24 de mai. de 2008

Gastronomia para otoridade

Por Ralph J. Hofmann

Há uma intensa movimentação de brasileiros no exterior, missões mistas de empresários, missões de figuras políticas para verificar fatos sobre assuntos os mais diversos.
Soube que até se cogita a “Missão de Pesquisa para a Implantação de Pesca Industrial de Esturgeão no Lago Paranoá”, uma iniciativa do Ministro da Pesca visando a médio prazo adaptar este peixe às condições do Planalto assim reduzindo a dependência brasileira do caviar russo, e possível substituição do caviar russo e iraniano nos mercados mundiais.
Outros ministérios estão estudando a fórmula do Rum da Jamaica, verificando os cálculos que foram necessários para a construção da Torre Eiffel, e, considerando que o cefalópode não estará sempre conosco (Benza Deus), técnicas egípcias de construção de tumbas e embalsamamento.
Mas veja o dilema dos anfitriões dessas missões. O que servir a estes brasileiros errantes. Nem todos os países tem estoques de carne uruguaia. Poucos terão assadores de churrasco nascidos em Santa Catarina. Trata-se de um verdadeiro problema.
Mas nem tudo está perdido. Uma associação de contribuintes e eleitores brasileira está distribuindo um sucinto documento entre os chefes de cerimonial do mundo inteiro que deverá facilitar suas vidas.
Em primeiro lugar, nos hotéis, nos apartamentos destinados a dignitários brasileiros, será de bom tom colocar um fardo de alfafa. Será muito apreciado, principalmente por elementos da área econômica do governo.
Sendo missão de áreas ligadas a grandes obras sugere-se manter sempre disponível um cocho de alumínio (desses que se usa em suinocultura). O conteúdo deve ser qualquer coisa que esteja sobrando na cozinha. Este pessoal não liga muito para o que come e como come, desde que esteja acompanhado de Romanée Conti e “puros” cubanos.
E os banquetes? Ah os banquetes! Mais simples ainda. A delegação brasileira, seja qual for, come qualquer coisa. Não é dada a frescuras. Apenas tem dois detalhes: A entrada, seja o que for, deve ser servida em cima de formas de pizza, senão o pessoal não saberá que aquilo é comida. E a sobremesa deve ser coberta com melado. Dispensa-se colherzinha, garfinho ou faquinha de sobremesa. A turma quer se lambuzar mesmo.

3 comentários:

ma gu disse...

Alô, meu caro Ralph.

Vou repetir o que disse no comentário ao post É muito fácil de entender. Você estava fazendo muita falta. Eu tive de parar de ler o post várias vezes, por causa do ataque de riso, o melhor remédio. O fardo de alfafa foi o melhor. Ah, e também o considerando...
O engraçado é que, mesmo não sendo 'otoridade', sou um consumidor de broto de alfafa, além do de feijão. Aliás, para sua informação, veja http://saude.abril.com.br/edicoes/0262/nutricao/
conteudo_87850.shtml

Ralph J. Hofmann disse...

Magu

Broto de alfafa é muito frágil para fazer fardos.
Além do que, esta turma precisa de bolo fecal, o que faz com que a alfafa já tenha de ter certa densidade/nmaturidade. Senão pode causar algum distúrbio no rumen.

Anônimo disse...

Ralph, como o Magu, ri à beça, principalmente do melado. Estou até hoje rindo do texto do Jabour, no Estadão de alguns dias atrás, sobre a falta de finesse e de boas maneiras da roubalheira da nova casta de operários no poder. Os pançudos se lambuzando de melado, as botocudas babando e as guerrilheiras assaltantes, como a mãe das tetas lambendo os dedos e os beiços é demais para mim, hehe.