A mesa está servida. O prato principal é o aumento do desmatamento da Floresta Amazônica, que é considerado indigesto pelos comensais. Ninguém quer ingeri-lo.
Para a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) foi temperado com muita soja e pata de boi. Para a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), acusada de pegar pesado no tempero, a culpa é do governo federal, o grande proprietário de terras na região, detentor de 76% das áreas na Amazônia Legal, devendo por isso temperar o prato com mais cuidado.
Segundo a CNA, a soja e a pecuária são os bodes expiatórios. As causas do desmatamento na região são: a ausência do Estado, a falta de regularização fundiária, o aumento do número de assentamentos rurais dispensados do licenciamento ambiental e a burocracia na concessão de licenciamentos.
Ao que parece, a CNA não está sozinha quando afirma que o Estado é ausente na Amazônia.
O chefe-substituto do escritório do IBAMA em Alta Floresta (830 km de Cuiabá, MT), Cláudio Cazal, 29, disse ao repórter Rodrigo Vargas, da Folha de São Paulo, que as medidas emergenciais tomadas pelo presidente Lula são inócuas e irreais.
- Esse anúncio só mostrou o quanto Brasília desconhece a realidade da Amazônia. É uma espécie de autismo. De que adianta bloquear autorizações de desmate em uma região em que a maior parte das derrubadas é feita sem autorização? Embargos de propriedades já fazemos há muito tempo. O que não temos é estrutura para retornar às áreas para verificar se o embargo está sendo cumprido, disse Cazal.
O escritório do IBAMA de Alta Floresta é responsável pela fiscalização de crimes ambientais em 13 municípios da região norte de Mato Grosso, que somam 92 mil km2.
- É uma área superior ao território dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo juntos. Teríamos que ter ao menos 50 servidores para dar retorno a essas medidas de emergência, mas temos só três. E, atualmente, nenhum carro. Se precisássemos sair agora, não teríamos condição. Essa é a realidade, afirmou Cazal, para quem o IBAMA atua de forma precária nas regiões críticas e tem excesso de servidores, verbas e estrutura em Brasília e nos escritórios das capitais.
Em nota técnica, a CNA afirma que “regularização fundiária não sai do papel e todo ordenamento jurídico existente torna inexeqüível qualquer iniciativa. O fato é que as atividades agropecuárias, por falta de um ordenamento
territorial precisam de um referencial para fins de regularização das áreas já
consolidadas. Este ordenamento é dado pelo Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) que, até o momento, não saiu do papel”.
A CNA coloca mais pimenta no tempero e faz graves acusações ao governo federal.
Segundo ela, o governo oculta atividades que desempenham importante papel na ocupação e exploração insustentável da Amazônia e cita exemplos:
1 - “Os assentamentos rurais, tem tido, pelo poder público, a sua parcela de responsabilidade sobre os desmatamentos na Amazônia minimizada (quando não negada). Estes já somam 42 milhões de hectares na Amazônia. Do que estão vivendo essas pessoas que se encontram, literalmente, favelizadas nessas zonas rurais sem qualquer espécie de apoio, orientação, assistência técnica e fomento adequado?”
2 - “Outra atividade, que tem sido, parcialmente, blindada pelo governo federal, tendo forte contribuição à incineração da floresta (literalmente) é a indústria do ferro gusa”.
No que tange a blindagem da indústria do ferro gusa pelo governo Lula, a nota converge com o pensamento de ilustres defensores da biodiversidade da Amazônia.
A indústria do ferro gusa contribui ativamente para o desmatamento e exploração insustentável, principalmente no Estado do Pará. O próprio IBAMA, em levantamento recente, demonstra que menos de 2% do carvão que movimenta Carajás, o maior pólo siderúrgico do país, tem origem legal.
Para abastecer as 14 siderúrgicas da região, a fabricação de carvão vegetal consome mais madeira do que todas as 3.500 madeireiras da Amazônia.
O mais grave é que não se aplicam embargos ou penalidades significativas às grandes ou médias empresas que operam na ilegalidade, através de terceirizadas, a quem é imputado à responsabilidade pelo não reflorestamento para o suprimento.
Coincidentemente, o presidente Lula jantou, semana passada no Rio de Janeiro, na residência do presidente da Vale, Roger Agnelli, que detém o controle de Carajás. Será que conversaram sobre o desmatamento da Amazônia? É pouco provável. Esse é um prato indigesto que não caberia no ambiente. Por lá, o assunto deve ter sido outro, mais palatável ao paladar presidencial.
A nota da CNA é dura e as revelações do chefe do escritório do IBAMA em Alto Floresta reveladoras.
Merecem esclarecimentos do governo federal. É isso o que se espera.
- Esse anúncio só mostrou o quanto Brasília desconhece a realidade da Amazônia. É uma espécie de autismo. De que adianta bloquear autorizações de desmate em uma região em que a maior parte das derrubadas é feita sem autorização? Embargos de propriedades já fazemos há muito tempo. O que não temos é estrutura para retornar às áreas para verificar se o embargo está sendo cumprido, disse Cazal.
O escritório do IBAMA de Alta Floresta é responsável pela fiscalização de crimes ambientais em 13 municípios da região norte de Mato Grosso, que somam 92 mil km2.
- É uma área superior ao território dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo juntos. Teríamos que ter ao menos 50 servidores para dar retorno a essas medidas de emergência, mas temos só três. E, atualmente, nenhum carro. Se precisássemos sair agora, não teríamos condição. Essa é a realidade, afirmou Cazal, para quem o IBAMA atua de forma precária nas regiões críticas e tem excesso de servidores, verbas e estrutura em Brasília e nos escritórios das capitais.
Em nota técnica, a CNA afirma que “regularização fundiária não sai do papel e todo ordenamento jurídico existente torna inexeqüível qualquer iniciativa. O fato é que as atividades agropecuárias, por falta de um ordenamento
territorial precisam de um referencial para fins de regularização das áreas já
consolidadas. Este ordenamento é dado pelo Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) que, até o momento, não saiu do papel”.
A CNA coloca mais pimenta no tempero e faz graves acusações ao governo federal.
Segundo ela, o governo oculta atividades que desempenham importante papel na ocupação e exploração insustentável da Amazônia e cita exemplos:
1 - “Os assentamentos rurais, tem tido, pelo poder público, a sua parcela de responsabilidade sobre os desmatamentos na Amazônia minimizada (quando não negada). Estes já somam 42 milhões de hectares na Amazônia. Do que estão vivendo essas pessoas que se encontram, literalmente, favelizadas nessas zonas rurais sem qualquer espécie de apoio, orientação, assistência técnica e fomento adequado?”
2 - “Outra atividade, que tem sido, parcialmente, blindada pelo governo federal, tendo forte contribuição à incineração da floresta (literalmente) é a indústria do ferro gusa”.
No que tange a blindagem da indústria do ferro gusa pelo governo Lula, a nota converge com o pensamento de ilustres defensores da biodiversidade da Amazônia.
A indústria do ferro gusa contribui ativamente para o desmatamento e exploração insustentável, principalmente no Estado do Pará. O próprio IBAMA, em levantamento recente, demonstra que menos de 2% do carvão que movimenta Carajás, o maior pólo siderúrgico do país, tem origem legal.
Para abastecer as 14 siderúrgicas da região, a fabricação de carvão vegetal consome mais madeira do que todas as 3.500 madeireiras da Amazônia.
O mais grave é que não se aplicam embargos ou penalidades significativas às grandes ou médias empresas que operam na ilegalidade, através de terceirizadas, a quem é imputado à responsabilidade pelo não reflorestamento para o suprimento.
Coincidentemente, o presidente Lula jantou, semana passada no Rio de Janeiro, na residência do presidente da Vale, Roger Agnelli, que detém o controle de Carajás. Será que conversaram sobre o desmatamento da Amazônia? É pouco provável. Esse é um prato indigesto que não caberia no ambiente. Por lá, o assunto deve ter sido outro, mais palatável ao paladar presidencial.
A nota da CNA é dura e as revelações do chefe do escritório do IBAMA em Alto Floresta reveladoras.
Merecem esclarecimentos do governo federal. É isso o que se espera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário