8 de dez. de 2007

Batidão da educação

Por Raphael Curvo - Advogado pela PUC-RJ e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ

É muito triste saber dos resultados que os nossos alunos têm obtido nos exames de avaliação internacional e mesmo naqueles aplicados internamente. Jogam nas costas desses alunos a irresponsabilidade que está patente na falta de governo, de maior atenção com as crianças e jovens do Brasil. Nascem como gado marcado à um futuro que nada tem de promissor. Retiram, não só as expectativas da vida desses jovens, como qualquer possibilidade de sonhar. Os caminhos, para eles, não tem outra direção a não ser de eterna luta para poder participar de condição decente para o seu futuro e até da família que irão constituir. Parece um ciclo vicioso, sem portas de saída à um mundo melhor. Poucos conseguem romper essa parede ao conhecimento e com ele chegar à uma vida de prosperidade. É muito fácil dizer que os alunos não conseguem maior desempenho escolar porque não são dados a estudar. Para quem governa a justificativa é plausível e fundamentada no fato de que as escolas estão lá, pintadas, carteiras novas e com os professores. Está cumprida, como “bom” governante, a sua obrigação para com a sociedade.
O que fazem com a educação no Brasil e com os jovens brasileiros é uma vergonha. Continuam a insistir em um ensino comprovadamente falido. Em manter uma administração esgarçada e incapaz de se renovar em princípios atuais e realistas. Escondem-se nos números financeiros de investimentos improdutivos e de foco errado. São incapazes de romper com o sistema jurássico de ensinar que não leva e não acompanha a evolução da educação como parte integrante, e a mais importante, da formação global do jovem. A escola não é apenas para dar condições de resultados econômicos e financeiros na vida futura, de ser doutor e ter uma vida rica. Ela, a escola, é para dar luz e reflexos sociais desde o momento em que o aluno se senta pela primeira vez em um banco escolar. Desde esse momento, ele já começa a gerar emoções e sentimentos que se não forem bem cuidados e zelados, vão produzir conseqüências para o bem ou para o mal. Fico a pensar: será que os governantes fazem avaliação disso? Como você, eu também acredito que não.
Acredito que não e justifico com dados contidos nos noticiários e resultados de exames aplicados pelas organizações nacionais e internacionais voltadas à educação. Estes resultados mostram com clareza a incapacidade do poder público em gerir com eficiência o setor educacional no Brasil. Há anos que o Brasil vem segurando a rabeta da classificação na avaliação da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que aplica o Pisa (Programa de Avaliação Internacional de Estudantes). Nestes resultados ficam bastante claros que, caso retirados os alunos da rede pública da avaliação, o Brasil dá um salto enorme na classificação, passando de 49º em leitura para 27º. O mesmo avanço aconteceria na área da matemática, de 54º para 38º. Vamos imaginar o contrário. Retira-se os resultados dos alunos da rede privada e com toda certeza, a lanterna estaria em nossas mãos e com louvor. Os números não permitem argumentos.
Como o voto tem prevalência sobre o futuro da nossa juventude, a meta dos nossos governantes são restritas a parte física do sistema educacional. É a parte visível e noticiosa, ou seja, prédios, pinturas, carteiras, ônibus e recursos financeiros para tal. É o máximo que podem ver e entender os responsáveis pela educação e sobre educação. Como que descobrindo a pólvora, o especialista Cláudio Moura e Castro diz que é preciso equipar os nossos professores com conhecimentos e técnicas porque é aí que está o gargalo na educação. Apesar de ser um “metido” a entender de educação, desde os anos 80 venho escrevendo em inúmeros artigos sobre a falta de investimento contínuo, do poder público, na formação dos seus professores e mais, dar condições de vida à eles com melhores salários para poder freqüentar ciclos da cultura, condição exigente da evolução cultural. Caso contrário, continuamos no atual batidão da educação.

Um comentário:

ma gu disse...

Alô, Adriana.

Acompanhando o raciocínio lógico do excelente artigo de Raphael e, dando também uma de 'metido' no assunto, eu acredito que o início da degringolada da educação no Brasil aconteceu quando um determinado hoje 'filósofo' brasileiro foi ministro da educação, na época militar. E nunca ví, neste espaço de tempo, um 'mea culpa'.