15 de jul. de 2007

O Pudor Deixou de Existir

Por Giulio Sanmartini

O Brasil vive a crise aeroportuária desde os últimos meses do ano passado, sem que se veja uma solução a curto prazo. O governo federal, como é seu hábito, empurra com a barriga, para ver no que dá, mas nem o reconhecido e incontestável incompetente do ministro da Defesa Waldir Pires, ele consegue substituir.
Há mais do que suspeitas de malversações do dinheiro publico na Infraero (estatal que administra os aeroportos do Brasil) acontecidas durante a presidência de Carlos Wilson, hoje deputado federal PT-PE, tanto que a empresa está sendo investigada pelo Ministério Público, pela Corregedoria Geral da União, pelo TCU (Tribunal de Contas de União) e por duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito), na Câmara e no Senado. E, em todas essas investigações, o que está se descobrindo é a existência de fraudes em várias áreas da empresa. Essas fraudes vão da “mixaria” de R$ 4 ou 5 mil até centenas de milhões.
Quando morei em Belmonte (1990), Sul da Bahia, existia na cidade uma figura mais ou menos folclórica, o “Boquinha”, que resolveu ser candidato a prefeito. Fui a seu primeiro comício, só por curiosidade, para ver o que ele ia apresentar. O discurso foi inflamado, com centenas de promessas mirabolantes e no final ele disse que caso fosse eleito, não queria nem receber seu salário, se contentaria com os 15% de comissão dado pelas empreiteiras que estavam construindo a estrada ligando a cidade a Porto Seguro.
Quando terminou, ele ao ver-me perguntou o que achara de sua discurso. Fiz-lhe entender que o recebimento desse percentual era ilegal e dava cadeia.
- Então esse negócio de receber o por fora é ilegal? – perguntou assustado, pois não sabia.
Tal qual o folclórico Boquinha, tratando o ilegal como se fosse coisa corriqueira, que pelo hábito se torna legal, é o amoral ofício número 13017/DE/ 2007, endereçado ao presidente da Infraero brigadeiro José Carlos Pereira, vai assinado por Eleuza Terezinha Lopes (foto), diretora de engenharia da empresa, que assumindo o papel de porta voz dos engenheiro e arquitetos da entidade, diz ipsis literis: A conduta meramente persecutória dos auditores da Infraero tem servido apenas, para além de manter os engenheiros afastados de suas reais funções, dificultando ainda mais a resolução dos problemas investigado, deixá-los cada vez mais inseguros no cumprimento dos seus deveres funcionais”.
Quer dizer que segundo a obscena, amoral e desclassificada diretora d engenharia, os ladrões não devem ser atrapalhados em seu trabalho?
Tem razão o senador Demóstenes Torre (DEM-GO) presidente da CPI do apagão aéreo quando diz:
. "Vários funcionários fraudaram os contratos, superfaturaram obras e continuam com seus cargos. Esse pessoal precisa ir para a cadeia"
Ao que eu acrescento: “a começar por essa pulha e desavergonhada que atende pela nome de Eleuza. Cadeia nela!

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