Nos últimos dias, além do Renangate e da CPMF, outro assunto ganhou espaço na mídia, a concessão à iniciativa privada da exploração de algumas rodovias federais. Desde o leilão o presidente Lula vem batendo bumbo, como se a teoria já tivesse se tornado realidade.
É preciso esclarecer, que do leilão até que o benefício seja praticado se irão longos meses. Pelo discurso presidencial parece que os motoristas vão usufruir imediatamente dos resultados das concessões dos sete lotes, cujos preços de pedágio variarão de R$ 0,99 a R$ 2,94 quando implantados. Isso, se até lá não houver nenhum contratempo.
Por isso, vale à pena refletir o alerta do leitor Nélio Santana, de Santa Maria (RS), no Painel do Leitor da Folha de São Paulo, de 15 de outubro:
"Vamos aguardar o real significado para a malha rodoviária brasileira de um novo modelo de concessão, em que o pedágio fica imediatamente mais barato. Por enquanto, o Sr. Gaspari amplificou imprudentemente expectativas, sem, contudo alertar para as diferenças entre os modelos utilizados pelos dois governos, esquecendo que em economia tudo tem seu preço, não há boas intenções nem almoços grátis."O trecho da carta do leitor, publicado pelo jornal, revela que “prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.
De acordo com Lula as empresas apresentaram pedágio mais barato que o definido pelo governo porque confiam no governo e estavam dispostas a ganhar os trechos. Será?
Segundo Lula, o leilão de concessão de rodovias federais à iniciativa privada foi uma atitude acertada e arrojada do governo e que muda a história dos leilões no Brasil. Mais uma vez, ele criticou as privatizações feitas nos governos passados. O que aconteceu foi uma demonstração inequívoca de acerto e arrojo do governo em mudar os critérios das privatizações, afirmou.
Ao informar os ouvintes sobre o leilão, o presidente Lula comete um equívoco, pois não houve mudança entre as duas rodovias cedidas a iniciativa privada por FHC e o atual leilão. Talvez, o presidente Lula estivesse se referindo as concessões feitas pelo governo paulista durante os mandatos de Mário Covas.
O problema é que Lula, sempre que pode, dá uma espiadinha no retrovisor para alfinetar seu antecessor e não tem o mínimo constrangimento em desdizer seu passado. Vale lembrar, que sua campanha no segundo turno da reeleição teve como mote principal a antiprivatização.
O que o presidente Lula não disse em seu programa “Café com o Presidente” foi que o governo federal vai entregar os trechos das BR-393, 101, 116, 381, 153, 376 e 116 Sul para serem melhorados conforme as necessidades e com o dinheiro da arrecadação dos pedágios. Lula não disse, também, quando os serviços começam a operar.
Vale lembrar, que a única rodovia privatizada pelo governo da Bahia, a BA-099, que deveria duplicada pelo concessionário até 2005, até hoje não está totalmente duplicada, apesar dos sucessivos aumentos do pedágio.
O governo federal precisa explicar tin-tin-por-tin-tin como é que as coisas vão funcionar. De que adiante bater o bumbo agora e lá na frente pagar um mico. O presidente Lula continua batendo bumbo com o biocombustível, mas os resultados estão muito abaixo dos esperados, com a privatização das rodovias pode acontecer o mesmo, Deus queira que não, pois “em economia tudo tem seu preço, não há boas intenções nem almoços grátis”, como diz o Nélio Santana.
4 comentários:
Adriana,
em relação a esse assunto, há duas certezas: a primeira é a de que a classe média que usará a rodovia no seu próprio carro pagará pelo pedágio menos do que pagaria na privatização tucana; a outra certeza é a de que a diferença entre as duas privatizações, o dos ratos e o dos tucanos, inevitavelmente será bancada pelo pessoal do Bolsa-Familia.
Estrada privatizada sim,CIDE NÂO!
Alô, Adriana.
Alô, Adriana.
"O governo federal precisa explicar tin-tin-por-tin-tin como é que as coisas vão funcionar."
A frase é tua? Se for, posso rir?
Acho que a fuligem que tu respiraste lá nos pampas te tirou um pouco do prumo. Agora acreditas em Papai Noel...
{reeditada para corrigir uma antice (concordância de pessoa), no dizer de Ampaix}
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