21 de jul. de 2007

Toc, toc, toc e Hiam

Por Alfredo Guarischi, médico RJ

Toc, toc, toc. O som poderia ser de passos apressados de quem iria encontrar-se com a pessoa amada. Que ainda não chegou. Que, infelizmente, não vai chegar. Tocar filhos, pais, avós, parentes ou amigos nunca mais.
A Rede Globo nos brindou com a imagem de um toc, toc, toc, obtido de maneira legal, através de uma janela aberta e bem iluminada. Faltou apenas o som, o que foi lamentável. Isto nos obrigou a ouvir explicações e não desculpas, como muitos desejavam, pois seria o “normal”. As explicações vieram com fortes acusações à parte da imprensa, que já teme a volta da censura. Travestida em roupagem caribenha, que tanto agrada aos “hermanos ditadores”, o populismo das republiquetas de bananas não tolera a alternância do poder democrático e a liberdade de imprensa.
O que assistimos neste toc, toc, toc mais parece o trote das bestas do apocalipse. Senti-me como fosse portador de algum tipo de transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Será que estou doente ou são eles os doentes. Não tenho obsessão pela simetria e alinhamento de pensamento, armazenar retóricas, marcar datas e repetir frases. Alguns membros do atual governo federal parecem ter estas obsessões. Mentem compulsivamente e continuam sem saber de nada. Nem Freud explica o dólar caindo sem parar, cuecas abaixo, bois do agreste valendo preços celestiais e milhões de reais sensatamente guardados em colchões ou paredes. Nunca neste país se viu tantos companheiros metidos em tantas confusões, que esta imprensa “marvada” cisma em mostrar. Será tudo ilusão? Já desmentiram fotos, filmes e gravações oficiais. Algumas pessoas com TOC não notam nada de anormal com elas e têm prazer em explicar porque suas ações “são racionais”. É impossível convencê-las do contrário. O problema pode ser genético, mas pode ser pela influência que um membro ou companheiro exerça sobre os outros – a chamada aprendizagem social. TOC não tem cura, mas deve ser tratado com modernidade, sem golpes ou camisa de força.
Que Deus seja misericordioso. Que esta anunciada tragédia aérea, resultante principalmente de uma série contínua de desmandos e erros estruturais, nos guie para longe da incompetência de alguns dos atuais detentores do poder sobre o estado. Estes dirigentes são desprovidos da sensibilidade dos estadistas. Uma pequena parcela dos poderes da nação, nos seus diversos níveis, apesar de legitimamente investida, permanece em falta de sintonia com a probidade e responsabilidade que a população lhes conferiu.
Peço um longo minuto de silêncio – eticamente ensurdecedor - em repúdio a este sórdido toc, toc, toc de autoritarismo e anacronismo. Não basta ganhar eleição. É fundamental assumir a responsabilidade por decisões tomadas, pelos erros cometidos e procurar ouvir a voz dos que ainda estão calados. Não basta ser governo é preciso governar, senão: “hiam”, como fez o assessor.

3 comentários:

PapoLivre disse...

Satisfação em rever escrito de Guarischi em P&P. Seu texto é agradável e de fino humor, bem no trejeito carioca. Tudo de bom Guarischi, vida longa.

Anônimo disse...

Porque voces jornalistas,as vezes, tem receio de falar toda a verdade??? Porque não divulgam que o assessor Bruno Gaspar é de fato, Bruno Gaspar Garcia, filho de Marco Aurélio Garcia?????
Filho de peixe....Igual ao dono, portanto não foi roubado....

Anônimo disse...

Não vi o que vc vou....só vi um oportuno "fudeu", quem falou em comeração foia Globo....e não é que pegou.