26 de jun. de 2007

Balela

Por Fabiana Sanmartini

A menos de 20 dias do Pan a violência não diminuiu. Muito pelo contrario estamos em estado de guerra. Uma guerra velada, onde nossos maridos e filhos não são convocados. Mas é muito pior, somos todos, mulheres, homens, crianças idosos, expostos a uma batalha desigual. Não é santa esta guerra, não é baseada em ideais ou conquistas territoriais, ela se fundamenta na incompetência do Estado. Até onde podemos chegar? Quantos mais precisam morrer no Rio?
O mundo se prepara para ver um show de esporte e o que podem ver é um filme de terror.
As pessoas que vão dançar na abertura e fechamento dos jogos não estão recebendo a prometida ajuda de custo e pior, não sabem se vão chegar ao Sambódromo (Centro do Rio) ilesas. Foram relatados assaltos e insegurança para chegar ao local de ensaio, o que os levou a uma espécie de grave, muitos deles precisam passar pelas “zonas de conflito”. E ai Governador? E ai Ilustríssimo Sr. Presidente? O Sr. já não foi do povão? O que esta faltando para ser decretado estado de calamidade pública e a União tomar alguma atitude. É bem verdade que no Planalto a moda não é o esporte, é boi banhado a ouro. Mas é que o Rio de Janeiro vai ser o retrato do Brasil durante os jogos. Não estamos falando de turismo de férias, nisso o Rio continua enchendo os bolsos e cofres. É que daqui também saem os votos e os impostos que pagam os salários altíssimos das ditas autoridades. Quem sabe se pensarem que cada cidadão abatido é menos impostos pagos, menos voto na urna... Talvez assim se tome uma atitude, porque se não for rápido, não vai sobrar eleitor no Rio.
Se não fosse o bastante, a Tocha Olímpica passara pela Baixada Fluminense. Quem irá garantir a integridade dos atletas que vão correr com ela? A qualquer momento, quando quiser, o narcotráfico fecha as ruas, as lojas e as escolas, como já vem fazendo. Os aeroportos são um capítulo à parte. As delegações vão ter que chegar ao Brasil, e caso consigam, vão passar ao longo das comunidades em guerra e chegar ilesas as vilas olímpicas? É uma incógnita. Passar pela Linha Vermelha, Amarela ou Av. Brasil já foi heroísmo, hoje virou ato de loucura. Na Tijuca, e nas ruas do subúrbio, nem de colete a prova de balas, está se atirando na cabeça para não estragar o couro!
Vamos parar de uma vez por todas de maquiar, declarar com a maior desfaçatez que a situação já está sob controle. É balela, mentira! Todos os dias vemos mais um ferido, outro morto.
Se as forças armadas podem dar um fim nesta situação que venham! Não para que tomem o Estado, mas para que nos auxiliem. Estamos cansados de ver os traficantes dançando para os policias. A situação já saiu do controle faz tempo e o Governo insiste em não ver, como um alienado repetindo, até se convencer, que esta tudo bem. As polícias por sua vez não estão preparadas nem equipadas para entrar numa guerra. Eles são “treinados” para manter a ordem. Manter quer dizer conservar, preservar. E no caso do Rio não existe ordem estabelecida!
E então como vai ser? Podemos convocar os “atiradores de elite” do trafico para se juntarem a delegação do Pan. Assim quem sabe vamos garantir que não teremos balas perdidas durante os jogos. Pelo menos o alvo deixará de ser o cidadão!

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