23 de set. de 2007

Um P qualquer coisa

Como é uma oposição de verdade? Qual o papel dela? No começo deste ano Fernando Henrique Cardoso publicou um artigo onde ele perguntava: “O tucano é peixe ou carne de vaca?”, deveria ser uma ave, mas, em função da famigerada governabilidade, em alguns lugares assumiu todas as características de inseto.
Leia abaixo o artigo "Um P qualquer coisa":


Por Adriana Vandoni

Como é uma oposição de verdade? Qual o papel dela? Essas perguntas são feitas no Brasil desde que Lula e o PT, a única oposição que o país já teve, assumiram o governo. O DEM e o PSDB tentam ingloriamente responder essas questões. O problema é que não existe partido enquanto ele for formado por não partidários, por pessoas que não possuem propósitos outros senão os pessoais. A falta de oposição legitima governos autoritários e cria ambiente favorável para que o governante faça qualquer tipo de negociações escusas.
Esta semana o PSDB de Mato Grosso decidiu derrubar uma resolução que barrava coligações com o PT e o PR no estado. Motivos da resolução? Ora, o PT é adversário nacional do PSDB e em Mato Grosso, o PT virou uma maçaroca disforme, nada mais estratégico de que não querer se aliar a isso. O PR é o partido do governo, e o PSDB foi colocado pelo voto popular na condição de oposição. Logo, teria o dever de assim se comportar.
Certo? Errado. Pelo menos no entender de quem, como o prefeito da capital (PSDB), não vê valor em partidos. Ele disse claramente que as pessoas são mais importantes que as siglas. Podemos entender então que para o prefeito quem perdeu as eleições de 2004 na capital foi Alexandre Cesar (hoje deputado estadual governista) e não o PT. E quem venceu foi ele, não o PSDB. Isso não é novidade alguma, basta lembrarmos o comportamento do político Wilson Santos. Ele é essencialmente peemdebista e o PMDB não é um simples partido, é uma confederação. Comandado no estado pelo interminável deputado federal Carlos Bezerra (PMDB/MT), seu amigo pessoal, o partido tratou de se livrar de Walter Rabelo (deputado estadual, hoje no PP) para assumir a posição de mãe de aluguel, vai parir o vice de Wilson Santos que pretende se reeleger prefeito de Cuiabá.
Mas não é só o prefeito que pensa dessa forma, daí fica óbvio que o problema não era a tal da resolução que impedia coligações incoerentes, mas a triste obrigatoriedade de se editar uma resolução para tentar manter uma coerência razoável.
No começo deste ano Fernando Henrique Cardoso publicou um artigo onde ele perguntava: “O tucano é peixe ou carne de vaca?”, deveria ser uma ave, mas, em função da famigerada governabilidade, em alguns lugares assumiu todas as características de inseto.
A palavra “governabilidade” é uma das mais cínicas do nosso dicionário, ela autoriza atitudes tristes, como a adotada recentemente pelo prefeito de Cuiabá diante do presidente Lula, quando ele desmereceu a história do partido PSDB dizendo que “nunca antes nestepaiz houve um presidente como Lula e blá, blá, blá...”, depôs contra sua atividade originária de professor de história, mas, por outro lado, suas atitudes reafirmam a sua própria história.
Sua postura correu os noticiários nacionais e no outro dia da vinda de Lula a Cuiabá, um parlamentar do nordeste perguntou a um tucano no Congresso Nacional: “quero ver se o PSDB não vai expulsar esse prefeitinho de Cuiabá”. Responderia ao parlamentar se o encontrasse: que nada, como recompensa ele pretende assumir a presidência do partido no estado.
Outra postura “bonita e edificante” pra caramba, foi da deputada estadual Chica Nunes (PSDB) que numa entrevista disse estar na dúvida se assume a secretaria geral do partido na chapa do prefeito, ou se vai para o PP.
Oh, duvida cruel! É pragmatismo demááás!
Triste fim de um partido que podia ser grande e tinha tudo para ser, mas escolheu, no lugar de ser o partido da social democracia, ser um “P” qualquer coisa.

Um comentário:

Anônimo disse...

DE UM GAÚCHO ATENTO

Conforme veicula na imprensa gaúcha, 350 membros do MST,acampa
dos em Bagé, ameaçam uma marcha até Caçapava do Sul, onde
os proprietários rurais os aguardam com ânimos exaltados.
Precisa-se bola-de-cristal para antever os fatos? A Fazenda Co-
queiros e o confronto em Pedro Osório já foram palco de aconteci-
mentos graves. Enquanto isso, a sociedade indefesa assiste incapaz
à incompetência das autoridades em resolver o conflito agrário. Os
líderes brigadistas estão acima da lei e impõe as regras. Isso, é
claro, graças ao aval do esquema adotado pelo governo federal.

Com esse caldo-de-cuRTura em formação, estamos próximos da
democracia adotada pela Colombia.

Mas tem mais por aqui, o nosso expoente gaúcho, o "Papagaio",
já se encontra no gozo das liberdades democráticas, pois saiu
da segurança-máxima e passou ao semi-aberto. Nada como
o estado de direito. Acreditem, vai correr muita bala e adrenali-
na, momento que o danado ativar o seu talento.

Viva a democracia!