28 de jun. de 2007

O Pequeno Prícipe e o Jornalismo


Por Juliano Schiavo

Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, traz em suas páginas de forma filosófica e poética uma série de reflexões. É um livro carregado de emoção, que nos faz refletir e também nos ajudar a criar comparações com o mundo em que vivemos.
É possível traçar um paralelo entre esse livro e o jornalismo atual. Só para exemplificar, pegue-se uma passagem do livro, onde o pequeno príncipe visita os asteróides próximos a sua casa para procurar uma ocupação e se instruir.
No primeiro planeta, a personagem encontra um rei:

O rei sentava-se, vestido de púrpura e arminho, num trono muito simples, posto que majestoso.
- Ah! Eis um súdito, exclamou o rei ao dar com o principezinho.
E o principezinho perguntou a si mesmo:
- Como pode ele reconhecer-me, se jamais me viu?
Ele não sabia que, para os reis, o mundo é muito simplificado. Todos os homens são súditos.

Esse trecho sintetiza de forma bem detalhada o mau jornalista, ou seja, aquele que se considera um rei, com súditos. Aquele jornalista que quer ser aplaudido e diz ter em seu alcance todas as estrelas. Pobre profissional. Mal sabe que por detrás de sua vaidade e seu falso poder está a sua perdição, sua ruína – e há muitos “profissionais” que agem assim.
Jornalista-rei é o que se acomoda em seu trono, vestido de púrpura e arminho. É aquele que espera pela informação e não se levanta para ver os fatos. Se jornalismo é verdade, se é exatidão, como podem contar a realidade por detrás de seus tronos sem ao menos olhar, olho a olho, sua fonte?
É a sociedade que mais uma vez sai perdendo – perde a riqueza dos detalhes da notícia, perde a oportunidade de observar outros ângulos do fato, perde, enfim, a vontade de continuar lendo – tudo é muito parecido, formatado, sem vida. Falta ao jornalista-rei cair na real e ver que seu planeta não possui súditos. Essa é a única salvação.
jssjuliano@yahoo.com.br

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