15 de jun. de 2007

As bacantes de Blairo e Pagot, no Pantanal

Por Enock Cavalcanti – para o CircuitoMT

Meus amigos, meus inimigos: monsieur Pagot não consegue ser nomeado para o DNIT. Os dias rolam e a nomeação não sai. Escrevo na quarta-feira e, simplesmente, não há perspectiva de que esta tal sabatina no Senado aconteça e a nomeação de Pagot se desencante. Claro que numa situação dessas, algum tipo de desespero há de pintar por aí. Afinal de contas, monsieur Pagot foi pego na mentira: trabalhando para as empresas de Blairo Maggi em Manaus, aceitou ser nomeado pelo senador Jonas Pinheiro para uma sinecura no Senado Federal – e, na hora de apresentar o currículo aos senadores que vão examinar sua nomeação, se esqueceu deste fato. Algum tipo de desespero há de pintar por aí. Nem que seja naquela hora em que, peladão dentro do banheiro, monsieur Pagot observe a sua triste figura refletida no espelhinho em que faz a barba.
Como se vê, meus últimos artigos estão repletos de personagens nus. Por que será que tenho esta mania de imaginar lideranças políticas e partidárias sem roupa? Acho que é algum tipo de interesse lancinante pela transparência. Já ouvi dizer que é pelado, dentro de uma sauna, que os mafiosos mais gostam de negociar e estabelecer seus acordos.
A julgar pelo que nos informaram os colunistas Cláudio Humberto e Marcos Antônio Moreira, a Turma da Botina, que atualmente impera em Mato Grosso, também tomou um gosto estranho por este hábito dos mafiosos. Senadores escalados para sabatinar Pagot no Senado, e conferir as credenciais que apresenta para assumir o DNIT, teriam sido convidados para um regabofe no Sesc Pantanal, onde imperou a formalidade. A Gazeta, o Diário de Cuiabá, a Folha do Estado, os jornalões mais acreditados de nosso Estado, como sempre, fizeram boca de siri, sobre a questão. Mas Cláudio Humberto e o Villa informaram e ninguém os desmentiu: a reunião de senadores com o governador Blairo Maggi, com Pagot e outros menos votados teria contado inclusive com a presença erotizante de acompanhantes escolhidas a dedo. Será que houve um momento em que estes respeitáveis senhores, do Senado Federal e da administração pública de Mato Grosso ficaram bem à vontade, festejando a possibilidade de ser os poderosos de plantão?! Será que havia uma música de fundo? Será que a cena se deu também numa sauna ou foi em um quarto bem acolchoado?!
Vivo na expectativa de saber que Maggi, Pagot, o senador Marcone Perillo, o senador Delcídio Amaral e outros mais vão processar Cláudio Humberto e Marcos Antonio Villa Moreira por atentar contra a honra de autoridades tão bem-casadas, tão respeitáveis, tão inatacáveis. Sim, porque se o processo não vier, será uma demonstração de que a sacanagem se instalou de vez na política brasileira. Para definir qualquer questão mais conflitante, basta se reservar um hotel no meio do mato, ou no meio do Pantanal, chamar as garotas mais estimulantes que houver na praça e estabelecer um relaxamento total, na base de muita conversa, muito sexo e sabe-se lá mais o quê? Como todos devem lembrar, Blairo Maggi já foi comparado a Nero, por jornalistas europeus, dado o seu hábito de favorecer as queimadas no território tão sofrido de Mato Grosso. Agora, como este pretenso bacanal que o governador de Mato Grosso teria promovido no meio do Pantanal, acho que nos aproximamos cada vez mais do padrão de governar que existia durante o Império Romano. Quem não se lembra do enorme poder que tiveram os césares?! Sim, mas depois do poder e da glória, veio a queda constrangedora...

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