A popularidade do presidente Luiz Inácio da Silva parece ter subido à cabeça do governo inteiro. Do próprio - em estado de deslumbramento galopante - à tropa de congressistas - engalanada ao volante do trator -, passando agora pelo vice-presidente José Alencar e sua defesa do terceiro mandato, todos emitem sinais de gradativo distanciamento da realidade.
Não que não haja motivo para tanto entusiasmo. Há de sobra, porque as coisas vão indo muito bem para o governo. O que carece de base real são as exorbitâncias resultantes de um sentimento generalizado de onipotência.
Perde-se, a olhos vistos, o senso do limite e da racionalidade. Há vários exemplos.
No caso do dossiê sobre os gastos de Fernando Henrique Cardoso (foto), o governo apresenta sucessivas versões de uma história já na origem muito mal contada e ainda acha que as pessoas têm obrigação de abrir mão do próprio discernimento, da capacidade de cotejar fatos, e simplesmente acreditar. Por quê? Porque é uma ministra de Estado que está falando, disse outro dia um líder governista reivindicando credibilidade à terceira versão sobre o dossiê apresentada por Dilma Rousseff.
Nesse contexto de desconexões entre as coisas tais como elas são e a maneira como são apresentadas ao público se inclui a agressividade dos ataques de Lula aos adversários políticos. Completamente desproporcional à força e ao combate que lhe dirige a oposição.
Não que não haja motivo para tanto entusiasmo. Há de sobra, porque as coisas vão indo muito bem para o governo. O que carece de base real são as exorbitâncias resultantes de um sentimento generalizado de onipotência.
Perde-se, a olhos vistos, o senso do limite e da racionalidade. Há vários exemplos.
No caso do dossiê sobre os gastos de Fernando Henrique Cardoso (foto), o governo apresenta sucessivas versões de uma história já na origem muito mal contada e ainda acha que as pessoas têm obrigação de abrir mão do próprio discernimento, da capacidade de cotejar fatos, e simplesmente acreditar. Por quê? Porque é uma ministra de Estado que está falando, disse outro dia um líder governista reivindicando credibilidade à terceira versão sobre o dossiê apresentada por Dilma Rousseff.
Nesse contexto de desconexões entre as coisas tais como elas são e a maneira como são apresentadas ao público se inclui a agressividade dos ataques de Lula aos adversários políticos. Completamente desproporcional à força e ao combate que lhe dirige a oposição.
(*) Via Láctea de Olavo Bilac.
Por Dora Kramer
Por Dora Kramer
O presidente fala nos palanques como se estivesse isolado, acuado por uma maioria oposicionista aguerrida, unida e inteiramente voltada à sua deposição, quando o que há na verdade é uma oposição amorfa, tentando preservar seu projeto eleitoral futuro, literalmente sentada em cima do muro.
Contaminado pelo clima, vem o vice-presidente da República, ignora que a última pesquisa sobre eventual terceiro mandato registrou rejeição de 65% à tese, e põe na mesa a seguinte questão: Se for perguntado aos brasileiros qual é o desejo deles, é que Lula fique mais tempo no poder.
A justificativa, segundo ele, é que o presidente tem feito muito e ainda tem muito para fazer. É a maior autoridade do País defendendo a quebra da estabilidade institucional porque o governante da ocasião está bem avaliado nas pesquisas.
Se vamos assim, vamos mal. E o pior é que José Alencar recentemente desvendou um truque presidencial e acertou. Na véspera da última visita de Lula ao Rio, o vice-presidente disse que o candidato preferido dele à prefeitura da cidade era o senador Marcelo Crivella.
Isso era ainda uma suspeita, pois o presidente acabara de firmar uma aliança com o governador Sérgio Cabral em torno do candidato do PT, Alexandre Molon. No dia seguinte, Crivella foi o único com direito a lugar no palanque e citação no discurso de Lula.
Se no caso do terceiro mandato Alencar também estiver tão bem informado, vem por aí uma proposta de convocação de plebiscito. O presidente negou. Mas o fez em total desconexão com a realidade - se tem uma coisa que eu não gostaria de fazer é discutir eleições - de quem não tem feito outra coisa a não ser falar de eleição.
Contaminado pelo clima, vem o vice-presidente da República, ignora que a última pesquisa sobre eventual terceiro mandato registrou rejeição de 65% à tese, e põe na mesa a seguinte questão: Se for perguntado aos brasileiros qual é o desejo deles, é que Lula fique mais tempo no poder.
A justificativa, segundo ele, é que o presidente tem feito muito e ainda tem muito para fazer. É a maior autoridade do País defendendo a quebra da estabilidade institucional porque o governante da ocasião está bem avaliado nas pesquisas.
Se vamos assim, vamos mal. E o pior é que José Alencar recentemente desvendou um truque presidencial e acertou. Na véspera da última visita de Lula ao Rio, o vice-presidente disse que o candidato preferido dele à prefeitura da cidade era o senador Marcelo Crivella.
Isso era ainda uma suspeita, pois o presidente acabara de firmar uma aliança com o governador Sérgio Cabral em torno do candidato do PT, Alexandre Molon. No dia seguinte, Crivella foi o único com direito a lugar no palanque e citação no discurso de Lula.
Se no caso do terceiro mandato Alencar também estiver tão bem informado, vem por aí uma proposta de convocação de plebiscito. O presidente negou. Mas o fez em total desconexão com a realidade - se tem uma coisa que eu não gostaria de fazer é discutir eleições - de quem não tem feito outra coisa a não ser falar de eleição.
3 comentários:
Esse deslumbramento triunfalista não há de perdurar por tempo indefinido.
Não sou economista. Aliás, os economistas "não erram nunca", pois quando produzem qualquer análise projetando-a para semanas, meses ou anos, criam vários scenarios com possibilidades diversas.
No entanto, há tempos venho comentado sobre o 'galopante' processo de inflação que consistentemente vem se consolidando lá na China.
Então, alguém já imaginou no que isso pode resultar (da CHINA EXPORTANDO INFLAÇÃO)? Eu não quero nem pensar a respeito.
Alie-se a isto a acentuada recessão da enconomia norte-americana, em franco declínio — com tudo para provocar a estagnação do comércio internacional...
Fala-se pouco a respeito, mas (até mesmo por conta da desvalorização do US$ em todo o mundo) o Real está muito sobrevalorizado — fato que aliado à queda nas exportações, já reduziu em pelo menos 1/3 os resultados das contas externas brasileiras neste ano em relação ao anterior (ou seja, o superávit vem decrescendo acentuadamente).
Aliás, vale realçar que esse superavit tem sido garantido em grande parte por força das exportações da apedrejada Vale do Rio Doce, a cujos minérios conseguiu aplicar inimagináveis 65% de aumento de preço somente neste ano (só que essa maré a favor uma hora dessas acaba). Não fosse ela, e as coisas já teriam realmente começado a desandar!
Esta realidade declinante não tem sido percebida por muita gente, e seguramente há de estourar no colo do próximo governo.
AGORA, alguém já pensou nas adversidades que virão após um período de tamanha irresponsabilidade do ômi du tôlrtu - que faz o que bem quer (via MP até para criar a TV do Lula) com os recursos do Tesouro?!?
Em tempo: fala-se muito por aqui do Brasil alcançar o investment grade — como fato auspicioso para melhorar sua condição de crédito no mercado fianceiro internacional; todavia, NINGUÉM comentou sobre o fato do Perú já ter alcançado tal status, salvo engano, na semana que passou.
Quiéquiá, minha gêintchi?!?
"Sei lá, intêindji"?
Giulio, estou entrando s� pra falar que acabei de ler no blog do noblat uma pesquisa em que Marta est� disparando na frente e que a candidatura do Alckmin perdeu for�a, embora esteja em segundo lugar. Tendo e vista que Lula est� passando o trator nas elei�es deste ano, � um dado importante que acabei de ver e que me deixou ao mesmo tempo alegre e temerosa. Gostaria que voc� fizesse uma leitura cr�tica se estiver na sua pauta.
Oi, xente
Desconectado deste post, mas na linha dos comentários, vai chegar um momento, talvez logo, que o império do sol nascente vai ter de ajustar sua economia, parando de pagar (aumentando-os) os salários aviltantes que promovem. Aí, com os custos de frete subindo meteoricamente, provavelmente os norte-americanos (e os outros) vão parar de produzir lá. E aí?
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