27 de jul. de 2007

Mata, Rouba e Estupra

Por Fabiana Sanmartini

A impunidade no Brasil que começa nos grandes escalões e segue para a casa do presidente da República arrebanhando sua família e seus amigos pessoais, trás a certeza de que qualquer um pode manter-se ileso. Não é preciso fazer muito esforço e fica claro que o presidente do senado confia no esquecimento para manter seu orçamento em dia. Não contando só com o salário que lhe pagamos, este é pouco, seu cargo lhe dá “direito” a manutenção do extra, assegurado por deu mau caratismo deslavado.
Fazendo escola, logo a seguir do Planalto, vem a Polícia Militar, no Rio de Janeiro, é o crime que veste farda, a mesma que já inspirou de confiança hoje provoca paura. Não é suficiente afastá-los da farda, a punição tem de ser severa para quem tem sua valentia escorada em armas e carros oficiais. Vejamos a execução do vigia Rubineu Nobre no posto em Nova Iguaçu, Rio, após reagir às agressões anteriores, ou seja, tapas na cara.
Esta semana um grupo de turistas americanos, no Rio para acompanhar os Jogos Pan Americanos, saindo da boite Help em Copacabana, teve o táxi parado pela polícia. Como não encontram nada que comprometesse e nem dinheiro suficiente com grupo, levaram dois para o carro oficial e sob ameaça, extorquiram algo em torno de U$ 1.800,00 e como ainda estava pouco, mais R$ 800,00 e para comemorar o lucro da noite de trabalho com música, um MP3.
Em São Paulo, outro grupo de policiais está sendo acusado de estuprar uma colega de farda, e o pior, o capitão responsável por analisar a denúncia ameaçou um soldado, chantageando, para que este ao depor “aliviasse” os parceiros declarando já ter saído com a vítima e colocando em dúvida sua conduta. Que me conste, não só como mulher, mas principalmente como ser humano, temos o direito de sair, ficar, dormir e por ai vai, com quem quisermos, a hora que quisermos. Bastando que para isso a outra parte também o deseje, caso contrário é crime. Outro crime é faltar com a verdade em um tribunal e outro ainda a chantagem.
É o crime no Brasil é oficial, as autoridades não se pronunciam, não são tomadas atitudes a altura. Vivemos em um bang-bang onde dia a dia o crime autorizado esta mais perto da nossa casa. Então subimos as grades, trancamos as portas, mas as milícias batem nela, nos informando que tem a chave.
E as “pesquisas” ainda me dizem que diminuiu a criminalidade no Rio durante os jogos. Está certo! Estão atuando os bandidos fardados, fazendo um “bico” na hora do intervalo. E que me perdoem os honestos, mas vocês, lamentavelmente, são minoria.
Como adolescente dos anos 80 me resta à música do Titãs de fundo para este artigo: ”
Dizem que ela existe pra ajudar, dizem que ela existe pra proteger, eu sei que ela pode te parar, eu sei que ela pode te prender... (e eu completo, como co-autora) dizem que ela pode te matar, te roubar e te estuprar... Polícia! Para que precisa?”
(*) Fotos:
1 - o momneto que o policial atira no vigia.
2 - os policiais estadunidenses vítimas de extroção por parte dos "colegas" brasileiros.

Um comentário:

Anônimo disse...

Insigne Sra.
Qualquer jogo que praticarmos deve começar pelas leis, pelas regras, para que os contendores tenham as mesmas condições de vencê-lo. Isso é elementar. Quando se estabelece uma comunidade, mesmo que selvagem, há uma lei implícita que os organiza, assim como também existe uma hierarquia que tem a prerrogativa de julgar e punir os que estam out of law, agindo fora das regras.
Não é diferente numa nação que se pretende como tal. A Carta Magna estabelece um acordo para que o que chamamos de civilidade possa ocorrer. E ninguém pode estar fora das leis que a definem. Quanto mais alto o nível hierárquico, se de um lado maior o poder, maior também a responsabilidade de quem o exerce.
Somente os idiotas, tolos e insensatos podem imaginar que um país pode se transformar em nação ignorando esse Princípio.
Quando cada juiz, por viés ideológico, por divergência filosófica, religiosa, começa a julgar pelo que lhe dá nas entranhas, tem início uma ruptura, tal qual acontece em uma represa, e não há quem possa segurar mais as inevitáveis conseqüências. Tudo caminha para o que se chama entropia social. Cada um começa a ser portador de sua própria lei. As regras de trânsito passam a ser letra morta, o sabe com quem está falando?, tenho um amigo que quebra o galho, com jeitinho vai, e caminhamos lentamente, mas inexoravelmente para o cáos, para a barbárie. Por essa razão, uma nação não pode admitir ser conduzida por ignorantes, por inábeis, por incompetentes, mas, por aqueles que tenham altura moral, visão de estadista, respeito às leis, compreensão da própria função do Estado.
Não fica difícil entender o que acontece com o Brasil de hoje. Não tem o menor perigo de dar certo. A menos que homens de fibra, de sabedoria, de consciência, de senso de justiça e que observe com rigor aquilo que está disposto na Constituição e que essa seja estabelecida pela razão e não pelas injunções políticas ou ideológicas do momento.
Jamais torci para que o meu país desse errado, mas, posso estar totalmente enganado, e espero estar, mas a lógica me diz que não vai dar certo. Continuará como um país periférico, ainda que mostre alguns dados positivos na economia. Mas, socialmente, sei não...