10 de jul. de 2007

Os ruminantes do poder

Quando a família real veio fugida para o Brasil, D. João VI trouxe consigo seu querido amigo Patrício. Protegido pelo príncipe-regente que não só o paparicava como também obrigada que todos o paparicassem, Patrício viveu dias de glamour no Paço. Era odiado pelos colonos que fartos da limitada inteligência do príncipe-regente e da sua total inaptidão, Patrício se livrava de ameaças por causa das ameaças do príncipe-regente: quem fizesse algo contra Patrício estaria liquidado.
Não, Patrício não era um homem, era um boi que toda a gente do Paço sonhava ver assado e transformado em um belo churrasco. Mas ninguém ousava lançar uma só ameaça ao boi do Rei. Patrício assim viveu tranquilamente até que um dia morreu, com direito a enterro e lápide:
“Aqui jaz nesta mansão, o Patrício, ex-funcionário. Comer era sua obrigação, à custa do Real Erário.”
Como se vê, no Brasil nada se cria, nem mutretas.
Quinhentos anos se passaram e cá estamos nós, brasileiros, a sustentar a boiada do poder. Qual é a diferença? Apenas a tentativa de camuflar. Dom João VI se orgulhava do seu boi e não escondia que o povo sustentava os caprichos do seu amado Patrício.
Hoje a boiada se multiplicou, mas tentam escondê-la. Os bois de Renan Calheiros são superfaturados e foram revelados por acaso. O senador Joaquim Roriz faz empréstimo para pagar sua bezerra. Jaime Campos, desatento, se esqueceu da sua boiada na declaração de posses. Também pudera, são só 50 mil cabeças. (AV)

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