27 de jul. de 2007

Uma grande vaia para a corrupção

Por Mário Salvador - Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Na abertura do PAN-2007, noventa mil pessoas brindaram Lula, nosso Presidente da República, com sonoras vaias. Na derrota para o Equador, a Seleção sub-20, que tem no elenco o Lulinha, foi vaiada por sessenta mil pessoas. E o cenário das vaias se repetiu: o estádio do Maracanã.
Podemos dizer que, em ambos os casos, as vaias tiveram o mesmo objetivo: criticar o corpo mole de nossos dirigentes ao resolverem os problemas do Brasil. Assim como a Seleção de futebol não teve fibra para sustentar o placar vencedor e deixou a equipe do Equador virar o jogo, também o Presidente não está tendo mão firme para lutar contra a corrupção desenfreada, que já tomou conta do país.
Houve um tempo em que foi necessário adotar um lema como alerta para um mal que estava aniquilando o país: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil.” A situação era realmente caótica, com a formiga cabeçuda tomando conta de todas as terras férteis, liquidando as lavouras e dando um prejuízo enorme para a nação. Com vontade política, a saúva foi derrotada. Graças a uma luta heróica, o país conseguiu derrotar o seu grande inimigo.
A corrupção é a saúva deste momento histórico. É o caso de se parodiar o lema daquela luta contra a saúva: “Ou o Brasil acaba com a corrupção ou a corrupção acaba com o Brasil.” Nessa luta, o Comandante em Chefe deve ser o Presidente da República, eleito e reeleito por milhões de brasileiros. E a primeira coisa que ele tem a fazer é colocar a casa em ordem.
Por exemplo, o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, deveria ser convidado a colocar o cargo à disposição do Presidente, depois de seu gesto obsceno, levado ao conhecimento dos brasileiros pela televisão. Seria um começo. Garcia até que se desculpou, sabendo que cometera um grave deslize em razão do cargo que ocupa, afinal, pessoas ligadas diretamente ao Chefe de uma nação devem ter um comportamento exemplar.
Está ótimo que o Brasil esteja conquistando um número recorde de medalhas nestes jogos PAN-Americanos. Mas a população ficará imensamente agradecida ao Presidente se ele mandar fazer uma auditoria especial nos gastos do PAN, que extrapolaram o custo inicial programado. Será que houve um erro de cálculo no levantamento dos custos, ou os custos foram aumentados deliberada e estratosfericamente para que alguém se beneficiasse?
E na área política é importante que o Presidente adote uma conduta especial, mostrando aos que ocupam cargos políticos que eles devem, por sua vez, conduzir os seus passos em benefício do país, do povo, deixando de pensar no próprio bolso.
A corrupção anda tão presente na memória dos brasileiros, que nem os jogos do PAN, nem o maior desastre da aviação brasileira foram capazes de desviar o foco das atenções do que ocorre no Senado Federal. Aliás, o Presidente do Senado, sob fogo cruzado, já declarou que vão ter que sujar as mãos para tirá-lo do poder...
Em meio à tragédia do acidente aéreo todos os comentários foram para realçar o descaso do poder federal para resolver o problema do caos da aviação, sempre realçando a falta de vontade política para solucionar as questões que tanto afligem os que se utilizam do avião como meio de transporte.
Há males que vêm para o bem, dizem. Quem sabe esse acidente que deixou mais de duzentos mortos poderá marcar o início de uma campanha de moralização do setor público, que deixará de empurrar com a barriga os incontáveis problemas dos brasileiros para que, assim, soluções adequadas comecem a aparecer. E na busca de soluções para os males da Pátria, um dos desafios é acabar com a corrupção. Antes que ela acabe com a Pátria.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma vaia para a Academia Tucana de Letras do Triângulo Mineiro. Credo! isso existe mesmo? Academia Tucana de Letras do Triângulo Mineiro.