31 de dez. de 2007

O Ano que Está Acabando

O ano político de 2007 terminou no começo da madrugada do último dia 13, quando o Senado impôs ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma derrota sem precedentes desde que ele ascendeu ao Planalto. A rejeição da continuidade da CPMF até 2011 foi mais do que o fecho antecipado de um ciclo de decisões regido pelo calendário. Foi mais também do que o amargo epílogo, para o governo, da sua principal proposta legislativa até então. Acima de tudo - independentemente do que se pense da qualidade do imposto extinto - a decisão lavou a alma dos que acreditam no vigor da democracia brasileira, a qual, se dependesse do que em seu nome os representantes do povo se notabilizaram por fazer ao longo do período, justificaria presságios sombrios. Querendo trivializar o revés, Lula afirmou, logo em seguida, que “são coisas da democracia”. Mal sabe ele como, sem querer, disse a pura verdade.
A sociedade já desistira de esperar que a oposição - particularmente o PSDB - se restabelecesse do estado de inanição em que se encontrava. Do Congresso, em geral, já não se espera alguma luz própria diante da hegemonia do Executivo - que, não de hoje, paralisou a capacidade de iniciativa parlamentar. Nem quando o presidente de turno se omite em relação a determinado tema, o Congresso toma a si e leva a bom termo o desafio de inovar. A reforma política, por exemplo, morreu na praia da Câmara dos Deputados.

Leia a matéria em O Estado de São Paulo

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu sou uma das que lavou a alma com a CPMF. Foi o "no" do Brasil, como na Venezuela. Só que o "sí" ao Renan conspurcou o Senado, inclusive a oposição omissa e conivente, de maneira irreversível, pelo menos por enquanto. Resta ver em 2008 se a opsição se levanta do fisiologismo e do corporativismo, ganhando credibilidade. Seria maravilhoso! Lavaria a alma da gente, realmente. Por isso, Adriana, acredito muito no seu blog, como formador de opinião, pois você é uma pessoa cultíssima e muito lúcida.
Quanto aos governos da Oposição, no caso de São Paulo, falta Serra começar a governar e a parar de se omitir. O buraco do metrô realmente o paralisou. Agora, o incêndio do HC exige uma resposta e uma ação que não seja só eximir-se de responsabilidades. Mesmo que a resonsabilidade não seja dele, o governador pode criar fatos novos de competência e organização para sair da crise.
Na Educação, ele começou a dar os primeiros passos, trazendo a Secretária de Brasília, pessoa de extrema competência, inclusive a nível mundial. Uma especialista em competências de leitura e em gestão escolar do mais fino teor. Os auxiliares que trouxe, inclusive a antiga coordenadora de Língua Portuguesa da CENP, Dra. Zuleika, são pessoas da mais alta competência. Só que ainda existem redutos "chaliteiros", imexíveis e provincianos, oportunistas protegidos por algum cacique de plantão que atravancam a eficácia pretendida. Em 2006, esta camarilha não deixou ter SARESP, trocando a verba da avaliação por ônibus para as Prefeituras. Só que o PISA, em 2007, revelou como São Paulo é um dos piores estados em Português, Matemática e Ciências, no praticamente pior país do mundo.
No entanto, é importante ter fé no Serra, mas que a CPMF tenha lhe servido de lição, também. Ele tem potencil para ser paradigma de um govrno extremamente moderno e eficaz, ofuscando o estrelismo barato do Aécio. Vamos torcer.