13 de jun. de 2007

Alguém Precisa Avisar Lula, que Dois e Dois, Jamais serão Cinco

Dora Kramer em sua coluna de hoje, fala com total acerto o que cada cidadão de bem espera saber sobre o caso que envolve o irmão, “lambari”, “inimputável”, “incapaz de fazer lobby”, “bom de coração” “ingênuo” do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o Vavá.
No que foi contado e justificado especialmente por Lula, nada bate e ele procura esquecer, para que os brasileiros não lembrem, que Vavá é reincidente nessa atividade ilegal.
Frei Chico disse que, no telefonema, orientou Vavá a não ir à capital porque “Lula desde o começo não deixou nenhum parente se meter”. Em quê?
Em alguma confusão cujos detalhes permanecem obscuros, mas que muita gente sabia que estava prestes a explodir. Vavá sabia, Frei Chico sabia, o presidente Lula sabia, o delegado de Mato Grosso do Sul que comentou sobre a ação da PF contra os bingos no barbeiro sabia, os fugitivos sabiam. Mas se depender de quem deve por obrigação esclarecimento, o cidadão será o único a continuar não sabendo nada e a eleger Lula, Fernando Collor, Jader Barbalho, Romero Jucá etc... (G.S.)
(*) Nas fotos: Lula e Frei Chico com Vavá
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DESENCONTRO FACTUAIS

Por Dora Kramer - dora.kramer@grupoestado.com.br

Houve um tempo - não faz muito tempo - em que inquietava o País saber se o presidente Luiz Inácio da Silva conhecia ou não as malfeitorias do PT em geral e de gente muito próxima a ele em particular.
Essa fase foi superada, a desconfiança consolidada, mas a consciência presumida dos fatos devidamente relegada ao plano das irrelevâncias.
Como ficou combinado que o consenso geral sobre a impossibilidade de o presidente desconhecer o que se passava à sua volta não guardava relação com a exigência da maioria sobre atributos indispensáveis ao exercício da Presidência da República, muito provavelmente as novas andanças da família Silva não renderão maiores aborrecimentos ao integrante mais poderoso do clã.
Ainda que os desdobramentos da Operação Xeque-Mate não deixem mais nenhuma dúvida a respeito do pleno conhecimento de Lula a respeito das peripécias do irmão Genival, ora pedindo dinheiro a um, ora prometendo traficar influência a outro.
O presidente Lula não cometeu nenhum crime quando, na Índia, horas depois da operação de busca e apreensão na casa de Vavá pela Polícia Federal - numa ação que levaria à cadeia um compadre seu envolvido “até o pescoço” com a jogatina ilegal -, atestou a inocência do irmão, um homem de “bom coração”, incapaz de fazer mal a ninguém e, além do mais, cultural e mentalmente incapacitado para as atividades de que estava sendo acusado.
“Vavá não tem cabeça para fazer lobby”, consta ter comentado o presidente em conversas com auxiliares.
Abstraindo-se a ausência de nexo no argumento porque para pedir “dois paus pra eu” a bingueiros não é necessário ser PhD em ciência política - título igualmente inexistente nos currículos de outros dois já notórios e reles pedintes, Waldomiro Diniz e Maurício Marinho (Correios) -, o presidente tomou a providência de sempre: fez-se de morto.
A simulação, porém, teve vida breve. O telefonema do irmão mais velho, Frei Chico, para avisar o parente de que havia umas “broncas” contra ele em Brasília e, por isso, o presidente pretendia lhe passar uma reprimenda, atesta que não só o presidente sabia perfeitamente bem que Vavá estava metido em complicações com a lei, como dera conhecimento disso a outros integrantes de família.
Saúda-se a não interferência do presidente junto à PF no sentido de barrar as investidas sobre o irmão como se o gesto fosse uma anomalia (do bem) e não a única atitude aceitável. Lula não foi além do seu alcance e manteve a habilidosa distância regulamentar de sempre.
Nem por isso deixou de pôr em xeque o sigilo da ação da Polícia Federal. Quando falou com Vavá no dia 20 de maio, Frei Chico sabia que o telefone estava grampeado.
Identificou-se como “Roberto”, personagem a quem identificou como “um primo em segundo, terceiro grau, casado com uma prima em segundo grau”. Confrontado, admitiu a possibilidade de ser o autor do telefonema divulgado na sexta-feira com a reprodução da conversa em que Vavá era alertado para a existência da “bronca”.
A família Silva não tem sabido se explicar a contento sobre as peripécias de Genival. Soma dois mais dois, mas como resultado exibe cinco, soa incongruente. Primeiro, o presidente não sabia de nada até horas depois da operação da PF, o que teria provocado “irritação” em relação ao ministro da Justiça, suposto responsável pelo atraso.
Depois, não houve demora; a discussão passou a ser se Lula havia sido avisado com duas horas de antecedência ou no momento em que ocorria a busca.
Quando se manifestou, o presidente duvidou do envolvimento do irmão, mas em seguida fica-se sabendo que o mesmo autor do atestado de inocência estava disposto a lhe passar uma reprimenda em regra e fica a dúvida: repreendê-lo por qual motivo, se é um homem de bom coração e conduta ilibada?
As incongruências continuam na explicação sobre o telefonema de alerta. A versão inicial era de que a conversa era sobre um tratamento de saúde que o levaria a Brasília, não exatamente um centro de excelência para quem mora em São Paulo; depois Frei Chico disse que, no telefonema, orientou Vavá a não ir à capital porque “Lula desde o começo não deixou nenhum parente se meter”. Em quê?
Em alguma confusão cujos detalhes permanecem obscuros, mas que muita gente sabia que estava prestes a explodir. Vavá sabia, Frei Chico sabia, o presidente Lula sabia, o delegado de Mato Grosso do Sul que comentou sobre a ação da PF contra os bingos no barbeiro sabia, os fugitivos sabiam.
Só quem continua sem saber de quase nada é o cidadão, de quem agora se busca cassar o direito de saber mediante a limitação dos grampos legais nas investigações policiais.

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