Em 1808 o Príncipe Regente, mais adiante Rei D. João VI de Portugal convidou 5.000 amigos para fazerem um convescote ao Brasil. Em lugar de mandar os puxa-sacos do reino às linhas de frente lutar contra Napoleão, deixou essas atividades para nobres de menos influência na corte, independente do fato de que os nobres que o acompanhavam, separados de suas terras e rendas não representavam muito poder.
Aqui chegando, como todo e qualquer aluno do ensino básico aprende, mandou apor em giz a sigla P.R. nas portas das residências consideradas adequadas à ocupação pelos nobres vindos de Portugal.
O que não era ensinado ao jovem brasileiro é que essa ocupação de residências privadas não se limitou a um curto espaço de tempo e tampouco se referia apenas à residência. Algumas dessas ocupações se estenderam por todo o período em que a corte esteve no Brasil.
Aqui chegando, como todo e qualquer aluno do ensino básico aprende, mandou apor em giz a sigla P.R. nas portas das residências consideradas adequadas à ocupação pelos nobres vindos de Portugal.
O que não era ensinado ao jovem brasileiro é que essa ocupação de residências privadas não se limitou a um curto espaço de tempo e tampouco se referia apenas à residência. Algumas dessas ocupações se estenderam por todo o período em que a corte esteve no Brasil.
Em três dias as pessoas cujas casas haviam sido requisitadas tinham de pôr-se na rua com nada mais que seu vestuário. Criados, escravos, móveis, oratórios, bibliotecas carruagens, animais de tração para as carruagens eram consideradas parte da residência.
Nem eram as residências meras casas. Em muitos casos eram quintas na periferia do Rio de Janeiro, luxuosas, com hortas, pomares e outros elementos. No mínimo eram residências requintadas.
Não havia como recorrer. Uma vez requisitada a casa só havia uma coisa a fazer. Rezar para que a casa de algum parente não tivesse sido requisitada também.
E houve abusos ainda maiores. Um funcionário do quinto nível descobriu uma quinta luxuosíssima. Dirigiu-se para lá com os soldados que o acompanhavam e requisitou a quinta.
O proprietário tendo tomado conhecimento das condições da requisição, e que sua residência e finos móveis etc. passariam à ocupação de um sujeitinho que normalmente não seria sequer recebido em sua casa, prontamente procurou uma senhora nobre de alta patente e descrevendo sua casa sugeriu que a senhora a ocupasse. Na manhã seguinte o amanuense real ao chegar com os seus para tomar posse da quinta encontrou criados com a libré da referida dama, que o escorraçaram dali.
Ou seja, a chegada da corte ao Rio teve algumas características de um exército vitorioso sujeitando um povo conquistado. Aliás, neste caso era um exército com o rabo entre as pernas que deixara Portugal para ser defendida por alguns bravos que não eram considerados destacados o suficiente para poderem fugir.
Mas veja o que constatamos desde então. Quem conquista o Brasil, mesmo internamente pelo voto, considera que conquistou uma terra a ser saqueada. Note-se que poucos dos acompanhantes de D. João, afora seus “fotógrafos” como Debret e outros deixaram alguma marca na história do país. Vieram como lastro e foram peso morto.
Está na matriz genética do país. “Ao vencedor as batatas!”.
Senadores, deputados, governadores, colunas revolucionárias, movimentos de sem terra, todos se consideram investidos do direito de tomar nos bens dos que trabalham e contribuem para a nação. Consideram que a proximidade do poder lhes dá este direito.
E nunca se notou isto tão claramente quanto no caso de Renan Calheiros. Uma vez aboletado na presidência do senado passou a considerar sua situação como sendo a de um Duque do Império. Não concebe voltar a ser um baronete ou mesmo um mero cavaleiro. Não aceita a posição do antigo Ministro da Educação Eduardo Portela que dizia: “Senhores da imprensa, eu não sou ministro, eu estou ministro”.
E os que o julgam andam sobre uma trilha estreita entre o desejo de futuramente, no poder, fazer as mesmas malvadezas, cometer os mesmos saques dos ocupantes atuais do poder, e o desejo de obterem reconhecimento popular pela sua ação saneadora contra a injustiça e o crime.
Pagamos o pato nós, os que independentemente do exército que está no poder sentimos sua bota no pescoço.
Nem eram as residências meras casas. Em muitos casos eram quintas na periferia do Rio de Janeiro, luxuosas, com hortas, pomares e outros elementos. No mínimo eram residências requintadas.
Não havia como recorrer. Uma vez requisitada a casa só havia uma coisa a fazer. Rezar para que a casa de algum parente não tivesse sido requisitada também.
E houve abusos ainda maiores. Um funcionário do quinto nível descobriu uma quinta luxuosíssima. Dirigiu-se para lá com os soldados que o acompanhavam e requisitou a quinta.
O proprietário tendo tomado conhecimento das condições da requisição, e que sua residência e finos móveis etc. passariam à ocupação de um sujeitinho que normalmente não seria sequer recebido em sua casa, prontamente procurou uma senhora nobre de alta patente e descrevendo sua casa sugeriu que a senhora a ocupasse. Na manhã seguinte o amanuense real ao chegar com os seus para tomar posse da quinta encontrou criados com a libré da referida dama, que o escorraçaram dali.
Ou seja, a chegada da corte ao Rio teve algumas características de um exército vitorioso sujeitando um povo conquistado. Aliás, neste caso era um exército com o rabo entre as pernas que deixara Portugal para ser defendida por alguns bravos que não eram considerados destacados o suficiente para poderem fugir.
Mas veja o que constatamos desde então. Quem conquista o Brasil, mesmo internamente pelo voto, considera que conquistou uma terra a ser saqueada. Note-se que poucos dos acompanhantes de D. João, afora seus “fotógrafos” como Debret e outros deixaram alguma marca na história do país. Vieram como lastro e foram peso morto.
Está na matriz genética do país. “Ao vencedor as batatas!”.
Senadores, deputados, governadores, colunas revolucionárias, movimentos de sem terra, todos se consideram investidos do direito de tomar nos bens dos que trabalham e contribuem para a nação. Consideram que a proximidade do poder lhes dá este direito.
E nunca se notou isto tão claramente quanto no caso de Renan Calheiros. Uma vez aboletado na presidência do senado passou a considerar sua situação como sendo a de um Duque do Império. Não concebe voltar a ser um baronete ou mesmo um mero cavaleiro. Não aceita a posição do antigo Ministro da Educação Eduardo Portela que dizia: “Senhores da imprensa, eu não sou ministro, eu estou ministro”.
E os que o julgam andam sobre uma trilha estreita entre o desejo de futuramente, no poder, fazer as mesmas malvadezas, cometer os mesmos saques dos ocupantes atuais do poder, e o desejo de obterem reconhecimento popular pela sua ação saneadora contra a injustiça e o crime.
Pagamos o pato nós, os que independentemente do exército que está no poder sentimos sua bota no pescoço.
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