O decano dos colunistas políticos brasileiros, Villas-Bôas Corrêa, também se mostra estupefato com a amoralidade do senador Renan Calheiros nas explicações de suas trampolinagens, na falta do vergonha do presidente da República em apoiá-lo e no escandaloso corporativismo de seus pares, que preferem, não se sabe por quais escusos objetivos, esconder tudo para debaixo do tapete.
Lembra ele de alguns homens públicos que além de ilibados, tinham o orgulho de servir sua nação:
“Puxamos o fio do saudosismo e fomos longe na especulação: não apenas o senador Afonso Arinos, o mais completo parlamentar desde o fim do Estado Novo. Para ficar em alguns exemplos: Milton Campos, Nereu Ramos, Gustavo Capanema, Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto, Carlos Lacerda, Alberto Pasqualini, Odilon Braga, Daniel Krieger, Petrônio Portela, Thales Ramalho, Célio Borja e Adauto Lúcio Cardoso”.
Dos citados acima, só continua vivo o jurista Célio Borja, com quase 80 anos. A maior parte dos brasileiros de hoje não viveram na época que estes homens exerciam uma política correta e brilhante e nós, os mais velhos, quase os olvidamos.
Escolhi para ilustrar esse nota Carlos Lacerda, por ser o que conheci melhor e estive ligado por força de trabalho. Foi em seu jornal, Tribuna da Imprensa, que tive o primeiro emprego como foca, no final de minha adolescência. Depois, quando foi governador do Estado da Guanabara, trabalhei todo o tempo de seu governo no programa de desfavelização da cidade estado, tendo depois chegado a ser o primeiro administrador, da hoje sinistra Cidade de Deus.
Lacerda foi um feroz lutador contra a corrupção, seus ataques eram ferinos, contundentes e devastadores a ponto de tentarem matá-lo para que calasse suas denuncias. Seus inimigos tentaram de toda a forma enlamear sua moral, sem sucesso, pois não existia nada que o desabonasse.
É doloroso, para os que viveram a época desses grandes brasileiros, verem as cadeiras onde sentaram serem conspurcadas por facínoras como José Dirceu, Roberto Jefferson, Professor Luizinho, Ângela Guadagnin, Antonio Palocci, Paulo Maluf, Fernando Collor de Mello, Romero Jucá, e Renan Calheiros.
Acorda Brasil! (G.S.)
Para ler o artigo de Villas-Bôas Corrêa na íntegra, clicar em “Leia mais”
Lembra ele de alguns homens públicos que além de ilibados, tinham o orgulho de servir sua nação:
“Puxamos o fio do saudosismo e fomos longe na especulação: não apenas o senador Afonso Arinos, o mais completo parlamentar desde o fim do Estado Novo. Para ficar em alguns exemplos: Milton Campos, Nereu Ramos, Gustavo Capanema, Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto, Carlos Lacerda, Alberto Pasqualini, Odilon Braga, Daniel Krieger, Petrônio Portela, Thales Ramalho, Célio Borja e Adauto Lúcio Cardoso”.
Dos citados acima, só continua vivo o jurista Célio Borja, com quase 80 anos. A maior parte dos brasileiros de hoje não viveram na época que estes homens exerciam uma política correta e brilhante e nós, os mais velhos, quase os olvidamos.
Escolhi para ilustrar esse nota Carlos Lacerda, por ser o que conheci melhor e estive ligado por força de trabalho. Foi em seu jornal, Tribuna da Imprensa, que tive o primeiro emprego como foca, no final de minha adolescência. Depois, quando foi governador do Estado da Guanabara, trabalhei todo o tempo de seu governo no programa de desfavelização da cidade estado, tendo depois chegado a ser o primeiro administrador, da hoje sinistra Cidade de Deus.
Lacerda foi um feroz lutador contra a corrupção, seus ataques eram ferinos, contundentes e devastadores a ponto de tentarem matá-lo para que calasse suas denuncias. Seus inimigos tentaram de toda a forma enlamear sua moral, sem sucesso, pois não existia nada que o desabonasse.
É doloroso, para os que viveram a época desses grandes brasileiros, verem as cadeiras onde sentaram serem conspurcadas por facínoras como José Dirceu, Roberto Jefferson, Professor Luizinho, Ângela Guadagnin, Antonio Palocci, Paulo Maluf, Fernando Collor de Mello, Romero Jucá, e Renan Calheiros.
Acorda Brasil! (G.S.)
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A Fila da Absolvição
Por Villas-Bôas Corrêa
Não importa que a defesa do senador Renan Calheiros tenha mais furos que rede de pescador. E é pura perda de tempo catar as contradições e lacunas no seu depoimento: o presidente do Senado jamais correu qualquer risco. Tal como em comédia burlesca ou em novelas de televisão, antes do primeiro capítulo, o final está pronto na cabeça do autor. Por que infernizar a vida do presidente do Congresso, um dos líderes do PMDB que ajudou a tanger o partido para as pastagens do governo, de um companheiro sempre pronto a atender os pedidos dos colegas?
Depois, os antecedentes armam a grelha - ou o limpa-trilhos do preciso regionalismo alagoano - para o pouso do senador no fofo colchão da impunidade: o Congresso não tem autoridade para punir ninguém, nem deputado do baixo clero, depois de consagrada a absolvição de dezenas de denunciados no festival de escândalos do Legislativo recordista, como nunca se viu igual na história deste país. Por entre os felizardos premiados com os gasparinos da absolvição da ladroagem do caixa 2, das propinas do mensalão, nas trapaças apuradas pelas CPI dos Correios, das ambulâncias e de emplacada a máxima de que o voto que elege e reelege tem o generoso sentido do perdão do povo, o ilustre e empelicado representante de Alagoas desfila com o garbo de carneiro em parada.
A imprensa cumprirá o seu dever de catar contradições na defesa que parece armada com tela de galinheiro. Se os documentos exibidos nos 24 minutos de engasgada emoção não comprovam a origem do dinheiro que o pai pródigo gastou com a filha, fruto de uma relação extraconjugal, o senador arranjará outros. O lobista da Mendes Junior, o prestimoso amigo Cláudio Gontijo, deve dispor de pilhas de recibos para todas as serventias.
O presidente do Senado obedeceu ao figurino e comportou-se como recomendam as normas da Casa. À fila de senadores de todos os partidos que o afogaram nos abraços e sacudiram o pó com as palmadas nas costas e anteciparam o desfecho sabido, seguiu-se o blablablá da bazófia: tudo deve ser apurado para a exemplar punição dos culpados. Se for o caso, o rigoroso Conselho de Ética examinará as acusações e a defesa. E, na forma do louvável costume, o plenário do Senado garante a absolvição e a nova manifestação de solidariedade.
A esfuziante solidariedade pessoal ajusta-se ao modelo ético de novos tempos. Pipocam as justificativas para barrar a ressaca da indignação dos poucos que gritam e dos muitos que calam. Todas ou muitas de inegável oportunidade, como o financiamento público de campanha; a fidelidade partidária ou o fechamento dos ralos na elaboração do Orçamento.
Mas não se toca nem com o dedo mindinho nas causas reais da desmoralização do mais democrático dos poderes - como as semanas de dois a três dias úteis, as quatro passagens mensais para o fim de semana com a família, a orgia das mordomias, vantagens e benefícios, como a da inqualificável verba indenizatória de R$ 15 mil para as despesas dos quatro dias da folga semanal.
O ex-deputado federal e estadual, acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco Filho, confessou a sua perplexidade: "Não consigo encaixar o meu pai neste Congresso".
Puxamos o fio do saudosismo e fomos longe na especulação: não apenas o senador Afonso Arinos, o mais completo parlamentar desde o fim do Estado Novo. Para ficar em alguns exemplos: Milton Campos, Nereu Ramos, Gustavo Capanema, Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto, Carlos Lacerda, Alberto Pasqualini, Odilon Braga, Daniel Krieger, Petrônio Portela, Thales Ramalho, Célio Borja e Adauto Lúcio Cardoso.
Paramos por aí. Silenciados pela vergonha.
Por Villas-Bôas Corrêa
Não importa que a defesa do senador Renan Calheiros tenha mais furos que rede de pescador. E é pura perda de tempo catar as contradições e lacunas no seu depoimento: o presidente do Senado jamais correu qualquer risco. Tal como em comédia burlesca ou em novelas de televisão, antes do primeiro capítulo, o final está pronto na cabeça do autor. Por que infernizar a vida do presidente do Congresso, um dos líderes do PMDB que ajudou a tanger o partido para as pastagens do governo, de um companheiro sempre pronto a atender os pedidos dos colegas?
Depois, os antecedentes armam a grelha - ou o limpa-trilhos do preciso regionalismo alagoano - para o pouso do senador no fofo colchão da impunidade: o Congresso não tem autoridade para punir ninguém, nem deputado do baixo clero, depois de consagrada a absolvição de dezenas de denunciados no festival de escândalos do Legislativo recordista, como nunca se viu igual na história deste país. Por entre os felizardos premiados com os gasparinos da absolvição da ladroagem do caixa 2, das propinas do mensalão, nas trapaças apuradas pelas CPI dos Correios, das ambulâncias e de emplacada a máxima de que o voto que elege e reelege tem o generoso sentido do perdão do povo, o ilustre e empelicado representante de Alagoas desfila com o garbo de carneiro em parada.
A imprensa cumprirá o seu dever de catar contradições na defesa que parece armada com tela de galinheiro. Se os documentos exibidos nos 24 minutos de engasgada emoção não comprovam a origem do dinheiro que o pai pródigo gastou com a filha, fruto de uma relação extraconjugal, o senador arranjará outros. O lobista da Mendes Junior, o prestimoso amigo Cláudio Gontijo, deve dispor de pilhas de recibos para todas as serventias.
O presidente do Senado obedeceu ao figurino e comportou-se como recomendam as normas da Casa. À fila de senadores de todos os partidos que o afogaram nos abraços e sacudiram o pó com as palmadas nas costas e anteciparam o desfecho sabido, seguiu-se o blablablá da bazófia: tudo deve ser apurado para a exemplar punição dos culpados. Se for o caso, o rigoroso Conselho de Ética examinará as acusações e a defesa. E, na forma do louvável costume, o plenário do Senado garante a absolvição e a nova manifestação de solidariedade.
A esfuziante solidariedade pessoal ajusta-se ao modelo ético de novos tempos. Pipocam as justificativas para barrar a ressaca da indignação dos poucos que gritam e dos muitos que calam. Todas ou muitas de inegável oportunidade, como o financiamento público de campanha; a fidelidade partidária ou o fechamento dos ralos na elaboração do Orçamento.
Mas não se toca nem com o dedo mindinho nas causas reais da desmoralização do mais democrático dos poderes - como as semanas de dois a três dias úteis, as quatro passagens mensais para o fim de semana com a família, a orgia das mordomias, vantagens e benefícios, como a da inqualificável verba indenizatória de R$ 15 mil para as despesas dos quatro dias da folga semanal.
O ex-deputado federal e estadual, acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco Filho, confessou a sua perplexidade: "Não consigo encaixar o meu pai neste Congresso".
Puxamos o fio do saudosismo e fomos longe na especulação: não apenas o senador Afonso Arinos, o mais completo parlamentar desde o fim do Estado Novo. Para ficar em alguns exemplos: Milton Campos, Nereu Ramos, Gustavo Capanema, Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto, Carlos Lacerda, Alberto Pasqualini, Odilon Braga, Daniel Krieger, Petrônio Portela, Thales Ramalho, Célio Borja e Adauto Lúcio Cardoso.
Paramos por aí. Silenciados pela vergonha.
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