1 de set. de 2007

Cada Qual Com Seu Cada Qual

Por Giulio Sanmartini

No dia 29 de dezembro de 1992, pouco menos de passados dois anos de sua posse o ex presidente Fernando Collor de Mello renunciou ao cargo, pois 3 meses antes a Câmara autorizava o Senado a abrir processo contra ele por crime de responsabilidade e o afastava do cargo.
Ele renunciou 20 minutos depois do Senado instalar a seção para julgá-lo. No dia depois, por 76 voto a três, o Senado considerou Collor culpado de crime de responsabilidade e assim ficou impedido de exercer a função pública durante oito anos.
Em 14 anos muitas coisas aconteceram, até quem poderia criar mais luz sobre os fatos delituosos acontecidos durante seu governo, morreu em circunstâncias misteriosa, Paulo César Faria seu tesoureiro da campanha e que fornecia dinheiro a ele e sua família.
Mas mostrando que o eleitor não tem memória, ou que a coisa atual está tão ruim que os crimes de Collor passaram a ser mixaria, ele, pelas urnas, voltou esse ano triunfante ao Senado Federal. De arquiinimigo passou a ser aliado do presidente República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Todavia licenciou-se por 4 meses para fazer “palestras” a favor do parlamentarismo, dessa forma abrindo vaga para mais um senador sem voto, tipo Siba Machado (PT-AC), Wellington Salgado (PMDB-MG) e Gim Argello (PTB-DF). A vaga de Collor foi assumida por Euclydes Mello (PTB-AL), que por acaso é seu primo. Este em sua posse, foi só elogios ao parente e listou suas realizações como presidente: construção de hospitais universitários, a implantação do médico da família, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Eco 92, Lei Rouanet. Tudo verdade, mas a isso tinha que ter acrescentado que Fernando Collor de Mello, quando presidente, foi comprovadamente ladrão.
Na foto Euclydes Mello é cumprimentado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, após discursar. Confirmando “cada qual com seu cada qual”, ou como diziam os romanos: um burro coça o outro.
Parece que não se chega o fundo do poço das iniqüidades do Senado.

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