O governo Lula foi derrotado pela dissidência de sua base desalinhada que deu seis votos a oposição: Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Mão Santa (PMDB-PI), Geraldo Mesquita (PMDB-AC), Expedito Junior (PR-RO), Romeu Tuma (PTB-SP) e César Borges (PR-BA). O sétimo voto seria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que se ausentou da votação para participar do enterro do governador de Roraima, Ottomar Pinto, falecido na véspera.
Dos sete dissidentes, o governo só não tentou reverter os votos de Mozarildo, Jarbas e Mão Santa, os demais foram pressionados de todas as formas, mas mantiveram a convicção do voto contra a CPMF.
O governo apostou num racha do PSDB, mas blefou do primeiro ao último minuto na negociação pela aprovação da prorrogação da CPMF até 2011.
Nesta quarta-feira (12), o presidente Lula, irritado com a lengalenga, deu a senha pela manhã:
- Vamos votar. Para ganhar ou para perder.
Ao dar a ordem, Lula foi advertido que só teria 45 votos, quatro a menos que os necessários 49 votos. A reação de Lula foi ríspida:
- Quero saber quem está com o governo e quem está contra nós.
Na madrugada desta quinta-feira (13) ele viu que os dissidentes não blefavam.
Na madrugada de quarta-feira, autorizados por Lula, o líder Romero Jucá, o deputado Antônio Palocci e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos procuraram o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e colocaram a derradeira proposta do governo na mesa: além dos 100% da CPMF à saúde, proposto na noite de terça-feira, acenaram com a vigência da CPMF até dezembro de 2008 e a redução da alíquota.
Era tarde demais e Inês estava morta. Os tucanos rechaçaram a proposta. A pedra no caminho do governo foi o líder Arthur Virgílio, que desconfiou da esmola.
O presidente Lula viu que Virgílio não acreditava apenas na palavra. Decidiu então colocar no papel os compromissos, como fizera em 2002 com a “Carta aos brasileiros”. Despachou para o Senado dois documentos: um assinado por ele e outro pelos ministros Guido Mantega e José Múcio. Seria o golpe fatal nos tucanos e dissidentes.
Jucá leu no plenário a carta dos ministros, na qual, o governo se comprometia a destinar toda a CPMF à saúde e a limitar da vigência da contribuição por um ano, em vez de até 2011. A carta de Lula foi endereçada ao presidente do Senado.
A verdadeira intenção do governo com as cartas era postergar a votação para a tarde de quinta-feira. Nada feito, os líderes da oposição José Agripino e Arthur Virgílio recusaram a manobra, pois haviam lido a nota do repórter Diego Amorim publicada no Blog do Noblat por volta das 23h29m. Nela, uma informação que incomodou Virgílio:
“Cabeças coroadas do PT, do PMDB e do governo acuaram o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Querem que ele discurse daqui a pouco propondo a transferência para amanhã da votação da emenda que prorroga a cobrança da CPMF. Até amanhã, o governo espera convencer o PSDB a votar a favor da emenda.”
Confirmando a nota, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) encaminhou o voto defendendo o adiamento da votação, tendo em vista as duas cartas do governo. Alegou que era preciso uma reflexão dos senadores. Aproveitou a oportunidade para alfinetar Virgílio, chamando-o de guri.
Na verdade, ao chamá-lo de guri, Simon deu o mote para ser rispidamente criticado por Virgílio.
Simon fez a tréplica e azedou, ainda mais, o clima. Os líderes da base aliada acataram a proposta e a defenderam em sucessivos pela ordem.
Heráclito Fortes (DEM-PI), sem citar a nota, mas usando-a de maneira de transversal constrangeu Simon.
Com a nova recusa de Agripino e Virgílio, só restou ao presidente estreante Garibaldi Alves abrir o painel eletrônico para a votação da CPMF, haja vista, que a oposição aceitou a proposta de Jucá em votar a PEC por artigos, desde que o artigo da CPMF fosse votado em primeiro lugar.
A manobra de Jucá teve por objetivo salvar a DRU. Foram-se os anéis, mas ficaram os dedos.
Com o fim da CPMF, a oposição liberou suas bancadas para votar à DRU. O governo respirou. A DRU foi aprovada. Mas até a votação em segundo turno o governo terá que dispensar a oposição um tratamento fidalgo. Lula vai precisar conter seus arroubos chavistas.
O fim da CPMF enseja que Lula tire dela muitas lições.
É preciso tratar com carinho a base aliada, pois muitos senadores, durante o encaminhamento da votação, se queixaram do tratamento dispensado a eles.
Em relação à oposição, o governo precisa colocar de lado a arrogância, cumprir os acordos e parar de blefar. O governo precisa calçar as sandálias da humildade.
Finalmente é preciso reconhecer que deste embate um personagem sai fortalecido. É o líder tucano Arthur Virgílio, que operou com competência em um terreno minado pelo governo e por alguns correligionários de bico alto, como os governadores José Serra e Aécio Neves.
Graças a Arthur, o PSDB sai do confronto de cabeça erguida e com uma cara definida. Quem sabe derrubando definitivamente o muro em que sempre se equilibrou.
Ao dar a ordem, Lula foi advertido que só teria 45 votos, quatro a menos que os necessários 49 votos. A reação de Lula foi ríspida:
- Quero saber quem está com o governo e quem está contra nós.
Na madrugada desta quinta-feira (13) ele viu que os dissidentes não blefavam.
Na madrugada de quarta-feira, autorizados por Lula, o líder Romero Jucá, o deputado Antônio Palocci e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos procuraram o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e colocaram a derradeira proposta do governo na mesa: além dos 100% da CPMF à saúde, proposto na noite de terça-feira, acenaram com a vigência da CPMF até dezembro de 2008 e a redução da alíquota.
Era tarde demais e Inês estava morta. Os tucanos rechaçaram a proposta. A pedra no caminho do governo foi o líder Arthur Virgílio, que desconfiou da esmola.
O presidente Lula viu que Virgílio não acreditava apenas na palavra. Decidiu então colocar no papel os compromissos, como fizera em 2002 com a “Carta aos brasileiros”. Despachou para o Senado dois documentos: um assinado por ele e outro pelos ministros Guido Mantega e José Múcio. Seria o golpe fatal nos tucanos e dissidentes.
Jucá leu no plenário a carta dos ministros, na qual, o governo se comprometia a destinar toda a CPMF à saúde e a limitar da vigência da contribuição por um ano, em vez de até 2011. A carta de Lula foi endereçada ao presidente do Senado.
A verdadeira intenção do governo com as cartas era postergar a votação para a tarde de quinta-feira. Nada feito, os líderes da oposição José Agripino e Arthur Virgílio recusaram a manobra, pois haviam lido a nota do repórter Diego Amorim publicada no Blog do Noblat por volta das 23h29m. Nela, uma informação que incomodou Virgílio:
“Cabeças coroadas do PT, do PMDB e do governo acuaram o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Querem que ele discurse daqui a pouco propondo a transferência para amanhã da votação da emenda que prorroga a cobrança da CPMF. Até amanhã, o governo espera convencer o PSDB a votar a favor da emenda.”
Confirmando a nota, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) encaminhou o voto defendendo o adiamento da votação, tendo em vista as duas cartas do governo. Alegou que era preciso uma reflexão dos senadores. Aproveitou a oportunidade para alfinetar Virgílio, chamando-o de guri.
Na verdade, ao chamá-lo de guri, Simon deu o mote para ser rispidamente criticado por Virgílio.
Simon fez a tréplica e azedou, ainda mais, o clima. Os líderes da base aliada acataram a proposta e a defenderam em sucessivos pela ordem.
Heráclito Fortes (DEM-PI), sem citar a nota, mas usando-a de maneira de transversal constrangeu Simon.
Com a nova recusa de Agripino e Virgílio, só restou ao presidente estreante Garibaldi Alves abrir o painel eletrônico para a votação da CPMF, haja vista, que a oposição aceitou a proposta de Jucá em votar a PEC por artigos, desde que o artigo da CPMF fosse votado em primeiro lugar.
A manobra de Jucá teve por objetivo salvar a DRU. Foram-se os anéis, mas ficaram os dedos.
Com o fim da CPMF, a oposição liberou suas bancadas para votar à DRU. O governo respirou. A DRU foi aprovada. Mas até a votação em segundo turno o governo terá que dispensar a oposição um tratamento fidalgo. Lula vai precisar conter seus arroubos chavistas.
O fim da CPMF enseja que Lula tire dela muitas lições.
É preciso tratar com carinho a base aliada, pois muitos senadores, durante o encaminhamento da votação, se queixaram do tratamento dispensado a eles.
Em relação à oposição, o governo precisa colocar de lado a arrogância, cumprir os acordos e parar de blefar. O governo precisa calçar as sandálias da humildade.
Finalmente é preciso reconhecer que deste embate um personagem sai fortalecido. É o líder tucano Arthur Virgílio, que operou com competência em um terreno minado pelo governo e por alguns correligionários de bico alto, como os governadores José Serra e Aécio Neves.
Graças a Arthur, o PSDB sai do confronto de cabeça erguida e com uma cara definida. Quem sabe derrubando definitivamente o muro em que sempre se equilibrou.
5 comentários:
Que delícia que o Serra, fundador do PSDB, saiu derrotado pelo próprio PSDB! Quem sabe agora ele comece a governar São Paulo e pare de falar só em buraco (de metrô). Quem sabe ele comece a tratar de frente o grave problema da Educação e pare de falar que professor é culpado de tudo, enquanto as escolas estão ao Deus dará e os salários dos professores estão irrisórios. Quam sabe ele apareça na mídia, não só para falar abobrinha e cuide da saúde e da segurança. Apesar de tudo, a gente torce para o Vampiro Brasileiro, senão o Chuchu,com suas 69 CPIS abafadas e as contas de campanha reprovadas, pode crescer, aí sim, teremos um excremento da ideologia do PSDB.
Acho que a derrota do governo foi puramente política, o que não deixa de ser ruim. Mas concordo que Lulla vai ter que se espremer, também politicamente, para se equilibrar. Vem chumbo grosso por aí.
Espero que esta vitoria sirva de lição para a oposição que não soube se aproveitar da situação à época do Mensalão e etc e tal.
Naquela oportunidade impar,o (des)governo entregou de mãos beijadas no colo da oposição uma CRISE sem precedentes. Esta não soube aproveitar a ocasião e demonstrou a sua INCOMPETÊNCIA para lidar com chance de mostrar a Lula que "oburaco é mais embaixo".
Espero coisa diferente agora...
Vai é sobrar, de novo, pra nós pobres pagadores de impostos. Senão, vejamos: acham que a CPMF imbutida nos produtos/serviços será excluída? E o governo, acham que vai perder assim tão fácil R$ 40 bilhões? Vai aumentar as alíquotas de vários impostos e espera com isso arrecadar uns R$ 100 bilhões. Só não vamos pagar na boca do caixa, por enquanto...
Alô, Adriana.
Acho que os enfoques sobre o pampeiro da CPMF foram apenas movimentos maquiavélicos do governo. A CPMF não era o verdadeiro alvo, porque, com pequenos ajustes, não fará falta no Orçamento.
Na verdade, o mais importante para o governo era a DRU, de onde tiram o dinheiro para cobrir esse amontoado de ministérios extras e despesas correntes que não estão no Orçamento como tópicos legais. E essa picaretagem foi aprovada.
No fim, o governo conseguiu o que queria: poder continuar a remanejar o Orçamento como lhe dá na telha. E esse é o verdadeiro risco para o país. Até acho que a oposição acabou favorecendo o que o governo pretendia. Agora é assestar os canhões para derrubar essa monstruosidade, que poucos comentaristas abordam.
Parabéns pelo post incisivo.
Postar um comentário