11 de jul. de 2007

Sai uma “Schin” gelada e uma picanha alagoana!

Por Pedro Oliveira Jornalista e presidente do Instituto Cidadão.

O pedido em tom de brincadeira eu ouvia em um conhecido boteco, na Vila Mariana, em São Paulo esta semana. O autor, freguês importante do local, arquiteto, urbanista e professor, não imaginava a presença naquele momento de alguém alvo de seu gracejo. Logo ficou sabendo. O dono do boteco, o paraibano Lourenço da Mata, nos apresentou e ainda passou-lhe minha ficha completa. O professor se apressou em pedir desculpas pela brincadeira no que foi prontamente contestado por mim: - Se tem alguém aqui que deve pedir desculpas sou eu, não pelo fato de ser alagoano, mas pela escória política que domina o meu estado.
Tivemos uma longa e agradável conversa, admirei algumas de suas obras e lhe ofereci meu livro “Brasil 2006. A História das Eleições”. No final quase viramos parceiros, pois nos prometemos fazer um trabalho a quatro mãos sobre casos de corrupção de abalaram o Brasil. Teremos novos encontros e tenho certeza que fiz mais um bom amigo. Além de tudo ele é um chargista de primeira.
Conheceu Alagoas 26 anos atrás e perguntou-me sobre a terra e os políticos. Falei-lhe das nossas belezas naturais, da nossa história, do humor do alagoano. E ele acrescentou: “Terra fantástica essa sua, meu caro. Povo que nos surpreendeu pela hospitalidade, pela alegria e pela boa mesa”. Dos nossos políticos não precisei falar muito, pois estes o Brasil conhece. Deus foi verdadeiramente cruel nesse quesito com a gente. Indagou-me sobre o “fenômeno” Collor e eu lhe respondi que isto não existe. Sua eleição para o Senado foi fruto de um momento que ele soube aproveitar. É um “carma” nos mandado pelo Rio de Janeiro cuja imagem negativa, a exemplo de um Paulo Maluf, em São Paulo, nos prejudica muito. – E os Calheiros? Indagou meu novo amigo. – Conheci o Renan por volta de 1978, quando foi eleito deputado estadual. Menino pobre, comunista, oriundo do movimento estudantil, sagaz e muito esperto, teve uma carreira meteórica na política. Da mesma escola de Collor, que alavancou sua trajetória e o “ungiu” ao seu cardinalato na desastrosa passagem pela Presidência da República, soube percorrer com competência os caminhos da prosperidade política e patrimonial.
Sempre rolaram conversas sobre o progresso anormal de sua riqueza. Sempre se falou em “laranjas”, em negócios nebulosos, mas confesso que nunca vi qualquer prova de sua desonestidade. Como também não me arrisco a atestar sua ética com os negócios públicos. Ele é que tem que provar ao Senado e principalmente ao Brasil, que é honesto. Quanto aos seus irmãos são figuras sem expressão na política e por isso fora de evidências. O Olavo é deputado federal ninguém sabe como e a que custo. Despreparado, mais para obtuso como parlamentar, afirmam que apenas sabe ser ágil nos “negócios” (está ai a transação suspeitíssima da Schincariol). Renan tem um filho prefeito da cidade de Murici. Um jovem inexperiente e que ali chegou pelos votos e favores do pai. E um irmão que é vereador em Maceió, também sem nenhuma expressão política. Nada mais sei dos Calheiros, com os quais nunca tive aproximação.
Ai o novo amigo me fez a pergunta fatal: “qual o melhor político de Alagoas?”. Confesso que me vi compelido a citar um ou dois, mas não tive coragem. Pelo medo de ser decepcionado amanhã, pelo receio de estar citando um calhorda. A grande verdade é que mais uma vez Alagoas está com suas vísceras em exposição, em mais episódios que envergonham e jogam lama em nossa história construída à custa de tanto sacrifício de alguns. Será que merecemos, pois somos nós mesmos que escolhemos? Fizemos um brinde ao combate sistemático à corrupção e na nossa fé de que um dia tudo isto mude. Mesmo que seja pela força da revolta e da indignação das ruas. E só assim haverá mudanças, pois não se deve esperar muito de Brasília, onde nos parece que todos são iguais.
Ps. Ontem recebi por e-mail a charge do nosso encontro, que ficou magnífica. Vejam. Obrigado, Roque Sponholz.

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