliz, pensando que: "Agora sim, tenho um cavalo para me levar de um lugar ao outro, dentro do governo, para que eu possa aplicar minhas idéias."
Dois anos depois, pediu demissão pois, não tinha conseguido levar adiante nenhuma de suas idéias. E concluiu sua resposta dizendo:
"Os políticos profissionais são pessoas que não querem ir a lugar nenhum. Sua única preocupação é manterem-se em cima do cavalo."
Respondendo à pergunta de Pedro Oliveira: Não é da imprensa. A culpa é do cavalo!