Aonde Lula vai, a vaia também vai

Por Pedro Oliveira - Jornalista e presidente do Instituto Cidadão.

Tudo começou com um Maracanã lotado e um presidente apatetado sendo vaiado e passando por grande constrangimento diante de visitantes ilustres, delegações de jovens de vários paises e rodeado de “aspones” a exemplo do ministro dos Esportes, o desconhecido Orlando Silva Junior e de um senador deslumbrado, o cearense Inácio Arruda, que insistiam que as vaias seriam “orquestradas pela oposição”, como se as 90 mil pessoas que ali estavam na abertura dos Jogos Pan-americanos, pagando seus ingressos e vaiando o presidente, não expressassem a vontade própria e a revolta contida na indignação de cada brasileiro.
Com medo de novas manifestações de protesto o Palácio do Planalto cancelou um roteiro de viagens do presidente à região Sul optando por visitas a algumas capitais do Nordeste “onde Lula seria melhor acolhido”. Erraram mais uma vez. Muito embora apenas comparecendo a eventos com público pré-selecionado, militantes petistas convocados e esquema de segurança para evitar manifestações contrárias, as reações não têm sido evitadas, o que tem constrangido bastante o presidente e sua camarilha.

Em Aracajú a festa permitiu apenas a entrada de pessoas portando convites, distribuídos pelo governo, mas não evitou que o presidente fosse vaiado por duas vezes por um grupo de funcionários do Incra e estudantes da Universidade Federal de Sergipe. Os militantes petistas bem que tentaram abafar com aplausos e os chavões ultrapassados de “Olê, Olá, Lula, Lula”. A segurança troglodita chegou a tomar uma faixa dos manifestantes que dizia “Lula traidor”.
O “sargentão” da Casa Civil, Dilma Rousseff também recebeu suas merecidas vaias dos manifestantes. Do lado de fora do evento muitos manifestantes que não conseguiram, entrar realizavam um apitaço, xingavam o presidente e chegaram a queimar um boneco com faixa presidencial que apelidaram de Lula, que aparentemente impaciente ouvia as mesmas justificativas do serviçal governador Marcelo Deda: “Eles são muito poucos”. Poucos porque o esquema de blindagem não permitiu o acesso do povo, mas apenas de “convidados”.
Na capital do Rio Grande do Norte o governo repetiu as providências. Evento em local fechado e só para convidados. Mesmo assim Lula não conseguiu se livrar das vaias. Não foi a oposição. Foi o povo nas ruas a juventude estudantil e os decepcionados com o desgoverno petista.
Não adiantou a estratégia do Palácio do Planalto. O Nordeste também quer vaiar Lula como todo o Brasil. O grito contido na garganta de cada brasileiro começa a se manifestar e se alastrar pelo país. Em Cuiabá a companheira jornalista Adriana Vandoni nos informa que está sendo preparada uma “vaia monumental” para receber o presidente nos próximos dias. Em São Paulo recebo a convocação de amigos para a “Passeata da Grande Vaia”, no dia 4 de agosto, na Avenida Paulista, com direito bandeiras, faixas, textos de protesto, narizes de palhaço e muita gente trajando roupa preta. Vou estar por lá, com certeza.
Eles estão começando a ficar preocupados. O ministro dos esportes (aquele que tem nome de cantor) anunciou a ausência do presidente Lula na cerimônia de encerramento dos Jogos Pan-Americanos, com a desculpa esfarrapada: “Não tem nada a ver com vaias, e sim com a agenda lotada e os compromissos provocados pelo acidente com o avião da TAM”. Como se Lula estivesse dando alguma importância a este trágico fato que enlutou o país.
A grande realidade é que o Brasil está finalmente acordando de sua letargia cívica e dando demonstrações de intolerância com o politicamente incorreto. Os erros do governo petista passam a ser revistos e daqui pra frente cada aparição pública do presidente será um convite a essa reação que tende a crescer e se multiplicar. As vaias e a vontade das ruas poderão sim, mudar os rumos da podre política brasileira, num confronto de resultados com a corrupção no Congresso Nacional no governo Lula.