13 de mai. de 2008

Triste constatação

Por Fabiana Sanmartini

O Jornal italiano, La Repubblica (Roma), publica uma nota sobre Ylenia (21), jovem de Brasília que vive no norte de Milão. Chegou à Itália pelas mãos da irmã que vivia no país, casada com um italiano.
Empregou-se, inicialmente, como garçonete e levada por um amigo conheceu o mecanismo da prostituição. Paga uma taxa para ter a foto e telefone no site especializado, o que ganha é dela, não tem cafetão. Recebe 100 Euro por cliente com o qual, gasta algo em torno de 40 minutos. Em Reais vai a R$ 200,00, fazendo 3 clientes por dia, R$ 600,00, trabalhando 5 dias por semana R$ 3.000,00, conseqüentemente, num mês de 18 dias, para tirarmos os dias de menstruação chegamos a R$ 10.800,00. Com o dinheiro mantém os pais e irmãos no Brasil. Veja bem, no ano de 1931, durante o regime fascista foi regulamentada a prostituição em casas fechadas, quando o país, já uma república democrática, em 1958 as casas foram proibidas e as “meninas” voltaram a “bater calçada” (foto). Este sistema passou, vamos dizer ficar feio e por perigo constante em serem agredias, o governo voltou com o antigo sistema, que é o direito a atender na própria casa. Vamos entender, cancela o calçadão de Copacabana, os cafetões ou cafetinas e as “meninas” podem atender nos quitinetes que moram. É mais ou menos assim.
Não estou de forma nenhuma sendo conivente com a prostituição infantil ou a exploração de quem quer que seja pelo “patrão”, ou favorável à existência de escravas brancas . Estou sim trazendo à tona, fatos que nos levam a uma triste constatação.
O Brasil não tem como sustentar o próprio povo e exporta as moçoilas das calçadas, assim como a Lithuania, Rússia, Sudão e Romenia. Na contramão das declarações absurdas, surtadas do presidente, temos a realidade que ele já esqueceu, agora que é sustentado com falcatruas sabidas e o dinheiro dos nossos impostos. Com o que produzimos deveríamos e poderíamos pelo menos comer muito melhor. O povo brasileiro não quer caridade usada para tampar nossos olhos. Queremos o direito ao trabalho, ganhar o justo por ele e a não perdermos a esperança de algo melhor para nosso filhos. Desta forma vamos, quem sabe, parar de exportar não só “meninas”, mas dentistas, engenheiros, médicos e uma lista de profissionais competentes que saem nos aeroportos em busca de dignidade. No caso citado pelo La Repubblica, Ylenia diz que agora tudo vai mudar, vai sair do quarto e sala que divide com outras duas amigas, comprar um apartamento e torna-se modelo. Vai realizar o sonho acalentado de menina. Atingir os objetivos dos sonhos é, muitas vezes, o que leva tantas meninas às ruas.

Um comentário:

ma gu disse...

Alô, Fabiana.

Deixou os 'pets' (não que não sejam importantes) para falar de gente grande. Bem escrito o artigo; não há apologia ao crime, só a constatação de que a profissão mais antiga do mundo ainda dá dinheiro e de como a Itália trata melhor suas (nossas) meninas...
Parabéns!