19 de jul. de 2007

Queriamos Contar as Medalhas

Por Fabiana Sanmartini

Viva, estamos em terceiro lugar no quadro de medalhas geral do Pan Americano. Então você pega o jornal e lá está o ópio do povo. A nossa dose de droga, folheia-se o jornal e nada... Nada não... Depois das ameaças que levaram para fora do Rio o perito que descobriu o sumiço das provas e da execução, no Complexo do Alemão, agora foi à vez do Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, João Tancredo que foi exonerado. O fato é a coincidência de a exoneração ter saído no mesmo dia em que este entregou ao Ministério Público a notícia-crime de execução de 13 das 19 vítimas do Complexo do Alemão e com o pedido de intervenção da OEA (Organização dos Estados Americanos), junto a outras instituições de direitos humanos.
Em comentário à exoneração, o Presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Wadih Damous, declarou que Tancredo estava agindo de forma independente, ou seja, estava saidinho demais. Sabemos que Tancredo já havia sido ameaçado e que o problema real é que estava AGINDO! Neste país onde tudo cai em esquecimento, vide Collor, e tantos outros que nem se faz necessário listar, a falta de memória é uma benção para os bandidos oficiais. Será que este vai ser o próximo capítulo das violências policias impunes? Candelária ficou só com a cruz verde na porta, Acari com as mães, Vigário Geral nem se ouve mais falar. É a certeza de impunidade que leva a violência a ser idolatrada. Esta que faz com que homens agridam mulheres, e sob a roupagem de “crianças” universitárias da privilegiada Barra da Tijuca, declarem que ao espancarem a doméstica Sirlei estavam “apenas” tirando um “sarro” com a cara das prostitutas. Nem os jogos ficaram de fora um remador americano foi assaltado, ainda bem sem violência física, porque violência sempre há quando seus pertences lhes são arrancados.
Vamos sim comemorar o desempenho dos nossos atletas. O esporte é junto com a educação a melhor forma de manter os jovens em uma vida saudável independentemente da classe social, na minha opinião. É só ver o badminton, esporte pouco conhecido pra nós, mas que vem fazendo sucesso em comunidades.
Vamos continuar num misto de torcida e protesto, caso contrário deixaremos “esfriar” e estaremos colaborando assim com a compra da pizza para o final já tão conhecido.
Queríamos contar medalhas, mas estamos tendo que procurar a dignidade que nos foi rapinada.

(*) Na foto: o momento que um policial militar assassinava um trabalhador em Duque Caxias (RJ)

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