20 de dez. de 2007

O Brinquedo Acabou

O presidente Lula recebeu nesta quarta-feira, para uma conversa entre aliados, os presidentes do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), e do PMDB nacional, deputado Michel Temer (SP), além do senador José Sarney. Durante a conversa, Lula procurou demonstrar que perdeu todo interesse na CPMF e em seus desdobramentos. Afirmou à cúpula do PMDB que só no próximo ano vai pensar no que fazer para lidar com a perda de receita do imposto do cheque, que perderá sua validade no dia 31. Hoje, ele não demonstrou a mínima preocupação com o assunto, mas no dia da votação em que a CPMF caiu, o presidente afirmou a um grupo de políticos do partido, incluindo os três que estiveram com ele nesta quarta-feira, que havia decidido extinguir o imposto mesmo que fosse aprovado no Senado. Lula acha que nem os benefícios gerados pela cobrança do tributo vale os aborrecimentos que sua aprovação gerou.
O Apocalipse que o governo anunciava para depois do enterro da CPMF vai se revelando, aos poucos, um paraíso. Depois de trovejar sobre a cabeça do país a ameaça de impor elevação de impostos que poderia chegar a R$ 12 bilhões, o governo agora fala apenas em cortar os seus próprios gastos. Algo que, se levado adiante, pode suprimir do orçamento de 2008 gastos desnecessários. Bom, muito bom, ótimo.
Nesta quarta-feira (19), Lula reuniu-se no Planalto com ministros e com seu líder no Senado, Romero Jucá. O presidente reiterou aos auxiliares o que dissera na noite da véspera, em jantar com congressistas aliados: nada de pacotes, nada de pressa e nada de elevação da carga tributária.
Lula encomendou aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) o aprofundamento dos estudos que nortearão o trabalho da tesoura. Segundo Jucá, a coisa não é para já. Fica pronta em fevereiro do ano que vem, mês em que o Congresso volta do recesso.
Para fechar 2007 em paz, Lula espera pela aprovação da DRU (Desvinculação das Receitas da União). Trata-se, daquele mecanismo criado na gestão FHC, para permitir ao governo remanejar livremente 20% do naco do orçamento vinculado pela Constituição a setores específicos. Coisa de R$ 90 bilhões.
PSDB e DEM querem entregar a DRU a Lula. Antes, a oposição submete o governo a uma última genuflexão. Quer que, para além das palavras jogadas ao vento, o governo comprometa-se formalmente a não elevar tributos. Nem agora nem no próximo ano.
De resto, a oposição deseja arrancar do governo o compromisso de votar no comecinho de 2008 uma emenda de Tião Viana (PT-AC), que destina recursos adicionais à área da saúde.
Na noite passada, Romero Jucá e o ministro José Múcio, coordenador político de Lula, reuniram-se em segredo com José Agripino Maia e Arthur Virgílio, líderes do DEM e do PSSDB. Ouviram as demandas. Foram a Lula. E, perto da meia-noite, Jucá telefonou para Agripino e Virgílio, para dizer que o presidente comprometera-se em não responder à extinção da CPMF com aumento de outros impostos.
Nesse momento, o plenário do Senado está reunido para votar a DRU. A votação deveria ter começado às 16h. Aguarda-se, porém, pela conclusão de mais uma reunião de Jucá com Agripino Virgílio. O encontro já começou. Premido pelo calendário, o governo não tem outra alternativa senão submeter-se ao jogo da oposição.
Se não for votada nesta quarta, a DRU vai para o beleléu. Bastaria à oposição apresentar uma emenda em plenário para devolver o projeto à comissão de Justiça, empurrando a deliberação para 2008.

2 comentários:

Anônimo disse...

É por causa do excesso de arrecadação e da ganância aliada à preguiça de governar sem grana que o país vai bem e o povo vai mal. Está na cara. Será que o Presidente agora vai ter uma boa idéia...(51)?

Anônimo disse...

Lula dizendo na reunião: "que extingüiria a CPMF caso ela fosse aprovada". Que é isso, faz me rir. Me engana que eu gosto.
Para não aumentar impostos, só tem um remédio e muito amargo: gastar com critério, cortar superflúos e muito planejamento, coisas que fatalmente este governo não tem.