28 de jul. de 2007

Xenófobos

Por Ralph J. Hofmann

Há uma ficção de longa data no Brasil. Dizem ser este um país luso. Ibero-americano. Pode ter sido até o século dezoito, mas tanto nos idéias da Inconfidência Mineira quanto nos hábitos trazidos pela corte portuguesa quando aportou no Brasil introduziram elementos cosmopolitas ao país.
Sabemos que as grandes personalidades de que nos orgulhamos neste país, como Ruy Barbosa eram fluentes em pelo menos inglês e francês, fora dominarem o latim.
Em “Um Solo de Clarineta” Érico Veríssimo descreve um grupo de pessoas em sua Cruz Alta nativa que se reuniam em torno de livros e revistas inglesas e francesas. Uma cidade minúscula no meio do Rio Grande do Sul abrigava a infância de um dos grandes escritores da língua portuguesa que tomava conhecimento de grandes obras no original já na sua infância. Pouco surpreende que posteriormente tenha coordenado durante anos a produção da Coleção Nobel da Editora Globo de Porto Alegre, aonde muitos brasileiros vieram a conhecer tudo que se publicava na Europa dos anos vinte e trinta.
O idioma português é atraente, é agradável, é rico. Disto não resta dúvida. Na maioria dos casos, salvo por enclaves, a maioria dos brasileiros de segunda geração, sejam “oriundi” da Itália, Alemanha, Japão, Suíça ou de qualquer outra região do globo passa a ser fluente no seu uso.
Portanto não se trata de um idioma ameaçado de extinção, salvo talvez pela ameaça do português excessivamente corrente usado nas novelas da Rede Globo, que se encarregam de divulgar anomalias do linguajar de grupelhos cariocas ou nordestinos.
Por outro lado o país hoje não é, de forma alguma um país luso. O próprio termo Ibero-americano hoje se reporta apenas às origens coloniais dos países. A partir do fim do século dezenove houve um aporte de dezenas de nacionalidades perfeitamente acomodadas nesses países. Basta examinar as listas de presidentes e ministros de países da América Latina dos últimos tempos. Fujimori, Kirchner, Kubischek, Geisel, Bachelet e muitos outros.
Seria miopia acusar as nacionalidades que vieram compor o país de isolacionistas. Hoje o Bexiga em São Paulo é mais um estado de espírito do que uma localização geográfica. O povo italiano do Bexiga é indiscutivelmente brasileiro. Com uma linguagem corporal e sotaque próprio, mas brasileiro. Mas de qualquer maneira há imensas diferenças no sotaque e linguagem corporal de cariocas, baianos, capixabas, gaúchos e mineiros. Todos brasileiros.
E o precedente está na Europa. Irlandeses, escoceses e galeses ocupam o mesmo grupo de ilhas dos ingleses. Bretões, normandos, provençais e alsacianos ocupam o território francês.
Todos com seu sotaque, ou até mesmo com um idioma oficial e um idioma regional completamente diverso do idioma nacional.
E em grande parte da Europa todas as pessoas educadas falam adicionalmente um outro idioma aprendido nos bancos escolares.
Mas o Brasil é diferente. No Brasil não há necessidade dessas frescuras. No Brasil todo aquele que falar um idioma, digamos o inglês, é pelo menos um degenerado, na pior das hipóteses uma ameaça ao país.
Que dirá das pessoas que hoje se preparam para negociar na China e estão aprendendo chinês?

Um comentário:

Anônimo disse...

Xenofobia: do Gr. xénos, estrangeiro + phob, r. de phobein, ter aversão; s. f.,
aversão às pessoas ou coisas estrangeiras.

Uma pessoa é xenófoba por duas razões: ignorância ou insegurança.

Tá explicado!!!!


FORA lula !!!!