17 de jul. de 2007

As Sete Maravilhas do Rio

Por Fabiana Sanmartini

É melhor o Governador do Rio tomar uma posição AGORA, caso contrário será, com toda certeza, o próximo vaiado. No domingo, em uma desorganizada comemoração, pela eleição do Cristo, os brasileiros, aqueles que foram bajulados, chamados a cidadania e ao orgulho de ser brasileiro e mais de ser carioca, tiveram sua recompensa. Um dia inteiro, sem água, banheiro nem nada que se pareça com atenção e respeito a os verdadeiros responsáveis pela eleição. O descaso não tem preconceito, atingiu de crianças a idosos, deixando em todos a dúvida sobre porque tinham votado. No anuncio sobre a gratuidade não havia horário estabelecido, e o brasileiro que está fora do planalto, quis aproveitar a gentileza, porque de outra forma, a valer pelo preço, as famílias teriam que vir separadas. Fica, como sempre, a certeza que o Rio, como uma mulher não muito bonita, usa todos os artifícios, se pinta, arruma, aperta onde sobra e coloca enchimento onde falta, possa ao lado dos turistas, tira fotos, distribui sorrisos... Só que no dia seguinte acorda conosco, sem as próteses, numa realidade dura de aturar. E agora o setor de turismo quer eleger a sete maravilhas do Rio. Posso sugerir algumas, as janelas baleadas da Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, a artilharia do narcotráfico, as crianças se prostituindo no calçadão da Princesinha do Mar, a saúde pública, que trata seus pacientes com pontapés na bunda, a educação com seus professores mal pagos em suas escolas caindo, o esgoto jogado no mar da Barra e São Conrado criando a belíssima mancha negra, as crianças nos sinais fazendo malabares e cheirando cola quando as filas de adoção estão enormes e cheias de exigências preconceituosas. Viva quem é carioca! Somos fortes e temos um coração à prova de descaso! Somos nós que temos que gritar até nos fazer ouvir, não nos deixando enganar com a maquiagem proposta pelo governo. Sabemos onde dói o que está sendo feito do Rio. Dói em nós, nossas vítimas da violência diária, cruel. Dói nas famílias saqueadas e nas vidas de trabalhadores ceifadas a título de remédio amargo. Dói em quem morre aguardando socorro nos corredores dos hospitais, em quem pare no chão destes mesmos estabelecimentos de saúde. Dói nos professores que não conseguem lecionar e nos médicos e enfermeiros que com as farmácias vazias não tem material para atender a população, vítima do descaso público.
Veja que mal digerimos o “sumiço” das provas onde ficaria clara a causa da morte das vítimas exumadas do Complexo do Alemão e agora “some” também as poucas armas apreendidas na operação. Poucas sim, porque para uma operação deste calibre era de se esperar que a ordem tivesse voltado ao local. Nada! Somando-se a lista de possíveis saques e abusos por parte dos policias envolvidos na operação, está agora a “suspeita” de que as armas tenham sido devolvidas para os traficantes. Ora façam-nos o favor, é só dar uma pensadinha. Se os chefes do tráfico já estavam organizados para receber a ação policial, se já haviam retirado da comunidade o grosso das armas e das drogas, as provas de abuso some e agora as armas... Será que existem policias envolvidos? Ganhando por dia o que não ganham por mês na corporação? Podem exonerá-los, não ficarão desempregados. Trabalham em jornada dupla, Governador!

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