26 de jul. de 2007

A confirmação

Por Ralph J. Hofmann

Emir Sader acaba de publicar um libelo justificando Lamarca, condenando que considere a ele e outros desertores e traidores, e de uma forma geral condenando o golpe de 1964 e as duas décadas que o seguiram.Recentemente escrevi que não duvidava que a maioria das pessoas que pegaram em armas contra o golpe de 1964 fossem patriotas. Contudo efetivamente o país marchava naquele ano para uma anulação da democracia tal como ocorre hoje na Venezuela. Em tal caso, muitos dos que aderiram ao golpe de 1964 estariam nos maquis brasileiros, patriotas, lutando para derrubar uma reedição da tomada do poder por Hitler.
Hitler assumiu o governo legalmente, mesmo que eleito por uma minoria. Entrincheirado no poder levou o país a leis moralmente inaceitáveis, invadiu países vizinhos, massacrou os indefesos começando pelas pessoas com limitações físicas e psíquicas e passando para etnias inteiras ou religiões com que antipatizasse.
Daí por que não podemos esquecer que a falta de prazer em governar de João Goulart, semelhante, mas em grau muito menor, ao desinteresse de Lula estava levando o país a um golpe vindo de cima. O Presidente havia desautorizado seus comandados ao tomar atitudes que não se entendem num primeiro mandatário. Parecia na realidade um líder de revolução instigando uma revolta.
Os tempos vieram a provar que os militares, se não estiveram certos em todos os momentos, e apesar de freqüentemente lançarem mão de expedientes a que a maioria de nós não desejaria jamais estar associados, haviam lido a situação corretamente.
Eis que a vertente da qual participava Jango na sua inocência de homem decente guindado pelo Princípio de Peter a uma função acima de sua competência, que era essencialmente de ser um homem carismático somador de votos, está no poder no Brasil.
E neste momento nos deparamos, aparte da corrupção, da decadência de todas as instituições do estado, com a clara intenção de membros e amigos do atual governo de transformar o país numa massa acéfala confusa com suas instituições desfeitas, suas comunicações em caos, uma presa a qualquer aventureiro organizado.
E quem executa esses planos? Os mesmos. Ou seja, uma nova geração dos mesmos de 1964.
Nessa altura uma defesa de Lamarca, Marighela e outros é patética.
A amostra que estamos tendo do que nos esperava nos anos sessenta é amarga suficiente para justificar, se não os vinte anos do regime militar, ao menos o golpe desencadeado por Mourão, antecipando-se a um autogolpe pelo governo. O país já sofrera um golpe de governante no estabelecimento do Estado Novo. Não havia por que duvidar que o discípulo Jango assessorado pelo cunhado Brizola o fizesse mais uma vez.
A própria insistência do Marco Aurélio Top-Top e de José Dirceu em sentarem à mesa de Hugo Chavez, defenderem os assaltos da Bolívia e as ingerências das FARC, denotam o perigo em que nos encontramos.
Patriotas eles? Sei não.

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