26 de out. de 2007

A última vendeta de Renan

Por Chico Bruno

Apesar da tentativa de imprimir a transparência no Senado, durante a sua interinidade na presidência da Casa, o senador Tião Viana capitulou em decorrência da influência do presidente licenciado Renan Calheiros sobre os demais dirigentes da Mesa Diretora.
Além de se insurgir contra a transparência da verba indenizatória proposta por Tião Viana, a Mesa aprovou duas medidas de estarrecer.
Numa restringe as visitas de turistas as dependências do Senado nos dias úteis. Em outra corrobora o último ato assinado por Renan Calheiros (PMDB-AL) antes de se licenciar do cargo de presidente do Senado.
Em uma vendeta, Renan pediu a abertura de sindicância contra Marcos Santi, ex-secretário adjunto da Mesa, que denunciou as manobras de Renan para postergar os trabalhos do Conselho de Ética em seu favor.
O Boletim Administrativo de Pessoal, desta quarta-feira, 24, traz a portaria n.º 20, assinada pelo senador Efraim Moraes (DEM-PB), primeiro-secretário da Mesa Diretora, que abre sindicância para "apurar a veracidade das declarações" do servidor Marcos Santi divulgadas pela mídia.
Vale lembrar, que foi o senador Efraim que comandou a derrubada da proposta de transparência da prestação de contas da verba indenizatória e teve a idéia de restringir as visitas em dias úteis ao Senado. Efraim é o representante das vontades e vendetas de Renan na Mesa.
No caso da transparência da verba indenizatória e das visitas não se pode fazer muita coisa, pois, a maioria dos senadores as aprova internamente, apesar de se pronunciarem contra as medidas ao serem argüidos pela imprensa.
Já o caso do servidor independe da vontade dos senadores. Depende apenas da coragem de Santi em confirmar o que disse ao corregedor do Senado Romeu Tuma, mantido em segredo, e acrescentar mais detalhes a denúncia.
Se Santi contar tudo o que diz saber, ele pode causar um estrago muito maior do que todas as representações do Psol contra Renan e, ainda, enredar outros senadores que foram e são coniventes com Renan.
Santi pode acabar de vez com toda a hipocrisia que assola o Senado, segundo confidenciam vários servidores da Casa.
Se o medo não prevalecer, Santi pode vir a ser o motorista, a secretária, ou o caseiro que abriram os olhos da Nação para o impeachment de Collor, o mensalão e a demissão de Palocci.
Pelo visto, o Senado não quer ser moralizado, pois manda investigar o servidor que denunciou manobras de Renan, mas não investiga as denúncias contra Renan feitas pelo servidor.

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