Ah, esse cônjuges...

Claudio Humberto informa que o marido da ex-ministra Marina Silva, Fábio Vaz de Lima (na foto beijando a esposa), está, junto a Roseana Sarney, sendo acusado de irregularidades na extinta Sudam. Eles teriam beneficiado ilegalmente a Usimar em São Luís, com recursos do Fundo de Investimento da Amazônia. (leia a matéria aqui)
Ainda no CH diz que “Fábio Vaz de Lima chefiava o influente GTA, “holding” de 200 ONGs que comercializa madeira apreendida pelo... Ministério do Meio Ambiente”.
Pois bem, Fábio era assessor de Sibá Macado, suplente de Marina, até que virou secretário de Governo no Acre. Em junho de 2005 eu publiquei o artigo: “Besta é coco, que dá leite sem ter peito”, onde conto o esquema de Fábio com o GTA (Grupo de Trabalho Amazônico), e a forma como uma denúncia feita por um funcionário do Ibama foi arquivada, em leia mais, o texto completo:

05 de Junho de 2005
Besta é coco, que dá leite sem ter peito
Por Adriana Vandoni

Não é surpresa nenhuma a conivência de funcionários públicos com extorsões. Em 2003, presenciei uma reunião de madeireiros e o que mais escutei foi que saía mais barato trabalhar na ilegalidade e pagar os fiscais, que ficar à espera da liberação de planos de manejo. Na época publiquei um texto chamado "de mocinho a bandido", onde contei isso e cobrei uma atuação mais séria dos órgãos responsáveis e organização do setor madeireiro. Há poucos dias um leitor me enviou um e-mail contando que há quatro anos tenta a liberação de um projeto para sua área (que é pequena) e não consegue. Foi informado no Ibama que o profissional que ele contratou não conhecia os "meandros" da instituição.
No dia 5 de junho de 2003 o Ibama fez uma doação de 6 mil toras de mogno (apreendido em Altamira/PA) à ONG Fase (Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional). Em vez de realizar um leilão, a Fase revendeu para a Madeireira Cikel Brasil Verde, uma das maiores empresas de industrialização e comercialização de madeiras e produtos afins do Brasil. Valor da venda - R$ 7,9 milhões, bem abaixo que o valor de mercado. A Cikel foi rápida em exportar a pechincha.
Essa doação foi denunciada por funcionários do próprio Ibama ao TCU (Tribunal de Contas da União), que abriu uma investigação. O relator do processo 012.307/2003-5, ministro Humberto Souto, declarou ao Jornal do Brasil (31/05/04) que: "A doação promovida por ente público não pode ser realizada sem a devida observância dos princípios da isonomia, impessoalidade e publicidade. Falhou-se nesse aspecto. Ao menos nos elementos trazidos aos autos, não ficaram claros os motivos que levaram à escolha da Fase como donatária. Nas circunstâncias, fica difícil afastar a impressão de que outras entidades poderiam ter interesse em receber a doação". Depois o ministro voltou atrás e decidiu não punir o Ibama, afinal, a madeira já havia sido exportada... Apesar de não entender, bem, é o julgamento dele.
O interessante desse caso todo é que a ONG Fase faz parte de um conglomerado de 200 ONGs que atuam na Amazônia e formam o GTA (Grupo de Trabalho Amazônico), do qual Fábio Vaz de Lima, marido da ministra Marina Silva, é ex-secretário executivo. A doação de madeiras a ONGs foi uma prática implementada por Marina Silva e elogiada pelo presidente Lula. Segundo o jornal do Meio Ambiente (23/12/2004), esta é uma ótima forma de esquentar madeira ilegal extraída da Amazônia.
Por falar em Fábio Vaz Lima, assessor do senador Sibá Machado, suplente da ministra, com salário de R$ 8 mil, no ano passado ele foi denunciado como autor de projetos superfaturados de manejo florestal elaborado pelo Conselho Nacional de Seringueiros, organização em que já atuou como secretário-geral e que era dirigida por um homem de sua confiança, Atanagildo de Deus Matos. Os seringueiros eram orientados pelo Centro Nacional de Populações Tradicionais, do Ibama, para conseguir recursos junto ao BNDES destinados ao programa ambiental.
A denúncia ocorreu na mesma época em que um jornal norte-americano escreveu do apreço de Lula por bebidas, fato que colaborou imensamente com Aldo Rebelo na luta para livrar o marido da ministra de uma audiência pública que apuraria as denúncias, pedida pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
Atanagildo Matos foi acusado de desviar recursos de projetos ambientais, porém, em uma alteração do organograma do Ibama, proposta pela ministra Marina e encaminhada à Casa Civil, Atanagildo passaria a ocupar a Diretoria de Populações Tradicionais e Integração Sócio-ambiental, com salário de R$ 6.300, mesmo respondendo a processo administrativo dentro do órgão por desvio de recursos. Nada abalou o prestígio político de Atanagildo com a direção do Ibama e o Ministério do Meio Ambiente.
Blairo se desgastou enormemente com o envolvimento de seu subordinado, é o preço que se deve pagar pelas escolhas que fez. Vamos ver se agora a coisa muda, mas de cara ele nomeou "Machado" para evitar o desmatamento! Ô nomezinho infeliz, hein?
Voltando. O PT tem que pagar o mesmo preço. As investigações e punições têm que ser iguais a todos os cidadãos brasileiros, independente da sua simpatia partidária. Há de se investigar sim. Há a necessidade. Todos envolvidos devem ser punidos, conforme manda a lei e outros devem ser caçados (do verbo caçar). Mas que fique claro que investigação não é a função do Ministério do Meio Ambiente. Segundo um dos coordenadores da Operação Curupira, esta investigação vem sendo feita há dois anos. O que fez o ministério durante esses dois anos em que a Polícia Federal investigou? Ajudou nas investigações? Deixou roubar como forma de armar arapucas? Aderiu à teoria do caos, quanto pior melhor? Bem, se foi essa a ação do ministério durante todo esse tempo, ele deve ser transformado em um departamento da PF ou deve ser extinto de uma vez.
A Polícia Federal está atuando de forma exemplar, um orgulho para os brasileiros que já estão cansados de impunidade, mas o Ministério do Meio Ambiente é inoperante, incompetente e inútil. Ou achou nessa operação uma conveniente forma de nos tapar os olhos e impedir que víssemos os R$ 400 milhões que o governo federal está liberando em emendas, para "mudar" a opinião de congressistas que são a favor da CPMI dos Correios. Vale esclarecer que o valor que o governo federal disponibilizou para "abrir os olhos" dos parlamentares, daria para comprar mais de 2 milhões (2.332.769,58) de cestas básicas, a preço de abril em Brasília, segundo Dieese. Alguém se lembra do Fome Zero?
Uma coisa é certa, nessa história toda, besta é o coco que dá leite sem ter peito.