Nesta terça-feira, 22 de janeiro, se completaram duzentos anos do desembarque de Dom João VI, em Salvador. Para alguns historiadores a escala foi por acaso, para outros foi de caso pensado.
O plano original da fuga da família real portuguesa para o Brasil, traçado em Lisboa, previa o desembarque no Rio de Janeiro.
Até pouco tempo, a versão mais confiável era a que dava conta que uma tempestade dispersou a esquadra real portuguesa, que viajava escoltada por naus da Marinha Inglesa.
Por essa versão, as três naus que traziam o príncipe regente D. João, a rainha Maria I e a princesa Carlota Joaquina teriam se desviado da rota original por causa da tempestade.
Por questões de segurança a família real estava distribuída nas naus “Príncipe Real” que transportava D. João, os filhos D. Pedro, D. Miguel e sua mãe, na “Alfonso Albuquerque” que trazia a bordo a princesa Carlota Joaquina e quatro das seis filhas do casal e na “Rainha de Portugal” em que viajavam as outras duas filhas, Maria Francisca e Isabel Maria.
Essa versão começou a se dissipar com as descobertas do historiador inglês Kenneth Light ao ler os diários de bordo da expedição, disponíveis nos arquivos da Marinha Britânica.
Kenneth chegou à conclusão que D. João foi a Salvador de forma deliberada e não forçado por uma tempestade.
Segundo os documentos lidos por Kenneth, no dia 21 de dezembro de 1807, D. João comunicou ao comandante James Walker, da frota inglesa, que havia decidido fazer uma escala em Salvador antes de chegar ao Rio de Janeiro. Isso aconteceu onze dias depois da tempestade.
Mas porque D. João mudou a rota?
A explicação óbvia é que a escala em Salvador foi estratégica, pois o príncipe precisava de um Brasil unido em torno da Coroa portuguesa. Salvador foi a primeira capital da colônia, perdeu a condição em 1763 para o Rio de Janeiro. Seus moradores se ressentiam da mudança. Dez anos antes a Bahia tentou se separar na famosa Revolta dos Alfaiates. Nada mais simpático do que desembarcar em Salvador para atrair a fidelidade dos baianos e das províncias do Norte e Nordeste.
Às 11 horas da manhã de 22 de janeiro de 1808 os navios que transportavam a família real aportaram na altura de onde hoje é a Praça Cairu.
Para espanto dos embarcados ninguém apareceu para recepcioná-los. A surpresa acabou com a chegada do governador João Saldanha da Gama, o conde da Ponte, e do arcebispo, D. José da Santa Escolástica.
Aos dois, D. João ordenou que convocassem o povo para recepcioná-lo no dia seguinte.
Na manhã de 23 de janeiro D. João saiu da nau e foi recepcionado pelo povo baiano no cais da ribeira. Salvas de canhões foram disparadas das fortalezas e se misturaram com o dobrar dos sinos das igrejas.
A partir daí foram dias de muitas festas. D. João ficou um mês em Salvador hospedado com a mãe a Rainha Maria I no palácio do Governador.
Sua mulher a princesa Carlota Joaquina só saiu da nau que a transportava, a Alfonso de Albuquerque, cinco dias depois e se hospedou no palácio da Justiça. Carlota estava com a cabeça raspada para combater uma infestação de piolhos adquiridos durante a viagem, por isso desceu a terra com um turbante a cabeça.
Uma semana depois do desembarque, no dia 28 de janeiro, D. João foi ao Senado da Câmara e assinou seu mais famoso ato em território brasileiro: a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas.
Cumpria a promessa feita à Inglaterra e cumpria um ritual inevitável, haja vista, que com a ocupação de Portugal pelas tropas de Napoleão, o comércio do reino português estava paralisado.
Portanto abrir os portos brasileiros foi uma decisão óbvia, ao contrário das demais tomadas em Salvador, que foram feitas para agradar os baianos, como a criação da primeira escola de Medicina do Brasil, da primeira companhia de seguros do país, da moagem de trigo, da licença para a construção de uma fábrica de pólvora e outra de vidro.
Além disso, D. João determinou à abertura de novas estradas, a criação de um plano de defesa e fortificação da Bahia, que incluía a construção de 25 canhoneiras, a criação de dois esquadrões de cavalaria e um de artilharia.
Os baianos tentarão convencer D. João a permanecer definitivamente em Salvador, mas o príncipe regente preferiu partir para o Rio de Janeiro, cujo porto era muito mais bem protegido do que o baiano e mais distante da Europa.
Na verdade D. João temia um eventual ataque de francês ao vulnerável porto de Salvador.
No dia 26 de fevereiro ele parte com destino ao Rio de Janeiro, depois de um mês de descanso da exaustiva viagem entre Lisboa e Salvador. (Com informações do livro “1808”, do jornalista Laurentino Gomes)
Kenneth chegou à conclusão que D. João foi a Salvador de forma deliberada e não forçado por uma tempestade.
Segundo os documentos lidos por Kenneth, no dia 21 de dezembro de 1807, D. João comunicou ao comandante James Walker, da frota inglesa, que havia decidido fazer uma escala em Salvador antes de chegar ao Rio de Janeiro. Isso aconteceu onze dias depois da tempestade.
Mas porque D. João mudou a rota?
A explicação óbvia é que a escala em Salvador foi estratégica, pois o príncipe precisava de um Brasil unido em torno da Coroa portuguesa. Salvador foi a primeira capital da colônia, perdeu a condição em 1763 para o Rio de Janeiro. Seus moradores se ressentiam da mudança. Dez anos antes a Bahia tentou se separar na famosa Revolta dos Alfaiates. Nada mais simpático do que desembarcar em Salvador para atrair a fidelidade dos baianos e das províncias do Norte e Nordeste.
Às 11 horas da manhã de 22 de janeiro de 1808 os navios que transportavam a família real aportaram na altura de onde hoje é a Praça Cairu.
Para espanto dos embarcados ninguém apareceu para recepcioná-los. A surpresa acabou com a chegada do governador João Saldanha da Gama, o conde da Ponte, e do arcebispo, D. José da Santa Escolástica.
Aos dois, D. João ordenou que convocassem o povo para recepcioná-lo no dia seguinte.
Na manhã de 23 de janeiro D. João saiu da nau e foi recepcionado pelo povo baiano no cais da ribeira. Salvas de canhões foram disparadas das fortalezas e se misturaram com o dobrar dos sinos das igrejas.
A partir daí foram dias de muitas festas. D. João ficou um mês em Salvador hospedado com a mãe a Rainha Maria I no palácio do Governador.
Sua mulher a princesa Carlota Joaquina só saiu da nau que a transportava, a Alfonso de Albuquerque, cinco dias depois e se hospedou no palácio da Justiça. Carlota estava com a cabeça raspada para combater uma infestação de piolhos adquiridos durante a viagem, por isso desceu a terra com um turbante a cabeça.
Uma semana depois do desembarque, no dia 28 de janeiro, D. João foi ao Senado da Câmara e assinou seu mais famoso ato em território brasileiro: a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas.
Cumpria a promessa feita à Inglaterra e cumpria um ritual inevitável, haja vista, que com a ocupação de Portugal pelas tropas de Napoleão, o comércio do reino português estava paralisado.
Portanto abrir os portos brasileiros foi uma decisão óbvia, ao contrário das demais tomadas em Salvador, que foram feitas para agradar os baianos, como a criação da primeira escola de Medicina do Brasil, da primeira companhia de seguros do país, da moagem de trigo, da licença para a construção de uma fábrica de pólvora e outra de vidro.
Além disso, D. João determinou à abertura de novas estradas, a criação de um plano de defesa e fortificação da Bahia, que incluía a construção de 25 canhoneiras, a criação de dois esquadrões de cavalaria e um de artilharia.
Os baianos tentarão convencer D. João a permanecer definitivamente em Salvador, mas o príncipe regente preferiu partir para o Rio de Janeiro, cujo porto era muito mais bem protegido do que o baiano e mais distante da Europa.
Na verdade D. João temia um eventual ataque de francês ao vulnerável porto de Salvador.
No dia 26 de fevereiro ele parte com destino ao Rio de Janeiro, depois de um mês de descanso da exaustiva viagem entre Lisboa e Salvador. (Com informações do livro “1808”, do jornalista Laurentino Gomes)
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