13 de jun. de 2007

Sérgio Gabrieli e o conceito de lucro

Por Ralph J. Hofmann

Sérgio Gabrieli está completamente deslocado comandando uma empresa multinacional. Acredito que possa até ter sido um excelente funcionário da Petrobrás, mas não sabe nada sobre comandar uma S.A.
Agora alega que a Petrobrás nada perdeu com a venda das refinarias na Bolívia, alega que as refinarias deram lucro após 1999 e que, portanto a empresa ressarciu seus gastos e agora com a venda por 112 milhões parcelados está no lucro.
Em que mundo Gabrieli habita?
Se as refinarias davam prejuízo, ou poucos lucros ao serem adquiridas, evidentemente passaram a ser lucrativas graças a um know-how amealhado a duras penas pela Petrobrás ao longo de cinqüenta anos. Isso é propriedade intelectual. O uso de propriedade intelectual se paga, e se paga bem.
Ao aplicar os seus conhecimentos em recuperar as refinarias bolivianas a Petrobrás abriu sua caixa preta de pequenas e grandes medidas. Portanto transformou um ativo que tinha certo valor antes de ser adquirida em um ativo de valor completamente diferente.
Esse ganho de valor não apenas é uma propriedade de todos os contribuintes brasileiros, através do controle acionário da Petrobrás, como também pertence aos acionistas da Petrobrás, como já tivemos ocasião de escrever.
É o mesmo caso de outros ativos nacionais que foram vendidos. Muitos, na véspera de serem privatizados, compareciam regularmente ao tesouro nacional para que se lhes tapasse os rombos causados por décadas de prejuízo. Hoje correm mundo adquirindo empresas congêneres, alavancando as compras com seus lucros. Obviamente o valor dessas empresas é muito superior ao das empresas originalmente adquiridas. Ao valor dos ativos originais soma-se o valor do negócio em si, que dependendo do caso equivale a dez vezes o seu faturamento anual, ou a um valor baseado na importância estratégica do negócio.
Decididamente a chave do cofre da Petrobrás está em mãos de uma pessoa que não enxerga ou não quer enxergar.

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